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quarta-feira, 18 de outubro de 2017


O saudoso Cândido de Oliveira deixou para a posteridade uma frase que define tudo: um treinador passa de bestial a besta muito rapidamente. Que a entrada de José Sá para o lugar de Iker Casillas, num jogo de Champions e de elevadíssimo grau de dificuldade, foi uma das maiores surpresas dos últimos tempos, foi, disso não restam dúvidas. Resumir tudo ou quase tudo sobre o mau jogo portista na noite de ontem à troca de guarda-redes, não me parece uma análise correcta. A ser assim, teria de fazer o mesmo acerca da derrota do F.C.Porto frente ao Besiktas, onde Iker comprometeu mais do que Sá em Leipzig. Mas se compreendo que a troca já seria motivo para falatório, mesmo com um resultado positivo, seja muito mais com um resultado negativo, acho que não perceberíamos nada do que aconteceu na Alemanha, se nos focássemos apenas numa alteração, por muito polémica que ela tenha sido.
Não, o F.C.Porto perdeu, repito, porque fez um mau jogo, nunca foi a equipa coesa, compacta, dinâmica, organizada e com qualidade de jogo que foi no Mónaco ou em Alvalade que tinha de ser no confronto com um adversário que foi ontem muito superior - veremos no Dragão o que vai acontecer, se foi apenas uma noite que correu mal ou os vice-campeões da Alemanha são de facto melhores. Há ali algumas debilidades que num dia normal do F.C.Porto podem e devem ser exploradas. O lado esquerda da defesa alemã, em particular. Nunca houve Marega, notoriamente um dos mais fragilizados fisicamente.  
Tenho para mim que enfrentar um adversário deste nível, após uma pausa para as selecções,  com tudo o que isso significa - viagens longas e cansativas, alterações de hábitos, perda de enfoque e de concentração, pouco tempo de preparação -, também teve uma influência notória neste Porto abúlico, lento a pensar e a executar, incapaz de mostrar algum do futebol que já apresentou esta época. Isto, mesmo quando as circunstâncias do jogo até o favoreceram - empatar sem ter feito nada para isso, marcar um golo quase em cima do intervalo que relançou o jogo, também sem ter feito muito, idem aspas.
O jogo com o Lusitano, apesar da forma séria como foi tratado e da atitude colocada em campo, não tem a exigência que, por exemplo, teve o jogo do Leipzig em Dortmund, com as vantagens e os estímulos daí derivados.
 
Dito isto, seria péssimo que de repente passássemos novamente para um estado de depressão, colocássemos tudo em causa, quem era bom ontem, hoje já não presta, etc. Mas não é crime apontar erros e defeitos, procurar dentro da objectividade possível dizer o que esteve mal.
Sérgio Conceição após a primeira derrota na Champions teve a capacidade de reconhecer erros, alterar, corrigir e a equipa melhorou, correspondeu com exibições e resultados que até não deixaram de surpreender quem depois do jogo frente aos turcos do Besiktas, torceu o nariz às possibilidades portistas na Champions League. Acho que o jogo de ontem também para ele foi uma lição - já ouvi tanta coisa sobre a saída de Casillas e entrada de José Sá que não vou contribuir para mais ruído. E porque está tudo em aberto e nós podemos lá chegar... acreditemos com toda a convicção.

Agora concentremo-nos no campeonato, primeiro e grande objectivo da temporada, façamos o que precisa de ser feito e para isso não podemos ficar a chorar sobre o leite derramado. Temos de continuar a apoiar, manter este mar azul de  paixão - a foto principal tinha de ser de homenagem a todos os que foram à Alemanha e espalharam pelas suas praças e no belo Arena de Leipzig todo o entusiasmo e fervor clubístico. E segundo consta, tudo de forma ordeira e no mais salutar convívio -, a chama bem acesa.
Casa cheia com o Paços de Ferreira é importantíssimo.

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