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quinta-feira, 17 de setembro de 2009



Havia muitos assuntos para tratar: o artigo da Semenaya portuguesa; a UEFA que voltou atrás e retirou o castigo de 2 jogos a Eduardo, em contraponto com o que fez a Liga a Lisandro na época passada - obrigado Caetano pela dica; mais uma declaração intelectualmente desonesta de Paulo Chorão Bento; a reacção do F.C.Porto ao caso do Delegado que disse a Liga, falsificou o relatório. Mais vale tarde que nunca...mas, compromissos são compromissos e assim, hoje temos o serviço público portista - 3º fascículo da História do F.C.Porto - e a "Caravana da saudade" em colaboração com o Armando Pinto.

"Caravana da saudade"


"Como aqui há pouco tempo referi num comentário, que teve correspondência de imediato, tive oportunidade por estes dias de adquirir um livro antigo sobre o F. C. Porto, particularmente de uma digressão de espírito sentimental efectuada através da equipa principal do nosso clube, levando um pátrio abraço clubista à comunidade portuguesa de África, corria o ano de 1949 – no tempo de presidência do Dr. Miguel Pereira.

Esse livro, escrito por Delfim Pinto da Costa e publicado em 1950 em edição do próprio autor, gravou assim à posteridade essa viagem da referida embaixada portista, num exemplo que hoje em dia não acontece, descrevendo pormenorizadamente todas as ocorrências e peripécias, numa «crónica da viagem do Futebol Clube do Porto a Terras d’África» entre 11 de Julho a 8 de Setembro de 1949. Sendo este exemplar, ainda em bom estado, que agora possuímos, um precioso documento (comprado, por correio, a uma livraria antiquária de Lisboa), não se sabendo contudo de quem foi pertença por não ter qualquer assinatura, nem de posse nem de dedicatória, embora naturalmente, pelo seu tempo de existência, tenham sido muitas as mãos que entretanto o desfolharam. Teve prefácio lavrado pelo Padre Marcelino da Conceição (um grande Portista, de que ainda lemos referências na nossa infância, quando começamos a seguir a vida do FCP pelo jornal O Porto), e narra todas as curiosidades relacionadas, desde a saída da cidade do Porto para Lisboa, pela Estação de São Bento até à do Rossio (metendo então visita ao jornalista Rodrigues Teles, escritor da pioneira História do F. C. Porto), seguindo depois rumo no barco “Império” que transportou a nossa delegação metropolitana. Correspondendo ao «arroubo de patriotismo com que de Angola chamaram o Futebol Clube do Porto para lá ir jogar», tendo passado ainda pelo Congo Belga, terra que também fora antes portuguesa (coisas da História Lusa…), como que deixando aí o mar de separar tanta gente nutrida pela mesma corrente de laços entrelaçados. A cujas recepções os nossos heróis levaram distintivos dourados e de diamantes do F. C. Porto, para ofertas de cortesia.

Por esse relato escrito sabe-se que tal embaixada azul e branca, transportada por barco até essas terras d’além-mar, era constituída pelos directores de então Carlos Nunes, Dr. Cesário Bonito e Delfim Pinto da Costa, além de como convidado ter ido também João de Almeida Campos (do Governo Civil do Porto), sendo treinador Alberto Augusto, massagista Francisco Gonçalves e jogadores Valongo, Chico, Alfredo, Carvalho, Joaquim, Romão, Lino, Freitas, José Maria, Gastão, Diogenes, Fragata, Sanfins, Araújo, Pinto Vieira, Graça e Virgílio (que se juntou mais tarde aos colegas, ido de avião, pois ficara na metrópole por dificuldades levantadas pelo serviço militar… embora mais tarde suplantadas parcialmente; o que não aconteceu com Carlos Vieira, que se viu impedido e teve de ficar no país continental, por não lhe ter sido concedida licença militar, tal como, mas civilmente, ocorreu com Eduardo Vital por não ter conseguido licença do seu emprego… por, como funcionário público, não ter havido “autorização federativa para poder jogar”). – O costume, dos aziados de sempre!

Era a primeira grande viagem duma equipa portuguesa, por tanto tempo e envolvendo importante representatividade. Na chegada, a Angola, ficou então famoso o grito da multidão à chegada: «Lá vem o Porto!»

Durante a estada em terras afro-portuguesas, por entre grandes viagens e digressões pelos mais variados percursos e poisos (incluindo transportes aéreos locais e comboio expresso, pelas longas distâncias), o F C Porto jogou inicialmente com o F. C. Luanda, vencendo por 10-2; seguindo-se sempre com vitórias, sucessivamente, com a Selecção de Huíla, por 8-2; Sel. de Lobito, 4-1; Grupo Desportivo Ferrovia, de Nova Lisboa, 3-0; Sel. de Nova Lisboa, 6-0; Sel. de Benguela, 9-2; Sel. de Pool (Leopoldevile e Brazavile), 4-2; Sel. de Luanda, 6-3; Ferroviário se Luanda, 7-1; e Benfica de Luanda, 7-1; trazendo assim na bagagem muitos galhardetes, salvas de prata, medalhas, livros, bibelots de marfim, elefantes de ébano e valiosas taças, com destaque para as “Associação de Futebol de Lubango”, “Festas da Cidade do Lobito”, “Romeu Galiano”, “Salvador Correia”, “Magro Romão”, “Padrão do Zaire” e “Companhia Velha”. Quando, à despedida, a população indígena, vitoriando os seus ídolos, deixou escapar desconsolo noutra aclamação, gritando: «Lá vai o Porto!»

Muitas preciosidades recordatórias encerra este livro, ao longo das suas 154 páginas de escrita interessante, exarando narrativas de «tal torvelinho em que vivemos durante dois meses…» (como descreveu o dirigente-escritor em apreço), não sendo obviamente aconselhável alongar mais estas considerações, para não tornar demasiado extensa a exposição. Restando dizer que com trabalhos destes se ficam a conhecer importantes detalhes da nossa História. Como, no caso, daqueles «pedaços do (ex-) Portugal Africano, por onde (naqueles idos de 49) passearam as camisolas azuis-brancas… Um sonho que ficou para lá do oceano…»

Armando Pinto

Como não sou desses tempos, o Armando também não e não indica quem é quem, se alguém souber dizer os nomes dos jogadores e em que posição na foto se encontram, a gerência agradece.

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