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quarta-feira, 30 de março de 2011




E a última em que não ganhamos nada. Daí para a frente e até aos dias de hoje, não houve uma única época que não tivessemos ganho qualquer coisa... - refiro-me, como é óbvio, exclusivamente ao futebol sénior, no futebol jovem e nas modalidades, sinceramente não me lembro, mas nem fui ver. Não era importante para o objectivo do post.

Em 1987/88 e sob o comando de Tomislav Ivic o F.C.Porto tinha feito uma temporada fantástica e das cinco provas que disputou ganhou quatro: Campeonato - com 15 pontos de avanço para o segundo, no tempo em que as vitórias valiam dois pontos, o que significariam agora 25 pontos -, Taça de Portugal, Supertaça europeia, Taça Intercontinental e perdeu a Taça dos Campeões, numa eliminatória muito disputada frente ao Real Madrid e decidida nos pormenores - em Valência estivemos a ganhar 1-0 e perdemos 2-1, nos últimos cinco minutos e de forma dramática; e nas Antas também estivemos a ganhar 1-0 e na segunda-parte, duas jogadas iguais de Llorente, com passes para Michel fazer golo, deram a volta ao resultado.

Apesar da excelência da temporada Ivic era um mal amado. Primeiro, porque o futebol não era muito atractivo e embora marcassemos muitos golos, era um futebol de contra-ataque - agora chamado de transições rápidas! - que não agradava à exigente plateia das Antas. Depois, porque Ivic teve a ousadia de dizer que Fernando Gomes, ídolo dos portistas, estava "finito".
Com a saída do técnico croata chegou ao F.C.Porto um deslumbrado Quinito, que logo foi fazendo declarações atrás de declarações, muito bonitas, empolgantes até, mas que na prática não levaram a nada. Se para Ivic, Gomes era "finito", para Quinito era Gomes e mais dez. Começamos logo por perder a Supertaça frente ao Guimarães: derrota por 2-0 na cidade berço e empate 0-0 nas Antas. E com Quinito, assisti, na Luz, ao maior banho de bola que o F.C.Porto levou em casa do clube do regime. Empatamos, 0-0, mas podiamos ter perdido por muitos, apenas fizemos um remate à baliza, por Geraldão e quase do meio-campo.

O treinador em vez de reflectir sobre a pobreza da exibição, continuou deslumbrado, veio dizer que os seus campeões estavam tristes, queriam ter ganho. Não tirou nenhum tipo de consequências dessa péssima exibição, continuou nas núvens, teve azar. Logo na quarta-feira seguinte fomos à Holanda, jogar frente ao PSV e perdemos 5-0. Mesmo tendo ganho cá por 2-0 fomos eliminados e a vida de Quinito começou a andar para trás. A pressão aumentou, ele não aguentou e saiu. Entrou Artur Jorge. As coisas melhoraram, mas o que nasce torto tarde ou nunca se endireita. Artur herdou um grupo com vários jogadores em final de carreira, habituados às baldas de Quinito - fui testemunha presencial disso, ninguém me contou - pouco motivados e que pareciam cansados de vitórias. Foi complicado, mas era preciso salvar a época, levar o barco até ao fim e depois mudar.

Pelo meio, fomos eliminados da Taça, pelo Belenenses, em Lisboa, com um golo em que a bola não entrou na baliza. Tudo nos aconteceu, não ganhamos nada e como corolário dessa época para esquecer, ou lembrar, conforme queiram, houve aquilo a que na altura se chamou "limpeza de balneário", com vários jogadores, como por exemplo, Gomes, Vermelhinho, Sousa, Frasco, Lima Pereira, Eduardo Luís, Quim, Jaime Pacheco, etc., a deixarem o clube.
A normalidade voltou e na época seguinte, ainda com Artur Jorge ao comando, voltamos a ganhar o campeonato, um feito, atendendo à revolução que tinha sido feita no defeso.
Mas e voltando atrás, a época 1988/1989 tinha começado com duas transferências do Benfica para o F.C.Porto, Rui Águas, filho de um antigo capitão e glória do clube do regime, José Aguas - uma traição!, gritou-se na Luz - e Dito, como resposta do F.C.Porto à transferência de Ademir Alcântara, do Guimarães para o Benfica, quando Pinto da Costa tinha tudo acertado para o jogador vir para o F.C.Porto.

Foi o fim da picada, caiu o Carmo e a Trindade, os vermelhos cortaram relações com os azuis, Pinto da Costa foi apelidado de tudo e até teve direito a música, quando os Dragões jogavam na "catedral" - há quem lhe chame outra coisa, mas eu não vou por aí. Rui Águas foi um bom profissional ao serviço do F.C.Porto. Pena que depois, esquecendo tudo o que conseguiu com a vinda para a Invicta, para limpar a face e recuperar a aura junto dos benfiquistas, tenha feito declarações lamentáveis contra o clube que lhe proporcionou uma melhoria de condições financeiras, que nunca conseguiria, se tivesse ficado na Luz.
Ah, para finalizar, foi também, a época em que Baía se estreou na baliza do F.C.Porto, em Guimarães, empate a um.
Foi, sem dúvida, uma temporada de muitas e variadas peripécias, não estão aqui todas, mas estão as suficientes para se perceber o porquê de nessa época não ganharmos nada...
Daí para a frente, já lá vão mais de vinte anos sempre a facturar...

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