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quarta-feira, 2 de outubro de 2013


- Caro Paulo Fonseca, vi-te no sábado passado na inauguração do fantástico Museu F.C.Porto by BMG. Acredito que nem precisasses de ver toda aquela grandiosidade para conheceres a História riquíssima do F.C.Porto, mas deixa-me dizer-te algumas coisas sobre o Dragão dos últimos trinta e poucos anos. 
Sempre fomos um grande clube, com muitos sócios, muitos adeptos, muitos títulos e em várias modalidades. Mas se na principal modalidade, o futebol, atingimos uma dimensão interna e externa, para além do sonho, foi porque os Homens sem sono, liderados por Jorge Nuno Pinto da Costa, tiveram ambição, coragem sem limites, ousaram, lutaram, derrubaram todos os obstáculos até o F.C.Porto passar a ser o melhor clube português e um grande também na Europa - nos tempos da televisão a cores, das novas teconlogias e da globalização. O lema foi: a sorte protege os audazes. A quem treina o F.C.Porto não se pede menos do que isso. Foi isso que fizeram, principalmente aqueles que para além de ganharem - ganhar, muitos, quase todos, ganharam... -, deixaram uma marca que perdurará, estão lá mais em cima, estão na galeria dos notáveis. Esses, meu caro Paulo, eram activos e não passivos; anticipavam acontecimentos e não reagiam aos acontecimentos; com esses nem sempre ganhavamos, mas raramente saíamos do estádio com a sensação que não tínhamos feito tudo para ganhar. Ontem, mesmo que nestes jogos frente a equipas fortes, poderosas e de campeonatos com outro ritmo e intensidade, a desilusão não seja tão grande, como os maus resultados nas competições internas, saí com a sensação que tu não tentaste tudo para que o resultado fosse outro. Se naquela belíssima meia-hora só tinhas de estar quietinho, a equipa estava a fazer tudo o que devia, quando as coisas se começaram a complicar, meu caro Paulo, aí foste passivo, não agiste, não tiveste capacidade para antecipar, não arriscaste nada. As tuas substituições parecem retiradas do catálogo que é produzido antes do jogo. Mesmo a entrada de alguém que, deves achar, tem poderes sobrenaturais, é capaz de resolver em dois ou três minutos, aquilo que a equipa não resolve em noventa, como é o caso de Ghilas. Depois do golo de Godin, o Atletico contente com o empate e o F.C.Porto novamente por cima e a dominar; Jackson a dar imenso trabalho à defesa colchonera, a ganhar bolas; Fernando e Defour consistentes e a tomarem conta do meio-campo, dando garantias para a equipa atacar; porque não entrou o ponta-de-lança argelino, com o objectivo de aproveitar os espaços criados por Cha Cha Cha, as segundas bolas, eventuais ressaltos? Porque não meteste a carne toda no assador? Porque não ousaste? Porque não tentaste o momento que distingue os muito bons, dos apenas bons ou suficientes? Até podes achar que no final do jogo, todos acertam, é como fazer o totobola à segunda-feira, mas já não é a primeira vez que isto acontece e é pena que continues a cometer os mesmos erros. É uma carta pela positiva e que termino, dizendo o seguinte:
Nada está perdido, dependemos apenas de nós, mas é a hora de te libertares, mudares de paradigma. Já aqui disse que gosto de pessoas determinadas e com convicções, mas não gosto de teimosos que só páram quando batem contra o muro.
Ah, meu caro Paulo, nem sempre as mesmas receitas resultam em situações diferentes. Às vezes os paladares mudam e é preciso alterar os condimentos, fazer outros pratos.

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