terça-feira, 30 de setembro de 2014
Era o jogo mais difícil de todos os que o F.C.Porto disputou até ao momento. Frente a uma equipa do Shakhtar bem orientada, bem entrosada, experiente e recheada de bons jogadores, Lopetegui voltou a surpreender. Se na defesa nada de novo, Fabiano - com Andrés no banco... portanto, os realizadores tiveram de guardar as câmaras e mudar o enredo -, Danilo, Maicon, Martins Indi e Alex Sandro; no meio-campo, sem Casemiro, o treinador dos Dragões e quando todos esperavam Rúben Neves, trocou a juventude por um jogador com muita Champions nas pernas e fez avançar Marcano; colocou-lhe ao lado Herrera, com Óliver, Brahimi e Tello mais à frente no apoio a outra entrada inesperada, Aboubakar no lugar que todos achavam que ia ser de Jackson. Se Lucescu disse que sabia tudo sobre o F.C.Porto, Lopetegui tentou dar-lhe volta. Não se pode ser peremptório num sentido ou outro, quando como se fosse pouco falhar golos e até um penalty, ainda se oferecem dois golos de forma inacreditável. Mas esta equipa tem alma, tem carácter, acreditou até ao fim e conseguiu in-extremis um resultado positivo. Mas fica a sensação que merecia mais
Foi uma primeira-parte de grande nível.
25 minutos complicados para a equipa de Lopetegui, frente a um Shakhtar compacto, pressionante, rápido a conquistar a bola, criativo e desequilibrador no último terço, com Taison, um perigo constante, a dar muito trabalho ao lado direito da defesa portista, o mesmo acontecendo com Srna pela esquerda. Com mais ou menos dificuldades o conjunto português aguentou o nulo e depois desse período difícil, acalmou, começou a ter posse, a circular bem, equilibrou e de seguida passou a dominar. E foi quando estava bem por cima, com os ucranianos baralhados e incapazes de sair de trás, que o conjunto de Lopetegui teve uma grande chance para marcar, chegar ao intervalo em vantagem: penalty claro sobre Brahimi - já antes tinha havido outro que o árbitro turco não assinalou - que o argelino falhou, atirando muito denunciado e permitindo a defesa do guarda-redes Pyatov. Incrível! Continuamos falhar penalties em jogos muito importantes e em que as oportunidades são raras.
Assim e resumindo, se os ucranianos entraram fortes e o F.C.Porto sofreu, na parte final dos primeiros 45 minutos foi ao contrário. Tudo somado, atendendo a que a grande possibilidade de chegar ao golo foi do conjunto de Julen Lopetegui, talvez a vantagem mínima assentasse bem aos portistas.
Mais uma nota sobre a etapa inicial:
Não podemos, em cantos a nosso favor, perder bolas perto da área adversária e permitir contra-ataques em que ficamos em inferioridade númerica atrás. Não teve consequências, porque faltou melhor definição mas aconteceu por duas vezes.
Na segunda-parte entramos bem, tínhamos o jogo controlado, mas sem o Shakhtar ter feito nada para chegar à vantagem, o F.C.Porto, através de Óliver, resolveu oferecer um brinde, perdeu a bola numa zona perdida e golo. Foi um murro que o conjunto azul e branco não merecia, que deixa qualquer equipa por baixo, mas os rapazes de Lopetegui deram mostras de uma grande determinação, foram capazes de reagir. O treinador fez entrar Jackson e Quintero para os lugares de Aboubakar e Marcano, a equipa soltou-se, foi à procura do prejuízo, merecia chegar à igualdade, mas não chegou e já na parte final, como se um brinde fosse pouco, Maicon resolveu oferecer outro e Shakhtar com dois golos de vantegem, sem ter feito nada para estar a vencer por um, quanto mais por dois. Faltavam cerca de 6 minutos mais os descontos para o fim, tudo parecia perdido. Só que a esta equipa pode-se acusar de muita coisa, mas não se pode acusá-la de não trabalhar, dar tudo. E foi assim, apelando a tudo, ao espírito e ao carácter que tem dado provas sucessivas, o F.C.Porto conseguiu chegar ao empate já ao cair do pano, colocando alguma justiça no resultado. E digo alguma justiça, porque o F.C.Porto merecia ter ganho.
Inchem porcos, mas não rebentem. Ainda não é o momento.
Notas finais:
Gostei de Aboubakar, muito generoso, muito rápido a ir para os espaços e para a baliza. Faltou-lhe mais apoio.
Também voltei a gostar de Marcano. Depois de se mostrar fiável a central, o espanhol mostrou também que pode desenrascar bem a médio. Sabendo que pode ainda ser lateral, estamos na presença de um excelente jogador e uma magnífica aquisição.
Hoje ficou a saber-se que os bielorrussos do BATE Borisov são tão fraquinhos, tão fraquinhos que ganharam com o Athletic.Bilbao...
Estamos na liderança do grupo, vencemos em casa e empatamos fora, estamos no bom caminho para atingir o objectivo de chegar aos oitavos-de-final.
E voltamos a sair da Ucrânia sem conhecer o travo amargo da derrota.