O jogo de ontem confirmou: no Dragão o F.C.Porto pode bater-se pela vitória mesmo frente às melhores equipas do Mundo. Uma segunda-parte notável, do melhor que vi no belo anfiteatro do F.C.Porto, a remeter-me para a época 2003/2004 e para o F.C.Porto - Manchester, sendo que este Chelsea é bem melhor que a equipa na altura treinada por Sir Alex Ferguson. Apenas nos minutos finais e numa reacção natural, a equipa de José Mourinho esteve por cima, podia ter empatado, mas seria uma grande injustiça para o conjunto de Lopetegui e também para os mais de 40 mil Dragões que tiveram um comportamento exemplar. Foi, pois, mais uma grande noite europeia, daquelas que trazem prestígio e colocam o F.C.Porto, mais uma vez, em destaque no mundo do futebol. Estamos felizes, orgulhosos, mas não eufóricos nem embandeiramos em arco. Porque não é o nosso estilo, porque o passado recente nos obriga a ser cuidadosos. Em condições normais esta vitória daria uma tranquilidade e uma confiança inabalável para o futuro, mas como Dragão escaldado de água fria tem medo, cautela e caldos de galinha...

Julen Lopetegui disse ontem no final do jogo: "O F.C.Porto tem sempre a mesma atitude e não se pode duvidar da atitude dos meus jogadores"; "Temos uma enorme vontade de ganhar cada jogo. Por vezes, as coisas não correm bem, comentem-se erros, mas a vontade dos rapazes é indiscutível".
O treinador do F.C.Porto saiu a terreiro na defesa dos seus jogadores, acho muito bem que o faça, só lhe fica bem. Mas e a título de exemplo, ontem, mesmo em vantagem e frente a uma equipa poderosa, nunca o F.C.Porto recuou para segurar a vantagem, nunca se entreteve a trocar a bola cá atrás, pelo contrário, procurou sempre marcar, chegou a encostar os ingleses às cordas e a defenderem-se de qualquer maneira, meteu muito gente na frente, criou chances mais que suficientes para não ter de passar pelo sofrimento daqueles minutos finais. Aqui, repito, mérito no Chelsea que como grande equipa que é, procurou com tudo o golo do empate nos minutos finais. Como explicar então Moreira de Cónegos e em particular aquela primeira-parte? Na segunda, não jogando bem, longe disso, a equipa teve mais vontade, mais determinação, mais oportunidades para marcar. É óbvio que depois de chegar à vantagem ao minuto 83, custou muito sofrer o golo do empate e perder 2 pontos, mas aí foi por desorganização, desequilíbrios e não falta de atitude.

Não sei se se lembram, mas em Março deste ano fiz um post com o título:Mentalidade Champions versus mentalidade campeonato, onde procurava explicações para o comportamento diferente da equipa do F.C.Porto nas duas provas. Esta temporada, quer queiramos quer não, mesmo que a mensagem de dirigentes e técnicos, seja que a grande prioridade é o campeonato, continua a haver um Porto para consumo interno e outro para consumo externo. E não vai ser fácil mudar essa motivação e essa maior apetência pela visibilidade que dá a prova rainha da UEFA e a competição entre clubes mais importante do Mundo. Também não nos podemos esquecer que sendo o F.C.Porto um clube de Champions e dos que conta com o maior número de participações; com um modelo desportivo que assenta nas receitas da Champions; muitas vezes só conseguimos cativar determinados jogadores graças a essa participação - várias vezes acima da média e com grandes resultados desportivos; é natural que no subconsciente dos profissionais do F.C.Porto seja a Champions a prioridade.
Mudar esta mentalidade, incutir nos jogadores - não em todos...- que temos de encarar todos os jogos com a mesma atitude e o mesmo espírito, é o grande desafio que se coloca a todos no F.C.Porto. Como disse no post de ontem, metade daquele Porto que derrotou o Chelsea, chega e sobra para a grande maioria dos jogos em Portugal.

Notas finais:
A FPF não esteve ontem no Dragão, nunca está, por exemplo, na fase de qualificação para o Euro 2016, mais os particulares, andaram sempre longe do Porto. Portanto nada de novo, não admira que prefiram outras tribunas. Fernando Gomes também não é uma surpresa, é mais um portuense e portista deslumbrado pela capital do império falido, que esquece as raízes, o clube a quem deve tudo. A desculpa que a FPF esteve representada no F.C.Porto - Chelsea, por um vice-presidente, Elísio Carneiro, é curiosa. Quem conhecia o senhor?

O BATE Borisov a tal equipa fraquinha, fraquinha, pior que o Astana, ontem ganhou à Roma. Como é possível? Na época passada jogavam de chancas e passado um ano já cometem uma proeza destas? E ainda por cima estamos em Setembro, não há frio nem neve em Borisov...

Se eu não tivesse visto o jogo de ontem e apenas visse o resumo que a querida RTP transmitiu no Jornal da Tarde, até era levado a pensar que o resultado foi um a grande injustiça para os londrinos, quando o F.C.Porto ganhou com toda a justiça. A propósito, ouvindo o Zé Mourinho dizer que tudo se resumiu a dois erros ridículos dos seus jogadores, até parece que o F.C.Porto esteve sempre encolhido, não jogou nada, beneficiou da sorte do jogo.
- Tu sabes que não foi nada disso, pois sabes, Zé?

Várias vezes Paulo Teixeira Pinto bicou Lopetegui por não apostar desde já em André Silva. O jovem ponta-de-lança do F.C.Porto foi vítima de uma entrada que o arrumou por várias semanas, pois PTP nem uma palavrinha sobre o assunto deixou nos seus artigos de sexta e sábado.

Confesso que ontem no F.C.Porto-Chelsea a contar para a Youth League, quando aos vinte e poucos minutos o F.C.Porto perdia por 0-3, temi o pior... mas a reacção da equipa de António Folha foi extraordinária, chegou ao empate e podia ter ganho no fim. Parabéns!