quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
Quando recebi um SMS de um amigo, muito preocupado com o onze inicial, fui ver qual era e porque já cá ando há uns aninhos e sabia que se corresse mal ia ser o bom e o bonito, achei que devia colocar a equipa na caixa de comentários e acrescentar algo, antes do jogo... diferente de alguns que antes ficaram calados à espera do que ia acontecer e no fim, todos lampeiros, bateram forte e feio. São os que fazem prognósticos no final dos jogos e acertam sempre. Não é e nunca será a minha forma de ser portista, enquanto o tasco estiver aberto e porque o dono do tasco sou eu, este é o caminho, quem não gostar que vá dar uma volta ao bilhar grande.
Já vi o F.C.Porto ganhar jogos importantes com equipas que à priori me levaram a dizer, este gajo está maluco, já vi grandes barracadas com equipas sem discussão, totalmente consensuais. Assim, para mim, quando as estratégias não resultam, culpa de quem as gizou e de quem escolheu os interpretes para as executar, mesmo que se possa dizer que não há estratégia que resista a um golo daqueles e logo aos 12 minutos. Portanto, pode-se culpar Lopetegui, mas dizer que foi porque o F.C.Porto entrou com aquele onze que não ganhou, é excessivo, não houve tempo para ver se a estratégia e o onze iam ou não resultar. Mas a bola entrou, o golo entrou e como pouco tempo depois o Dínamo se colocou em vantagem, o F.C.Porto precisava no mínimo de dois golos para seguir para os oitavos-de-final, era preciso fazer alguma coisa, mudar estratégia e interpretes. Lopetegui não o fez, nem ao intervalo mexeu, só mexeu a perder por dois golos de diferença. Demasiado tarde e aqui sim, razões para criticar o treinador do F.C.Porto, devia ter sido mais ousado. Também quando se diz, vamos a Inglaterra para fazer história, eu acredito que isso significa uma convicção forte, crença, uma vontade indomável, capaz até de levar à transcendência, por parte de todos. Quando durante o jogo, salvo uma ou outra excepção, não se vê nada disso, assiste-nos razão para criticar, porque defraudaram claramente as nossas expectativas. Finalmente, quando não nem se atingem os objectivos mínimos, no caso passar á fase seguinte da Champions, podemos e temos o direito a apontar o dedo. Dito isto e para que fique claro: Lopetegui tem culpas, obviamente, como culpas têm os jogadores, mas reduzir todas as culpas do que se tem passado nos últimos anos no futebol dos Dragões, apenas ao(s) treinador(es) e jogadores é redutor, para mim há muitas coisas a acontecer no F.C.Porto com as quais não me identifico nada. Já aqui fui apontando algumas, não preciso de baixar o nível nem faltar ao respeito às pessoas para dizer que não me revejo neste F.C.Porto silencioso, acomodado, sem alma e sem chama, onde os inimigos de ontem e que ninguém tenha dúvidas, serão os de amanhã, são os amigos de hoje.
Ainda a propósito do treinador(es), não fui eu nem os sócios ou adeptos do F.C.Porto que escolheram o actual treinador, como não escolheram os anteriores. Portanto, não é a eles que compete analisar e decidir quais as decisões a tomar, muito menos pressionar da forma como aconteceu ontem no aeroporto, insultando Lopetegui, protagonizando um espectáculo que os inimigos do F.C.Porto e são muitos, adoraram. Aliás, nesta matéria de treinadores, até estou muito à vontade, o meu comportamento tem sido sempre coerente. Quando o blog foi criado Jesualdo já era o treinador, não era particular fá do Professor, mas nunca exigi a sua saída a meio da época, sempre o tratei com respeito, nunca permiti que o abandalhassem quando as coisas correram mal. Compreendi a opção por Vítor Pereira, defendi-o com unhas e dentes, porque sempre tive consciência do que é substituir um treinador que ganhou tudo e ter de lidar com jogadores endeusados e armados em grandes vedetas. Não concordando com a opção Paulo Fonseca, disse o porquê na altura própria, apesar disso, não gostei de ter razão, o meu comportamento em relação ao actual técnico do S.C.Braga, foi o mesmo que tive em relação aos seus antecessores. Já sobre o actual técnico, foi para mim e creio que para todos, uma grande surpresa. O único que torci e muito, para que fosse o escolhido, foi Villas-Boas. O agora D.Sebastião de alguns portistas - a lata de alguns é extraordinária. Conheço um que arrasou e insultou Paulo Fonseca e agora até já o quer no lugar de Lopetegui -, não defraudou as minhas expectivas, viria depois a borrar a pintura, mas tratei disso na altura devida, não vale a pena recordar pecados velhos... dele e de quem dirige o clube, de que o melhor exemplo foi a inenarrável da Gala dos Dragões de Ouro 2011.
Concluindo: as responsabilidades de quem é quem no F.C.Porto, para mim estão bem hierarquizadas e por isso não entro no coro dos que dizem, Lopetegui para rua! Oxalá todos os problemas que afectam o meu clube se resumissem à saída do treinador basco. Isso está muito claro no meu pensamento. Mas tenho consciência que no F.C.Porto, mais que em qualquer outro clube, quem perde é sempre o treinador. Lamento que desta matéria o F.C.Porto esteja a regredir muitos anos. Bastaria ter presente as lições que os anos sessenta e princípio dos anos setenta do Século passado nos deixaram, para concluir que quando se começa a entrar por um caminho de que nenhum treinador serve... é porque o mal é mais profundo que a competência ou falta dela, de um treinador.