Jogo frente a um adversário muito difícil e muito importante para o futuro do F.C.Porto na Champions League. Como disse no post de antevisão, uma vitória significaria um grande passo em frente rumo aos oitavos-de-final; um empate, um atrás; uma derrota, dois, com a agravante de até a continuidade na europa do futebol poder ficar em risco. Disse também que o jogo com os alemães era um daqueles que exigia um Porto ao mais alto nível. Não foi um Porto Vintage, se isso significar uma qualidade excepcional e os primeiros 45 minutos foram muito complicados, mas em carácter, na atitude e no espírito de sacrifício, hoje verdadeiramente à prova de bala, ou de red bul, se preferirem, aí, não tenho dúvidas, foi um enorme Porto.
Demos um grande passo em frente, mas tudo ainda está em aberto, até o Mónaco, último neste momento, pode apurar-se. Mas na altura própria falaremos disso, nesta altura mais que tudo é preciso recuperar e já no sábado é fundamental um ambiente de apoio como o desta noite. Com esse apoio fica mais fácil ultrapassar o cansaço de um jogo que deixou marcas.

Primeira-parte muito difícil do F.C.Porto, obrigado a sofrer muito. Num início de emoções fortes, lesão de Marega, Sérgio Conceição obrigado cedo a meter André André e mudar o sistema, golo de Herrera a dar uma vantagem ao F.C.Porto que não se justificava, ainda nenhuma equipa tinha feito nada para merecer um golo. Depois um Leipzig bom de bola e compacto, reagiu, pressionava alto e bem, contra essas qualidades dos alemães, raramente os azuis e brancos conseguiram ter bola, circular, sair para o ataque. Não é que os alemães tivessem grandes oportunidades de golo, mas dominavam, estavam claramente por cima do jogo, chegavam rapidamente e com perigo ao último terço. Num jogo assim, em que as dificuldades em ultrapassar a zona de pressão e sair daquele colete de forças alimentado a red bull em que o Leipzig colocou a equipa de Sérgio Conceição, era preciso jogar na profundidade, subir, tentar ganhar os ressaltos, bolas perdidas, não permitir que o adversário fosse o dono da bola e do jogo. Mas sem o homem com melhores características para isso - Moussa Marega já não estava -, o F.C.Porto, sofreu, foi preciso muito coração para aguentar a vantagem, chegar ao intervalo na frente do marcador.
Assim e como resumo: resultado injusto, o RB Leipzig foi melhor, não merecia ir para as cabines a perder.

Na segunda-parte, também sem ter feito muito por isso, numa jogada simples e finalizada com a facilidade que define a qualidade de um jogador, Werner, o Leipzig empatou, fez-se justiça. Bendito golo! Apoiado por um público extraordinário, o  F.C.Porto reagiu, soltou-se, transfigurou-se, arrancou para 45 minutos excelentes, com os 25 iniciais a serem extraordinários e que deixou o vice-campeão alemão atarantado, nem parecia a mesma equipa da primeira-parte, por indiscutível mérito portista. Era impossível aguentar aquele ritmo e aquela intensidade, Corona cedeu, entrou Maxi - curiosamente para a frente de Ricardo, Sérgio preferiu não mexer na defesa. Foi uma opção polémica, toda a gente esperava Maxi atrás e Ricardo mais à frente, mas resultou, Sérgio foi bestial desta vez -, o Leipzig habituado a outros andamentos, recompôs-se, muito pela categoria de Naby Keita, um craque, voltou a pressionar, era preciso aguentar. Fazendo apelo às poucas forças que lhe restavam e na parte final já com Diego Reyes no lugar Brahimi - não foi uma das suas melhores noites -, o F.C.Porto aguentou e ainda conseguiu fazer o terceiro, com esse golo não só garantiu a vitória, como ficou com a vantagem no confronto directo com a equipa alemã. Foi uma grande explosão de alegria, foi o descarregar toda a carga emocional de um grande jogo de Champions.
Concluindo: tudo somado, a vitória do F.C.Porto é justa, mas a diferença mínima ajustava-se mais ao desenrolar do encontro.

Notas finais:
O título do post diz tudo sobre o fantástico publico - claques, obviamente, deram o mote - do Dragão.

Uma palavra para Hector Miguel Herrera e só pode ser muito elogiosa.
Que enorme jogo fez o nosso capitão! O mexicano foi dos poucos que esteve a alto nível, não só no melhor período do F.C.Porto, mas durante o jogo todo.
Durante muito tempo não eras titular, entravas na parte final, mas nunca baixaste os braços, nunca tiveste uma palavra de queixume, continuaste a trabalhar, na primeira oportunidade que foste titular agarraste-a, neste momento és tu e mais dez.
Parabéns, Hector Miguel!!!

As equipas portuguesas que participam nas competições europeias, são vítimas de um campeonato em que jogos com este ritmo, intensidade e carga emocional, como o desta noite, contam-se pelos pelos dedos de uma mão e ainda sobram dedos.