quarta-feira, 19 de junho de 2019
Pedro Proença, reeleito como presidente da Liga, no discurso no acto de posse, disse querer um futebol português a dar um salto para a excelência.
Pergunto:
Como pode haver uma futebol português de excelência se há um verdadeiro estado lampiânico, um clube que se acha no direito divino de ganhar sempre, aos outros só está destinado o papel de estender a passadeira e prestar vassalagem ao clube do regime?
Como pode haver um futebol português de excelência se há uma comunicação social castrada e de cócoras, sempre pronta a bajular, extrapolar ou omitir ao saber dos interesses do clube do regime?
Como pode haver um futebol português de excelência se há um clube que através de uma originalidade tipicamente tuga, na era do VAR, transmite os jogos em casa no seu canal de televisão?
Como pode haver um futebol português de excelência se há um clube que é o clube querido dos poderes políticos e judiciais, goza de uma impunidade sem paralelo?
Como pode haver um futebol português de excelência se no passado mais ou menos recente, era preciso acabar com a promiscuidade entre a política e o futebol e agora essa promiscuidade ultrapassa todos os limites, com a tribuna da Luz a parecer uma reunião do conselho de ministros e ninguém se importa?
Como pode haver um futebol português de excelência, se todos os pretextos servem para exaltar e glorificar o SLB, quem não o fizer sujeita-se a sofrer represálias, ser excomungado?
Como pode haver um futebol português de excelência, se a justiça desportiva, mas não só, toma decisões que são muito difíceis de perceber, quase sempre a favor do clube do regime?
Esta época é um exemplo paradigmático do que é o futebol português, dentro e fora das quatro linhas. Enquanto o F.C.Porto liderava e era apontado como vencedor, tudo era questionado, o clube do regime apregoava aos sete ventos que este era o campeonato mais sujo dos últimos anos, freteiros, recalheiros, cartilheiros e prostitutos da escrita e da palavra, faziam coro, pior, extrapolavam as queixas do SLB. Um bom exemplo e que foi exaltado até aos infinitos, de uma mentira muitas vezes repetida passar a ser verdade, foi que os árbitros estavam condicionados depois da invasão dos Super-Dragões ao centro de estágio da Maia.
Como diz um amigo meu e que tem o curioso nick name de traficante de pneus, estavam tão condicionados, tadinhos, que na 2ª volta do campeonato todos os pontos perdidos pelo F.C.Porto, 9 no total, foram com árbitros da Associação Futebol do Porto - 2 pontos em Guimarães, frente ao Vitória, árbitro Rui Costa; 2 em Moreira de Cónegos, frente ao Moreirense e 3 no Dragão com o Benfica, árbitro Jorge Sousa; e em Vila do Conde, contra o Rio Ave, 2 pontos, árbitro Artur Soares Dias. Se os árbitros estavam condicionados, cheios de medo, como se vê, não se notou muito...
A capa do chiqueiro da queimada que trago à colação, é um exemplo paradigmático do que é o futebol português. Quando um árbitro erra a favor do F.C.Porto, eles aí estão a apontar o dedo e crucificar o árbitro, mesmo que seja um dos melhores da história do futebol português. Quando um árbitro erra a favor do Benfica, já não se passa nada, errar é humano.
Já estou cansado destes discursos muito certinhos, na mesma linha dos do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto e que não aquecem nem arrefecem, são apenas palavras de circunstância. É preciso coragem para ir ao cerne dos problemas, apontar na direcção correcta, apontar ao SLB e a este estado lampiânico de contornos mafiosos.