F.C.Porto 4 - Al-Ahly 4. Os mesmos erros e defeitos de sempre, mas louve-se a capacidade para reagir
terça-feira, 24 de junho de 2025
Depois da derrota e de mais uma exibição que ficou muito aquém dos mínimos exigíveis frente ao Inter Miami, muito pior na 2ª parte, e já dependente do resultado do outro jogo entre o Palmeiras e a equipa de Lionel Messi, para seguir para os oitavos, o FCP tinha a obrigação de, pelo menos, sair do Mundial de Clubes com uma vitória frente aos egípcios do Al Ahly. Não saiu, saiu pela porta dos fundos, não conseguiu sequer os serviços mínimos, muito por culpa de erros colectivos e individuais que se repetem.
Registe-se como único factor positivo a capacidade de reacção da equipa para nunca desistir, ir sempre à procura de virar o resultado. Não deu, deu apenas para empatar e, sejamos justos, não merecia mais.
Como espectáculo o jogo até foi bom.
Num jogo disputado na noite de São João o FCP entrou em campo com Cláudio Ramos, João Mário (Martim Fernandes aos 62 minutos), Zé Pedro, Marcano e Francisco Moura, Fábio Vieira (Gabri Veiga aos 69 minutos), Eustaquio, Alan Varela (Gonçalo Borges ao intervalo) e William Gomes (Pepê aos 69 minutos), Rodrigo Mora e Namaso (Samu ao intervalo), os egípcios muito apoiados, entraram forte, melhor, chegaram à vantagem com justiça aos 15 minutos - perda de bola na frente, equipa descompensada, defesa batida, golo -, no minuto seguinte a Rodrigo Mora ter desperdiçado uma boa oportunidade. Reacção do FCP, Mora redimiu-se, empatou aos 23 após uma brilhante jogada. Feito o empate esperava-se a consumação da reviravolta, mas não houve por parte dos azuis e brancos aquela pica para isso. O ritmo baixou, a incapacidade para ter bola e construir boas jogadas desapareceu, o Al-Ahly sempre determinado e entusiasmado até parecia querer mais e esteve mais perto do golo. Para piorar a situação e já no tempo de desconto, egípcio mais rápido a chegar à bola que Fábio Vieira, foi tocado por este, penálti, golo, Dragões novamente em desvantagem, resultado justo ao intervalo.
Na 2ª parte, já com Samu e Gonçalo Borges nos lugares de Namaso e Alan Varela, o FCP entrou novamente à procura de empatar e conseguiu num grande golo de William Gomes. Só que na jogada seguinte, aos 51 minutos Zé Pedro batido no cruzamento, Porto novamente em desvantagem. O jogo estava frenético, golo cá golo lá, prova disso novo empate, marcou Samu após canto de Fábio Vieira - saúde-se o golo de bola parada.
E a remontada podia ter acontecido logo na jogada seguinte. Livre muito perto da área e em zona frontal, mas o FCP não tem um especialista, Fábio Vieira atirou muito por cima. Parecia que o conjunto de Martín Anselmi estava melhor, mais determinado, mas durou quase nada esse período. E com uma defesa que marca com os olhos e já com Martim Fernandes no lugar de João Mário, foi o Al-Ahly a voltar a marcar e adiantar-se novamente no marcador. Dragões voltaram a reagir, Samu até podia ter marcado, mas não marcou e o conjunto da capital do Egipto aproveitando as fragilidades nas transições defensivas e os espaços que o FCP dava, podiam ter sentenciado o jogo.
O treinador do FCP voltou a mexer, meteu Pepê e Gabri Veiga, saíram Fábio Vieira e William Gomes, mas já era o Porto desgastado, desorganizado, com muitas dificuldades em conseguir fazer bem a função de atacar e defender, deu espaço para o contra-ataque, podia ter sofrido em várias ocasiões novo golo. Mesmo assim não desistiu, ainda conseguiu encontrar ânimo para atacar, Samu falhou escandalosamente o empate a quatro, empate que surgiu ao minuto 88 num excelente remate de Pepê.
Resultado com que terminou o jogo. Tudo somado, resultado que se pode considerar justo, mas a haver um vencedor era o Al-Ahly.
Notas finais:
É triste constatar que o FCP gastou em centrais nos últimos anos 50 milhões de euros - David Carmo 20,5+Otávio 12+ Nehuén 17.5 - e não resolveu problema nenhum, joga com Marcano um central de 38 anos e com um histórico de lesões que impressiona e com Zé Pedro um jogador que veio da equipa B, esforçado, mas com limitações óbvias.
Agora é o momento de tomar decisões. Quem fica, quem sai, quem entra, se vamos com Martín Anselmi, se trocamos mais uma vez de treinador... Seja como for a próxima época tem de ser muito melhor nas exibições - quem joga bem fica sempre mais perto de ganhar - e nos resultados. O FCP até pode não conquistar títulos, mas tem de estar na luta por eles até ao fim.
Tem a palavra o presidente e a estrutura do futebol.
William Gomes apesar de algumas desconcentrações, mostrou que merece mais oportunidades. É preciso insistir, dar-lhe mais tempo de jogo.
Já Alan Varela parece perdido em campo, mesmo sozinho e com espaço, não é rápido a pensar e executar, perde bolas fáceis, nunca está onde deve. O que se passa com o argentino?
Fábio Vieira foi o jogador que me criou as maiores expectativas e que mais me desiludiu.