Preparemo-nos para uma semana de nacional/benfiquismo

Nota de abertura:
Morreu Eusébio. Morreu um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos, uma grande figura do futebol mundial. Paz à sua alma.
À família enlutada e aos amigos, os meus sentidos pêsames.

Se na semana do Benfica-F.C.Porto os vendilhões do templo capricham no jornalismo rasca e basta ver o destaque de capa do panfleto da queimada sobre o F.C.Porto 6 - Atlético 0, para perceber isso mesmo - José Carlos de Sousa és um prostituto do jornalismo, um rafeiro, tenho pena de agora já não me cruzar contigo em Custóias para te dizer isso e muito mais, cara a cara -, com a morte de Eusébio, esta semana vai ser uma semana de nacional/benfiquismo. Se é natural que a figura de Eusébio seja realçada e homenageada, o que é de mais é moléstia, o aproveitamento da morte de Eusébio para dar vantagens ao Benfica no jogo do próximo domingo com o F.C.Porto, não é admissível. Não é tolerável que a propósito da morte de Eusébio assistamos à mobilização das tropas, apelos à importância de uma vitória sobre o F.C.Porto, porque esse era o maior desejo de Eusébio. É importante que os agentes do futebol português saibam distinguir as coisas, separar a homenagem a uma das suas principais figuras, de um jogo muito importante para o campeonato, não da Inglaterra, China ou Moçambique, mas de Portugal e aí, tem de haver equilíbrio e isenção. Não pode haver andores onde o santo de ocasião é Eusébio. 
Dos profissionais do F.C.Porto espero concentração total no trabalho, coragem, ousadia e nervos de aço. Que não se deixem condicionar pelos exageros da propaganda, sejam Porto na atitude e espírito do Dragão.

Nota final:
Porque é importante ter memória, importa dizer o seguinte: Eusébio, foi, enquanto profissional, duplamente explorado. Foi explorado pelo salazarismo que fez dele uma bandeira do Portugal fascista, foi explorado pelo Benfica que o obrigava a jogar mesmo lesionado para com isso meter ao bolso mais e melhores cachet's. Mais tarde, quando já não tinha nada para dar, foi descartado, teve de se andar a arrastar pelo Beira-Mar e União de Tomar.

Quanto às homenagens nacionais e aos 3 dias de luto decretados pelo presidente da República, só podem surpreender os mais desatentos. Como eu não sou desatento, tudo que veja de Belém já não me surpreende.