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segunda-feira, 5 de agosto de 2013


Terminou com a participação na Emirates Cup, onde conquistou um prestigiante segundo lugar e onde só não foi primeiro porque não sabe marcar penaltis, a pré-época do F.C.Porto. É chegada a hora do balanço. Será o meu balanço, discutível, como é óbvio, mas de boa-fé e de forma que desejo construtiva. Como o mercado vai para além de 31 de Agosto - na Rússia de má memória na pré-época anterior, por exemplo -, fazer opções, agora, é correr riscos de no futuro próximo ser ultrapassado pelos acontecimentos, mas como não custa nada e vale o que vale, vamos a isso.
Foi uma pré-época com muitas coisas boas, algumas coisas que merecem críticas. Pela positiva, a melhor dinâmica ofensiva: o Porto de Paulo Fonseca ataca com mais rapidez, mete mais gente na zona de finalização, mantendo o modelo de posse, não é fanático da posse. Isto é, ao contrário do passado recente, quando recupera a bola, apanha o adversário desorganizado e em contra-pé, procura a baliza, vai para o golo, não faz um compasso de espera, volta para trás, para recomeçar tudo de novo. Nos lances de bola parada, esqueçamos os penaltis e os livres e cantos de Defour, tem boas opções, Danilo, Quintero, Josué, por exemplo. Fez, com excepção do jogo frente ao Celta de Vigo, a primeira-parte contra o Anzoátegui e a segunda contra o Galatasaray, boas exibições, juntou a boas vitórias, nota artística. Há muito talento, juventude ambiciosa, muitas opções, para ficar perfeito, dentro da perfeição exigida a um clube com as possibilidades do F.C.Porto, falta um ala de qualidade.

Nos aspectos negativos, o que mais me chamou a atenção, disse-o logo após o jogo frente ao Marselha, primeiro jogo a sério, digamos assim e mantenho a mesma opinião depois do jogo frente ao Nápoles, foi a forma como a equipa se organiza, não organiza, quero dizer, defensivamente. Atacar com muitos é óptimo, mas nunca de uma forma desequilibrada, de forma que uma má opção de passe, um passe errado, uma má finalização, proporcione rápidos e perigosos contra-ataques ao adversário. Pior, se isso for em lances de bola parada a nosso favor, cantos e livres e isso aconteceu algumas vezes. Nos jogos do nosso campeonato poderá não ter grandes consequências, com excepção de um ou outro jogo, na Champions poderá ter custos graves. Mesmo com a condicionante de um lógico cansaço, jet-lag e o relaxamento próprio da festa de apresentação, muitas dificuldades em desmontar a teia defensiva galega, que será o pão nosso de cada dia na Liga Zon Sagres. Como não voltei a ver a equipa com duas linhas muito juntas e muito subidas, sem bola, como vi contra o Celta e que me pareceu um absurdo, acredito que tenha sido uma experência que não se repetirá.

Dito isto, na minha equipa, Helton é intocável e Fabiano um substituto que poderá vir a ser no futuro nº 1, se resolver uma lacuna fatal num guarda-redes: as saídas a cruzamentos. O terceiro pode ser Kadú a saltar ente a equipa A e B; Kadú para a UEFA e Bolat como terceiro... Idem para  a titularidade de Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro, numa defesa que tirando uma ou outra falha de concentração, algum excesso de exuberância de um Mangala que precisa de ter calma e abordar os lances mais tranquilamente, dá garantias, é fiável. Laterais bons de bola e equilibrados na dupla função, defesa/ataque; centrais que se completam e são importantes nos lances de bola parada, também na baliza adversária; e onde há boas alternativas e algumas com uma polivalência que se aplaude: Maicon pode jogar à direita, Fucile faz as duas laterais, Abdoulaye tem valor e parece mais sereno, Reyes terá todo o tempo para crescer, naturalmente - Paulo Fonseca disse que Ricardo poderá ser lateral-direito, falarei do ex- Vitória mais à frente.

Deixemos o maior problema, o meio-campo, para o fim e passemos ao ataque.
No ataque, Varela merece ser titular. Tem e nunca deixará de ter aqueles adormecimentos e perdas de bola infantis, que tanto nos irritam, mas está muito bem, confiante, importante, dá à equipa experiência, equilíbrio ofensivo/defensivo, velocidade, golos. Jackson também é titular e este nem merece discussão... ou merece, Fernando Machado versus Rogério Paulo Almeida? Arrumo já a questão dos penaltis: não é um especialista, não sabe marcar, deve continuar a treinar e insistências, quem sabe em jogos de resultado já decidido? Quanto à discussão, os meus amigos FM e RPA, no facebook, trocaram argumentos sobre Jackson Martínez, RPA a favor do colombiano, FM não estava contra, mas é algo céptico. Também entrei na discussão e fica a minha opinião: quando referi que em Cha Cha Cha não se toca, não é porque há insubstituíveis, seria o descalabro se Jackson saísse. Não, quem perdeu Gomes, Jardel, Lisandro, Falcao ou Hulk e sobreviveu, também sobreviveria; não porque não ache que não seria um grande negócio vender por trinta e tal milhões, quem custou nove; não que não concorde que Falcao tem mais faro de golo, é mais matador; mas porque Jackson adaptou-se muito bem à forma de jogar do F.C.Porto; sabe receber, sabe aguentar e esperar apoios, sabe tabelar, ir para o espaço, é rápido, joga bem de cabeça, marca golos, muitos golos; acima de tudo, seria muito difícil ao F.C.Porto contratar alguém com todas estas qualidades, por um valor dentro das suas possibilidades. Para terceiro elemento do ataque, Kelvin. O herói do jogo do título da época passada, o nosso 90+2, leva vantagem sobre Iturbe. E leva porque frente a equipas fechadas e com todos atrás da linha da bola, como seguramente será o Vitória, Kelvin é mais genial, mais criativo, tem mais facilidades em encontrar o caminho para a baliza adversária, nestas circunstâncias, que o argentino. Mas atenção!, um Kelvin de cabeça no lugar, sem atitudes como a do jogo frente ao Celta. Quanto ao "mini Messi", fez um grande golo frente ao Marselha, uma grande exibição frente aos venezuelanos do Anzoátegui, mas depois pouco mais fez. Parece mais sereno, mais disponível, mas estará preparado se não for titular e pior, convocado? Dos outros atacantes, Licá, pode ser um jogador útil, é generoso, vem  atrás ajudar, faz todas as posições no ataque, mas ficou aquém das expectativas. Tem limitações a recepcionar, é lento a pensar e a executar, tem de perceber que no F.C.Porto não há tempo, nem espaço para facilitar. Ghilas, o melhor elogio que lhe posso fazer, mesmo estando ainda a alguma distância de Jackson, é que agora já não estou com o coração nas mãos, se houver um problema momentâneo com o ponta-de-lança colombiano, já não há pânico. Ricardo, apesar do pouco tempo, gostei do à vontade, do atrevimento e se como diz Paulo Fonseca, pode ser lateral-direito e mostra disponibilidade, sem amuos, de jogar na equipa secundária, por mim, fica. Izmaylov, se é avançado e pelo que tenho visto, seria a minha primeira dispensa. Não porque estivesse lesionado e não seja por aí, sim porque não tem o espírito do Dragão, parece sempre deslocado, pouco ambientado, triste. Se a isso acrescenta pouco à equipa, é estrangeiro, é preciso emagrecer o plantel e tem de sair alguém... Se vier alguém para as alas, alguém teoricamente titular, Iturbe ou Licá, um dois dois, teria o lugar em risco. Eu escolheria Iturbe, pelas dúvidas que apontei, no caso de não ser primeira ou segunda escolha.

E chegamos ao principal problema que tem afectado a equipa, o meio-campo. Tem sido o sector com mais e maiores dificuldades, porque é um sector fundamental, urge definir. Se Paulo Fonseca vai querer um 10, a minha opção será Quintero. Pode ser precipitada esta opção, quando o colombiano jogou pouco tempo e se às vezes há jogadores que hoje jogam mal e amanhã jogam bem, também acontece o contrário. Mas Quintero tem tudo para fazer o lugar: é criativo e encontra espaços com facilidade; tem uma excelente visão panorâmica do campo, um pé esquerdo que escreve, para além de capacidade de tiro de fora, importante frente a equipas muito fechadas... sem esquecer os livres e cantos, em que é exímio executante. Outra certeza no meio-campo, é Fernando. Sozinho, sem parceiro a estorvar-lhe o raio de acção, o Polvo preenche como ninguém o espaço em toda a largura do campo; cobre como ninguém as subidas dos laterais; é quem melhor funciona naquele triângulo com os centrais. Desde que esteja encontrado o trio para aquela zona nevrálgica e conseguidos os automatismos capazes de mater equiíbrios, Fernando pode subir, aparecer mais próximo da grande-área e com isso criar dificuldades à organização defensiva do adversário. O terceiro elemento, o 8, pode ser Lucho, pode ser Defour que também pode ser alternativa a Fernando, pode ser Josué. O jovem esquerdino, tem talento, potencial, uma capacidade de passe à distância e de rotura, como poucos, precisa de se desinibir e perceber que o F.C.Porto não é o Paços. E pode ser Herrera. O mexicano, ontem já mostrou coisas interessantes, mas quando estiver mais adaptado, mais confiante e se soltar mais, pode ser muito importante. Carlos Eduardo, jogou pouco tempo, esteve tímido, pouco intenso, ficou também aquém do muito talento que lhe reconheço. O Carlos Eduardo que fez aquele passe de morte, que acabou por dar golo de Licá, apesar do avançado ter abordado o lance atabalhoadamente, é apenas um exemplo, um cheirinho do que o verdadeiro Carlos Eduardo pode fazer. Tiago Rodrigues tem capacidades, mas atendendo ao pouco que jogou, deve ser um dos dispensados, o terceiro. Espero que se sair, não desanime, continue a trabalhar e acreditar no regresso. A história do F.C.Porto está cheia de jogadores que saíram, voltaram mais fortes e fizeram uma grande carreira de Dragão ao peito.
Falta Castro, mas pelo respeito que me merecem sempre os jogadores da nossa formação, não vou acrescentar mais nada ao que já fui dizendo sobre o médio do F.C.Porto.

Ao contrário de Vítor Pereira que já tinha trabalhado na formação do F.C.Porto e sido adjunto, antes de ser treinador principal e portanto, já conhecia os cantos à casa, é natural que Paulo Fonseca ainda esteja a apalpar terreno, a tomar consciência do que é o F.C.Porto. Assim, é natural uma ou outra declaração que não gostei e já apontei, bem como apontei a inacção no jogo frente ao Galatasaray, quando a perder, nada fez para melhorar a prestação, desastrada, da equipa, na segunda-parte. Também como notei, não me agradou a forma como a equipa se organizou defensivamente. Como conclusão, direi que entre o que de bom e de mau foi feito, a balança cai e bastante, para o lado positivo. No entanto, é agora que acabaram os jogos particulares, jogos em que foi possível agradar a quase todos, que as coisas apertam, já vai ser a sério, é preciso tomar decisões. Gosto de treinadores amigos e próximos dos jogadores, mas como aprendi na tropa, serviço é serviço, conhaque é conhaque. Isto significa que quando é preciso exercer a liderança, ela tem de ser exercida, não à bruta, com naturalidade, mas sem olhar a quem, não tratando uns como filhos e outros como enteados. É isso que espero e acredito vai acontecer com Paulo Fonseca, cuja missão não é fácil.

Nota final:
Meus caros amigos, está aqui muito trabalho, muito tempo perdido - não ficou guardado nos rascunhos e tive fazer tudo de novo, quando já estava o post quase pronto -, por isso, espero que quem quiser mandar bitaites o faça, mesmo que sejam muito críticos, mas façam com objectividade e construtivamente.

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