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sexta-feira, 15 de novembro de 2013


Nos dias de hoje com tanto acesso à informação e o conhecimento ao alcance de um simples click, o que distingue os bons, dos assim-assim e dos maus treinadores? Se partirmos do princípio que todos estão em igualdade de circunstâncias: boas condições de trabalho, uma estrutura forte de apoio, departamentos médicos competentes, as mesmas facilidades para contratar bons jogadores e ter os plantéis desejados, o que faz a diferença? Serão os métodos de trabalho, quando vemos que no treino diário quase todos fazem as mesmas coisas, desde o aquecimento, passando pelo treino individual ou colectivo, se treinam os cantos, os livres, as jogadas de ataque, a finalização, quem marca quem nas jogadas defensivas, quem vai ao primeiro ou segundo poste nas ofensivas, quem fica, quem sobe nas jogadas de ataque, quem primeiro pressiona, etc. e quando os jogos são preparados ao pormenor, com todos os meios ao alcance das equipas técnicas, compostas, já não por um treinador e adjunto, mas vários elementos e cada um com a sua função? Serão os modelos ou os sistemas? As tácticas ou as estratégias? Para mim, o que faz verdadeiramente a diferença entre iguais, é o carisma e a liderança, a sagacidade e a coragem no banco, o discurso.
Se o carisma e a liderança são fundamentais para ter o grupo unido, solidário, motivado - principalmente aqueles que jogam menos - e sempre ao lado do treinador; a sagacidade e a coragem são determinantes e muitas vezes fazem toda a diferença nos jogos. Um treinador corajoso e que previne para não ter de remediar, isto é, age antes de acontecer e não depois, marca diferença. Como marca a diferença um treinador com um discurso forte, motivador, galvanizador, mobilizador. Se por exemplo, um treinador tem na antevisão um discurso que preenche todos estes requisitos, transmite-me confiança enquanto adepto, deixa-me tranquilo em relação ao jogo, acredito mais numa vitória. Porquê? Porque se é assim para fora, para dentro será igual e os jogadores sentirão a mesma confiança, motivação e galvanização que muitas vezes leva à transcendência, ficam capazes de transformar em realidade coisas que pareciam impossíveis de acontecer - nem preciso de dar exemplos. Se pelo contrário, o discurso é cinzento, temeroso, hesitante, aí a confiança diminui, acredito menos e penso que quem joga também deverá sentir o mesmo.

Esta abordagem é uma tese que defendo há muito, não é para comparar o incomparável, é apenas aquilo que penso fazer a diferença entre treinadores e faz de alguns treinadores de top e de outros, treinadores que nunca lá chegarão. A experiência conta e ter sido jogador também, mas não são condições essenciais. Como provam tantos e tantos exemplos que vimos e vamos vendo por aí.

O paradigma:
Pedroto, para mim o melhor entre os melhores que treinaram o F.C.Porto, tinha tudo o que um grande treinador tem de ter. Todos conhecemos o trabalho e a importância do popular Zé do Boné nos primórdios deste Dragão hegemónico a nível interno e capaz de ser ganhador também na Europa, mas há muito mais. Pedroto já tinha ganho uma Taça de Portugal ao serviço do F.C.Porto em 1968 e só não ganhou o título em 1968/1969, porque não tinha ao seu lado alguém como Pinto da Costa no futebol, isto numa altura em que Benfica e Sporting dominavam totalmente o futebol português e tinham equipas e plantéis muito superiores. Pedroto viria as ser Campeão, melhor Bi-campeão no F.C.Porto e só não foi Tri também por razões que a razão conhece, mas diz desconhecer; Pedroto criou as bases da equipa que haveria de chegar à final da Taça das Taças em Basileia e que mais tarde viria a ganhar a na altura designada Taça dos Campeões Europeus, na mágica noite de 27 de Maio de 1987 em Viena. Mas Pedroto também deixou uma marca forte no Vitória de Setúbal, no Vitória de Guimarães e, principalmente no Boavista, no Bessa transformando uma equipa com apenas um grande jogador, João Alves, numa equipa fortíssima e que conseguiu duas Taças de Portugal, um segundo e um quarto lugar, sendo que quando terminou em segundo discutiu o título até ao fim com o Benfica.
É, para mim, Pedroto é o paradigma, o treinador que dominava todas as vertentes que deve ter um treinador de top - carisma, liderança, táctica, técnica, estratégia, coragem, ousadia, discurso forte, bom psicólogo. Um exemplo a seguir. Pena que tenha partido tão cedo...

Nota final:
Seria o cúmulo do cinismo e da hipocrisia, dizer que vivo os jogos da selecção da mesma forma que vivo os do F.C.Porto... Mas desejo a melhor sorte a Paulo Bento e companhia na eliminatória frente à Suécia.

O novo site do F.C.Porto já nasceu. Eu gosto e vocês?

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