quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Quando falo em grau de exigência e digo que o critério de análise não pode ser o mesmo quando jogamos frente ao Atletico de Madrid ou frente a equipas como o Belenenses, Nacional, Académica e Áustria de Viena, é porque o Atletico tem melhor treinador, melhores jogadores, melhor equipa. Mas o Atletico de ontem não é melhor equipa, nem no conjunto que apresentou, tinha melhores jogadores que o F.C.Porto. Prova disso foi o jogo. Jogamos melhor, dominamos, tivemos boas oportunidades, incluindo um penalty, mas perdemos. E perdemos porque apesar de um futebol de posse, engraçado, é um futebol pouco dinâmico, pouco contundente, que não causa mossa, para marcar um golo é o cabo dos trabalhos. E como se isso fosse pouco, quando em situação de ataque perdemos a bola, somos uma equipa desorganizada, desequilibrada defensivamente, as compensações tardam, ou fazemos faltas ou é um corredor aberto até à nossa baliza. A facilidade com que o Atletico, com apenas três ou quatro dos habituais titulares, note-se, criou lances de golo, é significativo. Mais, cometemos erros inacreditáveis e que se repetem. Disse ontem, mas repito hoje: como é possível uma equipa de alto nível como o F.C.Porto, sofrer aquele primeiro golo? Como pode Maicon que não é um novato nestas coisas, permitir que de um lançamento de linha lateral e já sobre a linha de fundo, Raul Garcia, de costas para a baliza, rode, ganhe espaço e remate? Não pode! E Helton? Pois, pensou, mal, que dali já não saía nada, facilitou e claramente contra a corrente do jogo, Porto a perder. E o segundo golo? Mais uma vez mau posicionamento defensivo, Maicon levanta o braço a reclamar um fora-de-jogo inexistente e golo... outra vez quando os Dragões estavam melhor e o 1-0 já era muito injusto. Ninguém resiste a erros destes. E se pensarmos que desde o início da época isto vai acontecendo com frequência; que temos dito sempre que a organização do meio-campo e defensiva à perda de bola, é um desastre e nada muda... então ficamos muito pior. Que diabo, já era tempo de erros desta natureza terem acabado, não estamos a falar de juvenis... Isto depois do que aconteceu no sábado. Contra o Braga, recordo, fizemos uma 1ª parte inaceitável, melhoramos muito na 2ª parte, ganhamos bem, ficamos contentes, pensamos que as coisas iam melhorar. No jogo imediatamente a seguir, pumba, os mesmos defeitos, os mesmos erros, mais uma derrota, mais uma desilusão. Isto de andar sempre a repetir as mesmas coisas... começa a cansar!
Adiante. Já tinha dado um lamiré aqui, mas depois das declarações de Lucho, Fernando e de Paulo Fonseca, volto à carga. Ontem na Bola e na página que António Simões assina, vinha uma peça que podem ver ao lado, sobre o lançamento de um livro Coach to coach de autoria de Rui Lança. Vem lá uma frase dita por um mago do futebol americano, Vince Lombardi e que diz: «Os vencedores nunca desistem e os desistentes nunca vencem». No mesmo livro também diz que «ao treinador exige-se sempre mais. Não só que perceba de táctica e técnica, mas que saiba explicar, delegar, LIDERAR, APRENDER, MOTIVAR e COMUNICAR.» Não exijo que Paulo Fonseca seja um mago, mas quero que Paulo Fonseca seja mais que um bom rapaz, alguém desprendido e que até coloca os interesses do F.C.Porto sempre acima dos seus. Não, quero um Paulo Fonseca que diga, não agora que correu mal, mas quando se cometem os mesmos erros e corre bem, aquilo que disseram ontem Fernando e Lucho, dois jogadores que têm muitos anos de F.C.Porto. Um Paulo Fonseca convicto inconformado, a dizer, saímos da Champions, primeiro porque fomos incompetentes em casa e hoje, porque independentemente do que acontecesse em Viena, tínhamos de ganhar. Um Paulo Fonseca a dizer e de forma convicta, o que não tem remédio, remediano está, vamos trabalhar, melhorar, queremos ganhar a Liga Europa.
Quero um verdadeiro líder. Como se consegue motivar os portistas, com este discursozinho, triste, redondo, com a letra a não dizer com careta e que não mobiliza ninguém?
Meus amigos, dito isto quanto ao futuro do treinador, não se trata de ser politicamente correcto, trata-se de ter confiança em quem merece confiança. Se quem dirige o F.C.Porto, em particular o seu Presidente, vê o que nós vemos e o que não vemos - treinos, palestras, relação treinador/jogadores, etc. -, quer ganhar tanto como nós e até escreveu um livro sobre decisões na hora certa e tempo oportuno, porque não esperamos e confiamos? Decisões precipitadas, não. Avaliar tudo, ver o que queremos para depois do Natal, sem Champions e em função disso, decidir, sim.
A linha de rumo no Dragão até à morte é esta e enquanto eu por aqui andar, vai continuar a ser esta. Não me deixo impressionar, não me aquecem nem arrefecem os juízos de valor, portista de vitórias nunca serei. Os meus contributos são fruto das minhas análises e com o objectivo de ajudar, dentro das pouquíssimas possibilidades que tenho. Quem quiser e se identificar com esta linha, agradeço todos os contributos, quem quiser apenas cavalgar ondas nos maus momentos, não vai ter hipóteses.
- Ó Serpa, diz a esta gente para terem um pingo de vergonha na cara. Fizemos???!!!