domingo, 28 de fevereiro de 2016
Sem qualquer tempo para carpir mágoas de uma eliminação prematura e triste das provas da UEFA, nem margem para errar, se quer manter em aberto a hipótese do título, o F.C.Porto tinha em Belém um jogo onde era obrigatório vencer. Venceu, mas sofreu mais do que o necessário. Depois de ter ameaçado golear - ainda não tínhamos chegado a meio da primeira-parte já os Dragões venciam por dois golos -, acabou a sofrer, por mérito do Belenenses, sem dúvida, mas porque na segunda-parte a equipa de Peseiro acusou cansaço, baixou o ritmo e a pressão, perdeu coesão, organização, desequilibrou-se, no seu pior período, que coincidiu com um bom Belém, valeu Casillas para manter a vantagem e garantir os três pontos. Faltou também aos portistas mais critério, mais assertividade e mais qualidade na hora de definir, assistir. Não se pode sair para o contra-ataque em superioridade numérica e depois não aproveitar, ou porque houve demasiado egoísmo - Corona devia ter colocado em Suk; ou porque se escorregou - Marega; ou porque o último passe foi mal feito - Brahimi, no lance que se lesionou. Mas o fundamental foi conseguido e nesta altura, quando não se ganha a jogar bem, tem de se ganhar a jogar mal.
Na primeira-parte e em particular nos 25 minutos iniciais, o conjunto de José Peseiro entrou forte, circulou bem, pressionou alto, muito graças a Suk e a Herrera, ameaçou logo no 1º minuto, voltou a ameaçar no 4º, chegou à vantagem no 8º. Bela jogada pela esquerda de José Ángel, meteu em Suk, o sul-coreano dividiu com o central do Belenenses, a bola sobrou para Brahimi que adiantou o F.C.Porto. A vencer, a equipa da Invicta, hoje toda de branco, manteve os mesmos predicados e ao 18º minuto, graças a uma jogada de insistência de Maxi e a uma abordagem infeliz de Tonel - fez auto-golo -, aumentou a contagem, tudo corria bem para os nortenhos. A reacção do Belenenses foi natural, mas com excepção de um livre de Carlos Martins que bateu no poste, nunca mais a equipa da Cruz de Cristo esteve perto de marcar. E se pensarmos que logo no minuto seguinte, Brahimi, muito bem colocado, podia ter feito o terceiro e acabado com o jogo, podemos concluir que ao intervalo a vantagem dos Dragões era justa. Sem ter deslumbrado, o conjunto de Peseiro foi melhor, mais perigoso, marcou dois golos, ameaçou marcar mais um ou dois, raramente consentiu veleidades à equipa da casa.
No futebol, como sabemos, a vantagem de dois golos é muito traiçoeira. Se o adversário marca, motiva-se, galvaniza-se, arrisca, causa problemas. Foi o que aconteceu nos segundos 45 minutos. Até começou melhor e mais ameaçador, o F.C.Porto. Suk por duas vezes, minuto 46 e 55 - aqui, ainda bem que a bola não entrou, pois era mais um golo mal invalidado por fora-de-jogo mal assinalado - e antes, minuto 53, Corona - que exibição tão pobre, mais uma, a do mexicano... - , podiam ter sentenciado. Não sentenciaram e depois que o Belém reduziu, minuto 60 e em particular até à entrada de Evandro, minuto 74 - antes, minuto 61, já tinha entrado Marega para o lugar de Corona, mas as melhores foram poucas -, para o lugar do desgastado André André, os azuis do Restelo foram melhores, chegaram-se à frente com perigo, como disse anteriormente, valeu Casillas para que o empate não acontecesse. Depois, com a entrada do brasileiro, a equipa estabilizou um pouco, até final, se a diferença mínima nunca permitiu tranquilidade aos portistas, é verdade que também o F.C.Porto podia ter feito o terceiro e colocar um ponto final nas dúvidas.
Tudo somado, vitória justa do F.C.Porto, mas se o Belenenses tivesse empatado ninguém poderia falar em grande injustiça.
Uma nota final para Chidozie:
Não o culpo no golo do Belém, a jogada foi bem executada, bonita, reagiu tarde, mas mais mérito de quem ataca que demérito de quem defende. Teve mais uma ou outra hesitação que tem de corrigir, mas na parte final foi quase sempre ele que, bem colocado, cortou todos os lances. Ainda vai cometer muitos erros, mas é jovem, tem valor, muita vontade, pode vir a ser um central de referência. Só precisa de mais tempo para aperfeiçoar e continuar a ser opção.
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