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segunda-feira, 9 de maio de 2016


Na época passada o F.C.Porto B, em 46 jogos, teve 10 empates, mais derrotas, 19, que vitórias, 17, ficou em 13º lugar. O estado de espírito de uma grande parte do pequenino universo que torce pelo F.C.Porto, era que o treinador não tinha carisma, alma, discurso, competência, era preciso mudar. Muitos dos jogadores eram fracos, sem qualidade e sem mística, indignos de vestir a camisola do F.C.Porto, alguns contratados apenas para servir clientelas - cada vez que chegava um jovem estrangeiro para segunda equipa, era certo e sabido, lá vinha a piadinha de mau gosto: mais um para encher os bolsos de alguém. Não conheciam o jogador, não sabiam se tinha talento, se podia ser uma boa contratação, mas os entendidos, os independentes, marcavam logo a sua posição de grandes experts. Apesar do título do sub-19: quo vadis, Formação do F.C.Porto? Se quem dirige fosse impressionável, tinha havido uma revolução, não tinha ficado pedra sobre pedra, tínhamos de começar tudo de novo. Como não é, bastou um ano para que se chegásse à conclusão que não era bem assim. Agora o treinador já é bestial, os jogadores afinal não são assim tão maus, até têm o ADN Porto, a Formação até está no bom caminho, é a panaceia para resolver todos os problemas que o Dragão vai enfrentar no futuro próximo. Nem tanto ao Mar nem tanto à Terra.

Que o exemplo da equipa B sirva de lição para os adeptos, leve a que tenham no futuro reacções menos extremadas, haja mais sensatez, mais paciência na hora de julgar e fazer juízos definitivos. Também que este título, junto ao dos sub-19 da época passada e da liderança que pode dar bicampeonato nesta, aos pupilos de António Folha, prova da qualidade que existe nos dois escalões imediatamente abaixo da equipa principal, passe a ser olhado ainda com mais atenção por quem de direito - dirigentes e técnicos -, na hora de fazer opções.
O grande desafio que se coloca no futuro é como aproveitar o talento que existe, como fazê-lo crescer naturalmente, num clube habituado a ganhar muito e que ultimamente tem ganho muito pouco. 

Declarações de Luís Castro, após o jogo entre o F.C.Porto B e o Benfica B:
«Antes de mais, a primeira palavra vai para os jogadores. Foram fantásticos ao longo de toda a época, profissionais muito para além do normal. São grandes homens, muito prontos para a vida, pessoas honestíssimas no trabalho diário e que transportam isso para o jogo. Depois, palavras também para a equipa técnica - José Tavares, João Brandão, Matos e Rui Sá Lemos -, que foram assistentes na verdadeira acepção da palavra, pessoas cordiais e leais e foi fantástico trabalhar com eles. A toda a estrutura e staff do FC Porto B, o meu agradecimento pela dedicação posta em toda a época. Em relação aos sócios e simpatizantes, foi muito bom senti-los hoje, o meu agradecimento àqueles 100 ou 200 fiéis e também aos que vieram hoje e aos que não puderam vir. Respondemos com uma vitória clara, não deixando margem para dúvidas sobre qual é a melhor equipa, com um jogo muito seguro.»

«O título significa muito quando se junta ontem ao facto de a equipa A ter alinhado com cinco jogadores que passaram pela nossa formação. Alguns deles chegaram com nove, dez ou 11 anos. Enquanto treinador e antigo diretor técnico, é um dia muito gratificante. Certamente que o futebol português e o FC Porto saberão aproveitar estes jogadores. Tudo pareceu normal e os colegas que treinam equipas B sabem que não é normal. Foi um trabalho hercúleo ao longo de toda a época: chegámos a não ter equipa durante 15 dias, chegaram jogadores em janeiro, perdemos também alguns nesse momento, mas nunca nos queixamos e sempre nos resguardamos no trabalho. Fizemo-lo bem ao longo de toda a época.»

Parabéns a todos, em primeiro lugar para o presidente, sempre o máximo responsável para o bem e para o mal. Parabéns em particular para Luís Castro, seus adjuntos, staff e para os jogadores que são quem dentro do campo tem a última palavra. Parabéns para os adeptos que também foram campeões. Uns, aqueles que estavam sempre lá, muito mais que os outros.

Nota final:
A forma como este triunfo do F.C.Porto foi tratado, mostra bem o estado comatoso em que se encontra o jornalismo, mas não só, que acompanha e faz a cobertura do futebol português, indo mais longe, o desporto português. Salvo cada vez mais raras excepções, estamos entregues à bicharada. Impera o facciosismo, o tendenciosismo e a desonestidade intelectual. Não há brio, rigor, profissionalismo. Como não fazem o trabalho de casa, não raras vezes confundem, provocam, dividem. Porém, raramente são chamados à responsabilidade e pior, em alguns casos passam a ter um protagonismo inexplicável. No que toca ao F.C.Porto, então, é um ver se te avias. As faltas de respeito e o desprezo são constantes. Veja-se o caso do panfleto da queimada, não encontrou um cantinho para destacar na capa o sucesso dos jovens Dragões. Veja-se o caso da televisão pública que realça o feito do segundo classificado, mas ignora o do primeiro.
Não queríamos uma grande festa, temos a perfeita noção da importância do feito, mas o que é demais é moléstia.

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