quinta-feira, 18 de agosto de 2016
A Roma tem um potencial económico e financeiro muito superior ao F.C.Porto e naturalmente isso permite-lhe ter um plantel mais forte, formar uma equipa com mais qualidade que a dos Dragões. Assim, quando se colocou o favoritismo para o play-off de acesso à fase de grupos da Champions League, no lado romano, não foi nada mais que ser realista. Aliás, mesmo que o F.C.Porto, leia-se SAD, tivesse feito bem as coisas, não tivesse cometido erros e omissões flagrantes, o conjunto de Spalletti seria na mesma favorito, talvez a percentagem de favoritismo diminuísse e o nosso optimismo aumentasse - tal como acontecia e não faz muito tempo, mesmo quando tínhamos de enfrentar algumas das mais poderosas equipas europeias. Mas aqui chegados, ontem e durante 25 minutos, mais coisa menos coisa, vimos uma Roma claramente por cima do jogo, a justificar no terreno o seu valor e o seu favoritismo, embora e na parte que me toca, não esperasse um Porto tão pequenino. Depois e em particular na segunda-parte, a reacção do F.C.Porto foi muito boa, empatou e podia ter ganho, não ganhou porque faltou eficácia, mas assertividade na zona de finalização. Ai e tal, a Roma só tinha 10 jogadores. É verdade, mas estamos na presença de uma equipa bem estruturada, recheada de bons e experientes jogadores, bem orientada. Com menos um, como boa equipa italiana, baixou as linhas, apenas deixou Dzeko na frente, procurou sair pela certa, raramente perdeu organização. Tudo somado, noutra conjectura estaria triste, no momento actual e sendo pragmático, não estou. Fiquei com uma certeza: para a Liga dos Campeões é, como seria sempre curto - com isto não quero dizer que não podemos lá chegar, refiro-me apenas a qualquer ambição de vitória -, para consumo interno, não é preciso muito mais - com dois ou três reforços cirúrgicos, o problema fica resolvido -, para podermos lutar pelos nosso principal objectivo, o título. (*)
Somos Dragões, não somos perus, não morremos de véspera. A tarefa na capital italiana é hercúlea, mas já fomos capazes de grandes feitos e em circunstâncias tanto ou mais difíceis.
Se Nuno Espírito Santo (NES), merece críticas, critique-se, mas pela positiva. Não faz sentido, num momento como este, começar já a crítica fácil, a má-língua, as faltas de respeito. Aqui, mesmo quando a preferência ia para outros técnicos, os escolhidos são sempre respeitados e defendidos, ninguém vai abandalhar NES. Até porque Nuno ontem pode ter errado, mas nos últimos tempos é dos treinadores do F.C.Porto, aquele que está a ter a vida mais difícil.
(*) - Não gosto e já aqui o disse por várias vezes, da comunicação do Sporting, agora as coisas parece que estão mais calmas, mas até há pouco tempo era um ver se te avias, começava no Bruno de Carvalho, continuava com Octávio, Inácio, director de comunicação e sem esquecer os chamados peões de brega, alguns instalados em várias redacções. Apesar disso, no panfleto da queimada de sábado passado, o ex-dirigente leonino, Dias Ferreira, afirmava: "Perdemos o campeonato na comunicação e não podemos continuar assim, sob pena de se perder todo o esforço que temos feito nas últimas três épocas, no campo desportivo e financeiro." No mesmo artigo, Dias Ferreira falava de uma comunicação social que trata os assuntos com voz e olhos avermelhados, citava vários exemplos da forma diferente como são tratados casos semelhantes, um era o caso dos vouchers versus as viagens dos Secretários de Estado à Final do Euro. Se o Sporting fala assim, apesar de ter tirado imensos benefícios da gritaria que foi fazendo, imagine-se o que acontece a um F.C.Porto silencioso e que nunca reage a nada. Porquê? Alguém tem dúvidas se a pouca vergonha de dois anos de vouchers fosse com o F.C.Porto tinha caído o Carmo e Trindade? Alguém tem dúvidas que se o protagonista do famigerado caso da Porta 18, fosse o motorista de vários anos de Pinto da Costa, depois transformado em director com gabinete na Luz e carro do Benfica, a traficar droga no Dragão, era o fim da picada, ia ser o bom e o bonito? E até passo por cima do chamado jogo da mala e das poucas vergonhas com o campeonato da segunda liga, onde o clube do regime se salvou, sabe Deus a troco de quê...
Sei que não é fácil lidar com uma comunicação social centralizada e recheada de vendilhões do templo, mas que diabo, podíamos e devíamos fazer muito mais. Agora que o campeonato ainda está no início, esta guerra não pode ser perdida por falta de comparência. Portanto, senhores do F.C.Porto vamos lá deixar de salamaleques, pegar o touro pelos cornos, ir à luta. Vamos lá senhores de cargos com nomes pomposos, façam pela vida, não tenham receio de queimar os dedinhos. Se esta época é na atitude, espírito de luta e de combate, não pode ser apenas dentro do campo e nas bancadas. Deixem lá a marca, somos um clube de futebol e não da indústria do calçado. Ou ganhamos ou lá se vai a marca para o galheiro, como diz um amigo meu. A voz do presidente sempre foi a voz do F.C.Porto, mas se Jorge Nuno Pinto da Costa, como se tem visto, agora aparece pouco... temos de mudar de estratégia.