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sexta-feira, 2 de setembro de 2016


Antero Henrique saiu, entrou Luís Gonçalves. Não interessa estar agora a discutir em que moldes se deu a saída, nem como se processou, no tempo, a entrada. Não seria bonito, seria um lavar de roupa suja que só prejudicaria o F.C.Porto e o F.C.Porto tem de ser preservado. O F.C.Porto está acima de todos, embora muitas vezes não pareça. Mas o senhor presidente deve uma explicação aos adeptos do F.C.Porto - mais à frente esclarecerei. Já sobre Antero Henrique, acho muito bem que se remeta ao silêncio, mesmo que eventualmente tenha vontade de dizer muita coisa. Atrás do tempo, tempo vem, o tempo será juíz e ajudará a clarificar tudo. Dito isto, é perfeitamente natural que Jorge Nuno Pinto da Costa tivesse escolhido alguém que já conhecia - foi seu dirigente durante muitos anos e desempenhou vários cargos, alguns de relevo - e de sua confiança. Como conheço bem e acompanho de perto o F.C.Porto há décadas, conheço pessoalmente Luís Gonçalves e o seu trabalho. Independentemente dos juízos de valor de cada um sobre o novo responsável pelo futebol dos Dragões, agora não importa olhar para trás, saber se fez assim e devida ter feito assado. Importa olhar para a frente, apoiar, ajudar e esperar, sendo que apoiar é manter espírito crítico, mas objectivo e sempre construtivo. Respeitando o homem e o profissional, sabendo que há alguém que está acima dele e é ao presidente, junto com a administração que em primeiro lugar compete traçar estratégias, indicar o caminho, liderar em todas as áreas do Grupo F.C.Porto. Que com Luís Gonçalves não aconteça o que muitas vezes aconteceu com o seu antecessor: nas vitórias, Pinto da Costa allez, Pinto da Costa allez, allez; nas derrotas, culpa do benfiquista de Vinhais, como era tratado nos momentos negativos e de insucesso, Antero Henrique.

Aquilo que gostava de ouvir do presidente e de forma clara, objectiva e verdadeira, percebendo que os tempos são outros e ninguém vive toda a vida dos créditos do passado; mais que tentar justificar o injustificável - um mau estar latente, de longa data e com coincidências no tempo que permitem detectar a origem - e depois de pelos vistos não ter percebido nada sobre o que se passou na última Assembleia Geral do F.C.Porto, era o seguinte: um discurso onde os sinais que percebeu que agora ou cai na realidade, lidera de facto, ou vai sobrar para ele, fossem evidentes. Sim, porque treinadores a pagar o pato, já era; Antero já saiu; não pode culpar Luís Gonçalves que ainda agora entrou. Portanto, Jorge Nuno Pinto da Costa não vai conseguir mais passar pelos pingos da chuva sem se molhar.
E para o presidente alterar o rumo, não precisa de fazer muito: família é família, F.C.Porto é F.C.Porto. Não pode haver misturas.
Novelas intermináveis, não, por favor e é necessário deixar de alimentar falsas expectativas que desgastam, minam a credibilidade, criam mau estar.
Depois, o F.C.Porto tem de voltar à cultura que esteve na base do seu sucesso e que começava no presidente. Isto é, um clube de luta, de combate, um clube guerreiro, com voz e cuja lema tem de ser: em vez do comer e calar dos últimos anos, quem não respeitar o F.C.Porto, quem tocar, mesmo que ao de leve, leva a resposta. Não queremos que nos ofereçam nada, mas exigimos aquilo a temos direito. Se o senhor presidente, que foi e durante mais de 30 anos, quase em exclusivo a única voz do F.C.Porto, já não tem, por razões óbvias - idade e saúde -, capacidade para fazer o que fazia dantes - e é urgente recuperar -, tem obrigação de criar condições para que essa voz apareça. Presidente que raramente aparece e que ultimamente quase só aparece em momentos positivos e muitas vezes preocupado em dar corda a gente que não merece, também dispensamos. É importante lutar contra o status quo, não nos podemos resignar, continuar a permitir que os outros manipulem a seu belo prazer o poder no futebol português. Não é pedir muito.
A este propósito:
Antero Henrique agia no futebol português como se Portugal fosse a Inglaterra. Foi um dos seus grandes pecados. Portugal não é a Inglaterra - onde as instituições funcionam, quem sai da linha, come e tanto come o Mourinho como o mais modesto dos treinadores, tanto é castigado Aguero como um dos mais simples jogador do Hull City -, é um país vergonhosamente centralista, o país do quem não chora não mama, onde vale tudo - desde condicionar até pressionar à descarada e com cumplicidades evidentes - para atingir determinados fins. Agora que saiu, temos de mudar de estratégia, não estamos reféns de nada e o apito já só apita na boca de alguns Chouriços. Agora é o tempo dos vouchers, malas com 50 mil euros, portas 18, treinadores constantemente castigados e sempre disponíveis para estar no banco, estádios onde a canela vai até ao pescoço, o cotovelo é a arma da moda.

Nota final:
Vala a pena batalhar pelo F.C.Porto, mas não podem ser apenas os amadores adeptos a fazer o seu papel, muitos deles à custa de enormes sacrifícios. E nos últimos anos, não restam dúvidas, o amor à camisola dos amadores está a ganhar de goleada aos profissionais.

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