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segunda-feira, 24 de outubro de 2016


Não podemos fugir disto: o F.C.Porto é e de há muitos anos a esta parte um clube de cobrança e exigência máxima, onde não há tempo para ter tempo. Se é assim em ciclos positivos e até de grande sucesso desportivo, muito pior em ciclos negativos como este que estamos a atravessar e que já vai em três anos de seca. Nestas circunstâncias ainda há menos paciência, menos tolerância, o nervosismo impera, as reacções negativas tornam-se mais frequentes, fica difícil encontrar a confiança, tranquilidade e serenidade tão necessárias para um trabalho frutuoso. Olha-se para esta equipa de NES e facilmente se concluiu que é jovem, talentosa e promissora, precisava de crescer sem pressão excessiva, naturalmente. Mas mesmo sabendo que é este  treinador e são estes jogadores quem em primeiro lugar tem a árdua tarefa de colocar novamente o F.C.Porto na senda do êxito, pôr um ponto final na instabilidade e no período de seca porque passa o F.C.Porto, será possível? Vai ter que ser!...
Porque este intenso cheiro a bafio, esta constante desfaçatez, falta de pudor, memória e vergonha na cara, este cinismo e hipocrisia, têm de acabar.
Era preciso dedicar um título a Eusébio, isso comoveu quem tinha de ser comovido, rapidamente se formou um andor, levaram o clube do regime ao colo até ao título. Como está bem à vista, silenciaram-se comportamentos que se tivessem origem noutras latitudes teriam feito cair o Carmo e a Trindade, ninguém podia criar obstáculos ao desígnio nacional. Agora Vieira quer conquistar o tetra para dedicar a Eusébio, Coluna, Jaime Graça e, pasme-se, José Torres - sim, o bom gigante foi ignorado pelo Benfica e pelos seus paus mandados da comunicação social, sem esquecer os poderes públicos. Há comparação como foi tratada a morte de Mário Wilson com quando faleceu José Torres? Não, não há comparação, um teve tudo o outro praticamente nada. Mesmo que José Torres como jogador tenha sido muito mais marcante, tal como enquanto seleccionador. Ao comando da selecção até conseguiu levar Portugal a um Mundial numa altura que não era muito comum o nosso país estar em fases finais de mundiais. Utilizo o exemplo de José Torres, porque se fosse buscar exemplos de jogadores do F.C.Porto entretanto desaparecidos, então nem é bom falar... E quando o presidente do Benfica começa com esta lengalenga, este apelo à lágrima no canto do olho, este choradinho cínico, mas que rende, todo o cuidado é pouco e é mais uma razão para que a nossa equipa seja apoiada e acarinhada.
 
A propósito de Yacine Brahimi.
Não gosto de primas donas; ninguém é mais importante que a equipa; é preciso ter sempre presente o colectivo e um colectivo forte potencia e faz brilhar o talento; mesmo os maiores talentos têm de ser disciplinados, para que possam ser aproveitados em benefício da equipa mas não devem ser castrados - por exemplo, Aguero é um talento, mas Guardiola quer que o argentino dê mais à equipa. Este é o meu pensamento de há muitos anos sobre jogadores com as características de Yacine Brahimi. E como desde que chegou ao F.C.Porto já fui dizendo tudo, não vale a pena repetir o que me incomoda e o que me encanta no franco-argelino. No sábado Brahimi entrou e abusou, teimou, irritou, enquanto não conseguiu o seu momento, marcar um golo, não descansou. Porque antes tinha sido assobiado, quando e depois de uma jogada individual brilhante, colocou a bola no fundo da baliza, não se conteve, teve uma reacção que não foi a mais feliz, um comportamento que não deve repetir, mas que não deve ser encarado como um crime de lesa pátria. Brahimi, mais por culpa de outros que por culpa própria - se não era um jogador para sair, foi tratado como um jogador para sair, pareceu claramente que não contava -, não teve um início de época fácil, está a começar a aparecer agora, se for o caso, tem de ser corrigido, melhorado, mas tem de ser aproveitado. O F.C.Porto não se pode dar ao luxo de ter no seu plantel um jogador talentoso, criativo, desequilibrador e abandoná-lo. Não é bom desportivamente, nem financeiramente. Brahimi não deve reincidir, nós adeptos não devemos colocar mais ênfase num comportamento infeliz que no génio da jogada que terminou num golo de bandeira.

O quadro do Nuno Espírito Santo(NES):
Há momentos que às vezes marcam a carreira de um treinador. José Mourinho, agora tão contestado e a passar um mau momento - muitas culpas próprias. Fazia-lhe bem uma rememoração dos tempos de F.C.Porto, onde com tão pouco, em comparação com o que teve depois e tem agora, fez tanto!...-, quando disse, para o ano vamos ser campeões e foi; ou quando após um péssimo resultado no jogo da 1ª mão frente aos gregos do Panathinaikos - derrota 0-1 nas Antas e 2ª mão no inferno grego onde o F.C.Porto nunca tinha ganho -, disse, calma que isto ainda não acabou e foi verdade, os Dragões viraram a eliminatória com uma vitória em Atenas por 2-0, deu passos marcantes na sua carreira, começou a ganhar uma aura que viria a consolidar e o catapultou para o topo do futebol europeu e mundial.
Nuno, com a história do quadro já teve o seu momento cá dentro; porque nestes tempos em que a informação voa à velocidade da Luz, também lá fora o quadro do NES já teve eco em vários países. Se ganhar, mesmo sem atingir o sucesso de José Mourinho, esta originalidade será sempre recordada pelos melhores motivos. Se não ganhar que se prepare... o futuro é já amanhã.
Pela parte que me toca, ainda o Nuno era uma criança já eu sabia o que era jogar à Porto e um jogador à Porto. Admito que alguns vendilhões do templo precisem que lhes façam um desenho. Atendendo a que não merecem mais, uns gatafunhos servem.

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