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domingo, 4 de dezembro de 2016


Vejamos: o F.C.Porto já não vencia e não marcava golos à vários jogos, razões mais que suficientes para ter de ganhar ontem. Como se fosse pouco, depois da derrota do Benfica frente ao Marítimo - mas que grande surpresa! -, ainda aumentou a pressão, ganhar colocava os Dragões a 4 pontos do líder - a uma semana do clássico entre águias e leões -, desperdiçar essa oportunidade seria juntar instabilidade à instabilidade, só restava ao F.C.Porto esquecer o título, concentrar atenções na luta pelos lugares secundários. Foi neste cenário que começou o jogo de ontem: de um lado os portistas, tensos, nervosos, a jogar sobre brasas, de outro os bracarenses - que até estavam à frente na classificação -, tranquilos, jogando com o relógio, sabendo que quanto mais tempo o nulo durasse, melhor para eles, pior para o adversário. Não admira por isso que a primeira-parte do F.C.Porto não fosse brilhante. Mesmo estando por cima e nunca permitindo grandes veleidades ao Braga - Casillas nunca esteve em risco de sofrer um golo - e até ao lance da clara grande penalidade e não menos clara expulsão - eh, pá, perguntem lá ao Cósmico, vosso "conselheiro" para as questões de arbitragem, se Artur Jorge não foi bem expulso e perguntem também, se 7 minutos de desconto foram muito tempo? -, o F.C.Porto já ter desperdiçado dois golos cantados - Diogo Jota e Óliver -, é verdade que o jogo do conjunto de Nuno Espírito Santo(NES) era pouco fluído, pouco esclarecido, não faltava coração, mas faltava calma e cabeça. Mesmo que até ao intervalo, para além do penálti que André Silva, falhou, ainda tivesse havido outra nítida sensação de golo, quando Danilo cabeceou ao poste e a bola andou ali a querer entrar, mas não entrou.
Resumindo: apesar de não ter atingido um nível alto, já no final dos 45 minutos iniciais o Dragão merecia estar na frente e com uma vantagem superior a um golo.

Se na primeira-parte, o conjunto de José Peseiro já podia dar-se por feliz por manter o nulo, na segunda, foi um autêntico massacre, um vendaval de futebol atacante que durante 52 minutos causticou a último reduto bracarense. Não se jogou nos tais 60 metros que NES alude nos seus já célebres rabiscos, jogou-se quase sempre em menos de 50 metros, o espaço estava completamente congestionado, eram 20 jogadores que por ali andavam, os de azul e branco a tentar marcar, os de vermelho e branco e defender, apenas defender. O F.C.Porto, como disse ontem e repito hoje, apesar das circunstâncias anteriormente referidas, jogou a um nível alto, tentou pela direita, pelo meio e pela esquerda, rematou muito, criou e desperdiçou oportunidades para ganhar, não um jogo, mas vários. Mas não havia maneira da bola entrar, S.Marafona, como se dizia antigamente, estava mijado, defendia tudo, parecia que a maior injustiça da época - de muitas épocas, até, digo eu -, se ia concretizar, mais uma vez o F.C.Porto não ia ganhar nem marcar. Felizmente não aconteceu, o jovem e talentoso Rui Pedro, com apenas 18 aninhos, mas com a frieza e classe de um veterano, marcou ao 90+5. Esse momento, para quem assistiu, foi uma espécie de Kelvin revisitado, uma forte emoção e uma grande explosão de paixão pelo F.C.Porto, apoderou-se de todos os portistas que estavam no estádio, levou o Dragão ao delírio. Exagero? Só para quem um pastel de Belém no lugar do cérebro. Foi uma reacção natural, um momento marcante.

Não sei o que aquele golo significará no futuro, esta equipa já nos habituou a ir do bom ao mau em muito pouco tempo, num carrossel de altos e baixos que nos leva ao desespero. Por isso não embandeiro em arco, não me atrevo a dar palpites para o futuro. Mas sei o que significou a noite de ontem e espero que aquela manifestação de crença, alma e raça, aquela capacidade de lutar até contra o destino, não tenha sido apenas um fogacho. Se acontecer, se for para valer - os próximos jogos responderão a todas as dúvidas -, então este PORTO não vai ser peru, vai ser Dragão.

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