sábado, 17 de dezembro de 2016
Iker Casillas, deu uma entrevista a Júlio Magalhães, no Porto Canal, está aí o link para quem não viu e quer ver. Com a ajuda do jornal O Jogo, deixo para análise algumas frases que julgo mais pertinentes, de uma entrevista que mostra a classe e o nível de Casillas, num diagnóstico correcto e objectivo de vários dos problemas que afectam o F.C.Porto de há uns anos a esta parte. E como estou com uma gripalhada das antigas, apenas deixo uma pergunta: está o F.C.Porto a aproveitar como devia tanta classe de uma das maiores referências do futebol mundial, de quase duas décadas?
Melhor exibição: "O que eu quero é que em cada partida eu esteja ligado à conquista de um título. Sinceramente, prefiro sofrer mais frangos e ganhar a Liga, do que realizar boas exibições e não conquistar nada... Mas o Benfica-FC Porto deu-me mais a conhecer».
Ambiente no balneário: "É um balneário engraçado, jovem, saudável, com um ambiente familiar. Isso é bom, tanto para nós como para o mister. Apesar das coisas não saírem bem em algumas partidas, todos nós nos esforçamos para que elas corram".
Equipa jovem: "Penso que
sou muito experiente e que o tempo passa. Mas também sinto privilégio e
orgulho de tentar dar conselhos, ajudar a gente mais jovem, há um bom
género de jogadores, que deram um passo em frente e isso é importante,
sobretudo para o FC Porto".
Respeito pelo "veterano": "A princípio veem-te com muito respeito, mas também sou uma pessoa que tento romper o elo de imediato e criar confiança. Sinto-me bem com todos e também acho que fiz para que me vejam como apenas um mais e não como um jogador que veio do Real Madrid, da seleção espanhola e que ganhou tudo, muitos títulos. Vim, quero desfrutar da cidade, mas também quero conseguir títulos. Não gosto quando perco uma partida, quando perco pontos ou quando as coisas não saem bem. O primeiro a sentir isso sou eu".
Título: "Queremos competir e lutar pelo título. Não pode suceder o que aconteceu o ano passado, em que faltavam quatro jornadas e já estávamos arredados da luta. Tivemos um mês sem ter essa meta, pois só depois competíamos a pensar na Taça de Portugal. Sabemos que não ser fácil, mas para chegar a esse momento teremos de competir desde hoje... O mais importante é competir no dia a dia".
FC Porto equipa mais forte?
"É a equipa que mais evoluiu. Apesar de mudar, cresceu mais do que os
rivais. As outras equipas mantiveram os seus blocos, nós tivemos de
fazer entrar jogadores e mostrar-lhes o que é a equipa, o clube e a
cidade. Isso não é fácil. Nesse sentido, acho que o FC Porto é o que se
adiantou mais".
Concorrência:
"O Sporting tem uma equipa consolidada. Eu conhecia pouco mas as
pessoas dizem-me que o Jorge Jesus coloca as suas equipas muito duras,
compactas. E nota-se na forma de jogar. Benfica tem sido o campeão,
ganhou três Ligas seguidas e nós não temos esse ADN de campeões, mas
precisamos de voltar a sentirmo-nos importantes e sermos campeões. E que
os rivais nos respeitem, mas temos a missão de ganhar. Isso é o que
temos de tentar conseguir. Vamos a meio, creio que nos faltou em algumas
partidas que empatamos a zero esse espírito ganhador. Estamos no bom
caminho, estamos em dezembro, estamos bem, por falta de sorte estamos
fora da Taça de Portugal, mas estamos na luta e é assim que temos de
estar em fevereiro e março. Lutar pela Liga, que é o que nos dá de
comer, o que gostamos no dia a dia, lutar também pela Taça da Liga e
esperar para ver o que dará a Champions League.
Benfica e Sporting: "Eu gostei mais do Sporting. Perdemos em Lisboa e com o Benfica empatámos, foi um milagre, muita sorte, mas isso conta dentro do futebol. Mas esse empate no Dragão não foi justo para nós, na primeira parte podíamos ter feito tranquilamente o 2-0 ou o 3-0, mas na segunda fomos penalizados. Isso também faz parte da experiência, há que aprender. Em Alvalade, o árbitro influenciou bastante no resultado, não sei o que lhe passou pela cabeça naquele momento, mas também não foi um resultado justo sobretudo a nível de arbitragem. Jogar fora é complicado, mas os dois golos do Sporting não foram justos".
Campeonato português: "É
uma competição dura, pois vais jogar a campos duros, que não são tão
espetaculares como o de Braga, Guimarães, Belenenses, Sporting, Benfica
ou o Dragão. Podemos perder pontos em partidas como a que jogamos com o
Feirense. Mas em campos pequenos, qualquer livre para a área, qualquer
canto, é praticamente uma ocasião de golo. Se facilitas, não estás
atento, podes perder pontos".
2015/16 com Lopetegui e Peseiro: "Todos tivemos responsabilidades. A verdade é que estávamos bem nas diferentes competições, mas o clube decidiu que houve dois resultados que não foram bons e deu-se a mudança. Há que respeitar, e apostaram no Rui Barros e depois no Peseiro. A equipa mudou, esteve diferente do que tínhamos visto, mas pagámos também a fatura das lesões, jogadores importantes que estiveram lesionados. E isso não foi bom. Essas coisas foram as que determinaram o desfecho da época. Acabou como acabou... A final da Taça foi um exemplo do resto da temporada. Havia que felicitar o Braga, os seus adeptos pela conquista, mas creio que foi uma equipa que fez muito pouco para estar a ganhar 2-0 ao minuto 50".
Nuno Espírito Santo:
"Joguei contra ele na sua etapa no Osasuna, conhecia de quando era
treinador do Valência. Em Espanha as pessoas são exigentes, e creio que
não houve calma com as exigências que tiveram com ele. Aqui foi um
jogador do clube, portista e creio que lhe estão a dar a tranquilidade
para que isto siga bem".
Balanço do trabalho com Nuno:
"Eu gosto. É um treinador dinâmico, que exige, que fala na cara quando
tem de falar, e isso é bom. Deixa os jogadores falar, há que haver uma
relação de falar, opinar, sempre com respeito mútuo".
Época atual:
"Tem sido um ano de muitas mudanças outra vez. Saíram uns, entraram
outros jogadores, jogadores jovens inclusive. E isso não é fácil. Temos o
Benfica e o Sporting que já estão mais armados, com jogadores que já
jogam juntos há algum tempo, mas nós não. Houve mudança de treinador,
têm que assimilar as matrizes que preconiza o mister, o mister tem de
entender também a equipa que tem, os seus jogadores. Mesmo com isso
tudo, creio que a temporada está a ser boa, está a correr bem. Porquê?
Porque conseguimos uma qualificação na Champions, é certo que caímos na
Taça de Portugal - creio que injustamente, pois não pudemos acabar 0-0
essa partida -, mas não foi só pela nossa responsabilidade, mas por
outras pessoas que têm responsabilidade no jogo, más decisões, todos
somos humanos e erramos, evidentemente. A Taça da Liga é muito
importante para nós, porque é o último título do ano e o FC Porto tem de
lá estar, em Faro. É verdade que houve duas ou três partidas em que não
estivemos com sorte, mas estamos aí. Não dependemos de nós, é certo,
mas ainda há muito caminho para percorrer esta temporada. Às vezes,
quando as coisas não correm bem, têm de retirar coisas positivas. Se se
passasse igual ao ano passado, teríamos perdido a maioria das partidas.
Este ano, pelo menos, deixamos de sofrer golos em muitos jogos. O grupo
está mais homogéneo e mais forte".
Juventus pela frente na Champions: "De todo o mal que te podia calhar, saiu-nos uma senhora equipa. Já defrontámos o Roma, que está a lutar com a Juventus pelo título e ganhámos lá. É certo que tem grandíssimos jogadores, mas muito do êxito que possamos ter em Itália passará necessariamente pelo resultado que conseguirmos no Dragão. Temos de fazer as coisas bem em casa, competir, lutar, ante um rival que nos últimos anos tem estado sempre nos quartos de final, meias-finais e finais. Vai ser um rival muito difícil".
Hipóteses do FC Porto: "Creio que será 50 por cento de possibilidades para cada um, é o mais justo. Não troquei mensagens com o Buffon, mas é sempre bom encontrar-me com amigos e gente tão importante no futebol como é Buffon. Já nos defrontámos muitas vezes, houve coisas boas e coisas más. Estamos a falar de um guarda-redes que, juntamente com Petr Cech, tenho tido uma ligação especial nos últimos anos".
Melhor momento em Portugal: "O meu melhor momento em Portugal será quando estiver nos Aliados, a festejar um título e desfrutemos todos. Afinal é o que todos queremos e o que eu quero. Era uma forma de agradecer aos adeptos, que semana após semana, têm-nos apoiado, animando a equipa em momentos bons e nos maus".
Coloquei esta frase no final do post, por uma razão:
É a cereja no cimo do bolo, de uma grande entrevista.