sábado, 4 de fevereiro de 2017
Em dia de muita chuva e muito vento, num Dragão quase cheio - 48.329 espectadores - e com um grande ambiente, F.C.Porto e Sporting defrontaram-se em mais um clássico de grandes tradições no futebol português. Venceu o F.C.Porto e com a vitória para além de chegar, mesmo que provisoriamente ao primeiro-lugar, se não houver um cataclismo em que o futebol é fértil, praticamente garantiu um lugar na Fase de Grupos da UEFA Champions League, colocou-se como o único adversário do Benfica na luta pelo título. Não foi um Porto brilhante, longe disso, foi preciso sofrer muito, demasiado, digo eu, mas nestes jogos em que está tanto em jogo... que se lixe o brilhantismo!...
Nuno Espírito Santo(NES) foi audaz, Casillas, o quarteto defensivo do costume, Maxi, Felipe, Marcano e Alex Telles, Danilo e Oliver, com Corona e Brahimi nas alas, André Silva e Soares pelo meio, numa dinâmica que obrigava o mexicano e o argelino a terem de defender, algo que não estão muito vocacionados e façam com prazer e o F.C.Porto não podia ter começado melhor. Marcou cedo e marcou pelo estreante Soares, com isso tirou a possibilidade do Sporting fazer o jogo que queria e assim, mesmo tendo mais bola, a equipa de Jorge Jesus nunca encontrou espaços para ser uma equipa muito perigosa. Já os azuis e brancos, mesmo com algumas precipitações e hesitações, quando em posse tiveram critério nas saídas para o ataque, causaram alguns calafrios à defesa leonina. E numa dessas saídas Danilo recuperou a boal, viu Soares a desmarcar-se, colocou-lhe a bola redondinha na frente e o ex-Vitória, com classe, contornou Patrício e fez o segunda da sua conta, deixando os Dragões com uma vantagem de dois golos ao intervalo.
A primeira-parte pode resumir-se, um F.C.Porto pragmático e coeso a defender, objectivo e eficaz no ataque, aproveitou bem as oportunidades, conseguiu uma vantagem e um resultado que era excelente, acima das melhores expectivas e da qualidade exibicional.
Para a segunda-parte, com o Sporting a ter de reagir e ter arriscar tudo, primeiro, era preciso manter a concentração e organização, depois não permitir que a a equipa de Jesus dominasse à vontade, com bola, saber o que fazer com ela, sair bem, aproveitar os espaços para tentar matar o jogo. Não aconteceu, em clara superioridade no meio-campo os leões dominavam à vontade, tinham largura e jogo interior, criavam grandes dificuldades ao sector defensivo azul e branco. Foram cerca de 15 minutos de aflição, o golo adivinhava-se e veio a acontecer, com o jogador a ter tempo para tudo à entrada da área. Uma pergunta: porque não reagiu NES quando entrava pelos olhos dentro que era preciso alguém para equilibrar as coisas no meio e Adrien - sou do tempo em que o capitão do Benfica, no caso Humberto Coelho, era árbitro e fiscal-de-linha, nunca tinha visto um jogador passar 90 minutos junto ao árbitro a reclamar de tudo e mais alguma coisa, como fez hoje o capitão do Sporting - já tinha enviado um remate à barra? Depois do golo, então sim, o técnico dos Dragões mexeu, tirou um André Silva muito abaixo do que sabe, meteu André André e se o Sporting continuou melhor, já não teve tantas facilidades em manobrar, o perigo que criou foi mais de lances de bola parada que lances construídos à vontade, como tinha acontecido nos 15 minutos iniciais da etapa complementar. Mesmo assim, valeu Iker Casillas com duas enormes defesas - uma no último suspiro do jogo - para que mais uma vez o F.C.Porto não sofresse as consequências de permitir tantas facilidades ao adversário.
Notas finais
Não vale a pena criar ilusões, azul e branco é o coração e na luta pelo título vai ter de ser um Porto muito à base do coração.
Não conhecia bem Soares, hoje encheu-me as medidas e diz ele, ainda preciso de mais intensidade. Se a amostra for para valer... compreendo a comparação com Derlei. Com Soares a preencher toda a largura do ataque, é preciso trabalhar bem a dupla com André Silva, encontrar os espaços de cada um.