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quarta-feira, 22 de novembro de 2017


O futebol é um jogo simples. Se em vez de simplificar, complicamos, temos um problema. Passa muito por esta síntese, a minha análise ao jogo de ontem em Istambul, jogo em que o F.C.Porto conseguiu sair vivo do inferno turco.
Receber bem, perceber se deve ir, forçar, sujeitar-se a perder a posse da bola; ou tocar bem e ir, isto é, complicar em vez de simplificar, faz toda a diferença. Com o Besiktas impulsionado por um público que intimida e condiciona, a pressionar alto, pedia-se à equipa do F.C.Porto, primeiro, capacidade para pensar e executar rápido; depois, jogar a um dois toques, tocar e ir, em vez de forçar. Ora, salvo raras excepções, não foi isso que aconteceu. Houve jogadores que abusaram, passaram o jogo todo de complicador ligado, no caso, Brahimi e Aboubakar. E se Brahimi é um caso especial, porque foi graças a ele que o F.C.Porto queimou linhas e conseguiu aparecer na frente com perigo, já Aboubakar não se compreende. O camaronês agarrou-se demasiado à bola, não soltou, fartou-se de forçar, complicar em vez de jogar simples, aguentar, tocar e ir, que é a função de um avançado quando recebe a bola em zonas longe da área. E se o desgaste de estar muitas vezes sozinho, já era grande, ter de tentar recuperar bolas perdidas, porque complicou, desgastou ainda mais. E neste momento não nos podemos dar a esse luxo.

Outro problema é a qualidade de passe e não estou a falar de passes de risco... Não sendo este Porto, um Porto de posse, mas um Porto rápido a sair, vertical e que coloca muita gente na frente, errar um passe numa zona de transição, quando a equipa está balanceada para o ataque e projecta os laterais, pode ter efeitos nefastos, custar caro. Por exemplo, o amarelo a Sérgio Oliveira, derivou de um mau passe de Felipe que obrigou o médio a fazer falta para cartão, no entendimento do árbitro. Por exemplo, jogadas em que apanhamos o Besiktas desequilibrado, tínhamos espaço, mas a bola não chegou bem ao destinatário, sem esquecer algumas más opções. Temos de passar melhor e muitas vezes não passamos por nítida desconcentração, temos também de definir melhor no último terço.
No mais, atitude, carácter, coração e coragem, esta equipa tem de sobra e isso tem feito a diferença.
Esta análise e estas críticas, são pela positiva, nada tem a ver com aquilo que considero um excelente resultado no jogo de ontem. Empatar e conseguir sair daquele ambiente, vivo, frente a uma equipa do Besiktas excelente, colectiva e individualmente - para mim, melhor do que a do F.C.Porto - e a depender de uma vitória no último jogo em casa, é um feito que merece ser realçado e elogiado.
Como digo sempre, devemos saber adaptar o grau de exigência e eu não posso exigir mais ao F.C.Porto, na Champions. Como será um grande feito, atendendo à qualidade das equipas do Grupo G, o apuramento para os oitavos-de-final e que está longe de estar garantido.

José Sá, a grande surpresa da época, já marca muitos e bons pontos.
Na altura que substituiu Iker Casillas, por José Sá, a opção de Sérgio Conceição foi uma grande surpresa, posso até dizer, injusta e que caiu mal junto de uma grande franja do portismo. Casillas vinha a cumprir, nada indicava a alteração num posto tão melindroso e de tanta responsabilidade. Mas manda quem pode, obedece quem deve, mesmo que não concorde, como foi na altura o meu caso. Mas agora que José Sá, ninguém levará a mal se disser que é o titular da baliza do F.C.Porto, pese todo o respeito pessoal e profissional que tenho por Iker Casillas, acho que a opção está a revelar-se correcta.
Alto, 1,92 metros, ágil, rápido a ler o jogo e a sair da baliza, bom no jogo aéreo e sem comprometer a jogar com os pés, José Sá, jovem com apenas 24 anos, portanto alguém que vai crescer e ganhar experiência, ultrapassar a responsabilidade e o peso de defender uma baliza como a do F.C.Porto, pode marcar uma era, vir a ser uma referência na baliza dos Dragões. Claro que vai dar uns frangos - até os melhores os dão -, ter dias felizes e menos felizes, mas se tiver sorte, sempre importante no futebol - há lesões que acabam com carreiras muito promissoras -, temos homem.
Aliás e sem menosprezo para ninguém, com José Sá e Diogo Costa, F.C.Porto tem o futuro da baliza assegurado por muito tempo...

Sem dúvida, senhor presidente, Sérgio Conceição merece todos os elogios. Não sabemos como tudo vai terminar, mas até ao momento está claramente acima das expectativas, devemos todos e o senhor em primeiro lugar, valorizar o trabalho que tem sido feito, porque, repito aquilo que disse há tempos, Nunca um treinador fez tanto com tão pouco. Mas para quê continuar a "bater" em Julen Lopetegui? O actual seleccionador espanhol chegou à cadeira de sonho à força, de metralhadora em punho e apontando à sua e dos seus colaboradores, cabeça? Foi também à custa das armas que lhe deram um poder como nunca ninguém teve no seu longo consulado como líder do F.C.Porto? Não, não foi. E se é verdade que o técnico basco cometeu erros, também é verdade que foi vítima de um polvo instalado, de não ter qualquer apoio quando a comunicação social e desde o primeiro dia, o começou a cozinhar em lume brando. Era a torre no Olival; o facto de não ter experiência na Champions; só trabalhar com miúdos; a armada espanhola; etc.. Com isso Lopetegui nunca teve descanso, a confiança do portismo, foi assobiado, insultado e denegrido. Tivesse o treinador espanhol, já não digo o mesmo apoio - é natural que haja sempre mais simpatia por uns que por outros -, mas metade do que têm os dois últimos, Nuno Espírito Santo e Sérgio Conceição e talvez a história fosse outra, aquele campeonato de 2014/2015 viesse para o Dragão.

Olhemos para a frente, porque para a frente é que é o caminho e deixemos de andar atrás de bodes expiatórios que não levam a lado nenhum e só servem para confundir e perturbar.

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