quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
Notas de abertura:
Bocas de benfiquistas e sportinguistas, faz parte do folclore, quando lhes toca a eles e ainda esta época tocou e de que maneira, também fazemos o mesmo. Agora que haja portistas que só reagem para zurzir em tudo e todos, quando as coisas correm mal, aí já é outra coisa, não aceito. Ponto!
A discussão José Sá versus Iker Casillas já foi feita na altura em que o treinador tomou a decisão de trocar o guarda-redes espanhol pelo português. Dizer agora que ontem devia ter jogado o Iker em vez do José, depois deste último ter estado muito bem nos jogos frente a Braga, Sporting e Chaves, é fazer prognósticos após os jogos e eu isso nunca faço.
Iker daqui a 3 meses está fora do F.C.Porto, José Sá é o futuro. Ponto!
Dito o que era preciso, vamos ao que interessa.
Um portista que num espaço de 8 anos - entre 2003 e 2011 - viu o seu clube vencer quatro troféus internacionais, incluindo esse feito extraordinário que foi a conquista da Champions em 2004, é natural que ontem tenha saído do Dragão, triste e amargurado perante a constatação de uma realidade que é muito dura e custa muito a aceitar. Mas é bom que sejamos pragmáticos e objectivos. Primeiro, porque esta décalage vai ter tendência a aumentar - quando o Liverpool gasta 70 milhões na contratação de um defesa-central ou quando o último classificado da Premier League recebe mais por ano, só de direitos televisivos, que o orçamento do F.C.Porto, está tudo dito. Segundo e ainda sobre o jogo. Repito: o Liverpool é muito melhor que o F.C.Porto, em condições normais, isto é, as duas equipas a jogarem o seu melhor, ganha. Em condições anormais, como aconteceu ontem, Porto privado de três jogadores importantes e a cometer erros graves, pior. Como o mais forte tem um ataque fantástico, jogadores que com espaço são letais e que só precisam de meia oportunidade para fazer golo, o jogo pode acabar, como aconteceu ontem, em goleada.
Como conclusão, para mim é claro:
Só temos capacidade para enfrentar estas equipas e não dar barraca, se fizermos uma exibição perfeita.
Para além de tudo o que já referi, ainda existe outro problema que prejudica as equipas portuguesas que participam nas provas europeias. O nosso futebol é um futebol de faltas e faltinhas, verdadeiros concertos de apito, jogo quase sempre interrompido. Quando apanhamos uma equipa habituada a outros ritmos e a um futebol de contacto permanente, um árbitro de critério largo e que deixa jogar, também pagamos um preço. O segundo golo do Liverpool é um exemplo paradigmático. Defesa e em particular Alex Telles, à espera de uma falta, o árbitro não assinalou, Salah vem de trás do lateral portista e com o génio que o caracteriza faz golo.
Agora, depois destes lugares comuns, mas que deviam sempre sempre presentes no espírito de quem treina e joga quando defrontamos equipas deste calibre, temos todos duas hipóteses: ficar a lamentar a nossa triste sina, vergados ao peso de um resultado que ninguém estava à espera, ou transformamos a nossa tristeza num sentimento de revolta já no próximo jogo, damos um sinal que não é uma noite, por mais negra que seja, que vai abater este Dragão que não tendo a chama de outrora, em particular na Europa, ainda tem chama suficiente para alcançar os objectivos pretendidos. Coitados daqueles que caindo, mesmo com estrondo, ficam prostrados, não são capazes de reagir.
Vencemos o campeonato com Jesualdo Ferreira, numa época que fomos goleados pelo Arsenal e até ridicularizados.
Notas finais:
Há quem diga que tivemos demasiado respeito, até medo do poderio do Liverpool. Até ao primeiro golo dos ingleses não vi medo nenhum. Depois do segundo que, recorde-se, veio passados apenas 4 minutos, é natural que a força anímica não fosse muita, a reacção fosse tímida. E quando o adversário em cada ataque fez golo, não há alma nem crença que resista, então é que fica complicado, quem está lá dentro só se pede que o jogo acabe depressa.
No chiqueiro da queimada tem uma sondagem com esta pergunta:
«O resultado do F.C.Porto é uma humilhação para o futebol português?»
Se eu tivesse algum poder no F.C.Porto, podem ter a certeza que ia querer saber se quando o Benfica levou cinco em Basileia, tinham feito a mesma sondagem e colocado a mesma perfgunta. E se a resposta fosse não, eles iam penar. Ai se iam... Como não tenho poder nenhum, pergunto: até quando vamos permitir, sem raegir, estas provocações?