Claro que ninguém desiste. Claro que enquanto for matematicamente possível todos os portistas têm a obrigação de acreditar e apoiar. Mas não é isso que temos feito, cada um dentro das suas possibilidades, mesmo quando as coisas correm mal, mesmo quando, por exemplo, fomos goleados em casa por 5-0 pelo Liverpool, numa derrota histórica, a desilusão e frustração eram muito grandes? Querem melhor resposta que os milhares que foram a Liverpool, apesar de já não haver qualquer esperança e mostraram tal paixão e fervor clubista que impressionou os ingleses e não só? Querem melhor exemplo que o de ontem, quando a um dia de semana e num jogo que começou às 20 horas, estavam mais de seis, sete, oito mil? portistas no Restelo? Querem maior prova de apoio que o facto de um jogo frente a um adversário não muito apelativo, o D.das Aves, já estarem vendidos mais de 35 mil bilhetes? Alguém tem dúvidas que na Luz também não faltará um grande apoio? Mas, repito, os adeptos não treinam, não escolhem quem entra de início, quem entra durante o jogo, não dão a táctica nem escolhem a estratégia, não jogam. Não são os adeptos que estão, literalmente, a entregar o ouro ao bandido. Portanto, a bola está do lado de quem treina e de quem joga, são eles que têm de provar que querem tanto como nós queremos, que crêem tanto como nós cremos, que acreditam tanto como nós acreditamos. Mas na prática e não apenas na roda do final do jogo. São eles que têm de mostrar estofo, gritar, não, não voltamos ao passado de má memória em que chegada a hora da verdade, falhávamos sempre. Os adeptos têm andado com a equipa ao colo, só lhes falta entrar em campo e jogar. Nunca os adeptos do F.C.Porto desmobilizaram, apesar de darem tanto e receberem tão pouco.

Como podemos ultrapassar esta fase, recuperar as virtudes que nos trouxeram até aqui? Para além de tudo e o tudo não é pouca coisa, é preciso recuperar a serenidade, esfriar a cabeça. Cabeças quentes tomam decisões precipitadas, erradas - serve para treinador e jogadores.

Se há coisa que mexe comigo, é sentir-me impotente para lutar contra alguns biltres da escrita e da palavra. Tenho pena, muita pena mesmo, de não estar no lugar de alguns portistas, nem que fosse apenas por uma vez, para ter oportunidade de estar cara a cara, olhos nos olhos com alguns desses biltres, confrontá-los com aquilo que dizem e fazem agora, com o que disseram e fizeram no passado, Por exemplo, sobre arbitragem; protagonismo dos directores de comunicação; promoção do anti-futebol; silêncios cumplices e comprometidos versus ataques sistemáticos e ondas cavalgadas, incluindo a promoção e destaque de denúncias anónimas direccionadas e sempre com o mesmo objectivo. Para dizer na cara do Serpa, do Quaresma ou do freteiro Delgado, que não passam de uns prostitutos ao serviço do Benfica, não têm moral para atacar ninguém. Ainda tenho mais pena e ainda me custa mais, ver que o F.C.Porto não faz nada contra esta gente.