terça-feira, 29 de abril de 2025
Não está fácil, está até muito difícil. Mas nunca seria fácil substituir um líder carismático, com uma obra grandiosa e um currículo impressionante e depois de uma campanha eleitoral muito dura.
Não está fácil, está até muito difícil. Mas nunca seria fácil em condições normais, muito pior em condições anormais. Porque os perdedores não se conformam, atacam e criticam tudo, uns por interesses particulares, porque perderam mordomias e não disfarçam como isso os incomoda - esses são notoriamente revanchistas, ressabiados, não têm respeito por quem foi democraticamente eleito e dirige o FCP clube e SAD. Também há outros, incluindo muitos que votaram pela mudança, absolutamente necessária, esses sofrem com o que está a acontecer, coma um época que está a ser muito negativa. E se a gestão desportiva e de expectativas merece críticas - mais à frente direi o que penso sobre esses dois itens - também é verdade que AVB recebeu uma herança muito negativa. Mas porque tenho memória, conheço a história e sei que, tal como aconteceu no passado e mais do que uma vez, mesmo nos 42 anos de JNPC, o FCP vai sair desta época negativa e no futuro, acredito mais a curto que a médio prazo, vai voltar a ganhar títulos naquela que é a modalidade rainha e dá nome ao FutebolCP.
Para isso é preciso aprender e se necessário, assumir os erros, fazer um diagnóstico rigoroso, mudar o que é preciso mudar e seguir em frente.
Dito isto, se sobre aquilo que correu bem, a gestão financeira, não vou aprofundar, um, porque não sou especialista, dois, porque o sentimento claramente maioritário é que correu bem. Assim, duas notas sobre aquilo que considerado como os aspectos mais negativos deste 1º ano de AVB.
A gestão desportiva não foi melhor.
Se a aposta em Vítor Bruno por tudo o que se passou com o treinador anterior, por ser adjunto, já era de risco, faltou capacidade para deixar claro quando a relação treinador com alguns jogadores se começou a deteriorar, que Vítor Bruno ia até ao fim, quem não estivesse bem, porta da rua é serventia da casa. Idem para a pressão vinda de fora e com epicentro naqueles que nunca se conformaram com o resultado das eleições, aproveitaram tudo para contestar e o treinador é sempre um alvo mais fácil - claro que não se pode mudar um plantel ou um grande número de jogadores, a saída do técnico está mais à mão, mas quando no passado com Vítor Pereira alguns jogadores não tinham foco e compromisso total, não tinham o respeito devido ao líder da equipa técnica, em Janeiro, presidente e estrutura do futebol não hesitaram em manter o treinador e despachar os mais contestatários. Mesmo com a contestação vinda de fora, os ataques, insultos, assobios e ameaças ao treinador a ser muito grande. Não sei o que teria acontecido com Vítor Bruno, mas sei que Vítor Pereira foi campeão e depois bicampeão. Saiu Vítor Bruno e entrou, contra todas as expectativas, um treinador, Martín Anselmi que, aposto, a esmagadora dos adeptos do FCP não conhecia. Impõe-se por isso a pergunta: porquê o treinador argentino, alguém com contrato com outro clube e que obrigava a uma indemnização? Porquê um treinador com um sistema que não é aquele que caracteriza o FCP ao longo de muitas décadas, atrevo-me a dizer, da história do FCP e que só excepcionalmente foi utilizado? Esta questão do treinador é muito importante porque o treinador é uma peça decisiva no projecto de um clube com a dimensão do FCP. Porque quando se tem um treinador bom, até um jogador fraco parece muito bom. Já quando o treinador é fraco até os craques parecem pior do que são. E se há várias atenuantes - um plantel que já não era famoso, ficou pior porque não havia, nas actuais circunstâncias, como dizer não às propostas por Galeno e Nico. Se aceito que pela altura, em cima do fecho do mercado, substituir por substituir, não valia a pena e os dois contratados, William Gomes e Tomás Pérez são dois jovens para rentabilizar no futuro (pelo menos é o que espero), porque depois da saída de Taremi, Evanilson, Toni Martínez e em início de Janeiro, Fran Navarro, porque não foi contratado um avançado? -, como se explica que agora o FCP jogue mal, não há nenhuma melhoria apesar de só haver jogos de semana a semana e haver tempo de sobra para treinar, criar automatismos, ver uma equipa minimamente organizada, compacta, que domine os vários factores do jogo, tenha alguma eficácia nos lances de bola parada? Porque não há qualquer evolução colectiva e individual? Como é que qualquer equipa, mesmo as mais fracas do campeonato e lutam apenas para se manter, não raras vezes jogam melhor que o FCP, quase sempre equilibram os jogos e nalguns casos, como foi o caso do jogo da Amadora, até criam muitas mais oportunidades que o FCP? Não é isso que se espera de um treinador que esteja no FCP? Não foi para isso que aconteceu a chicotada psicológica?
Gestão das expectativas.
No início desta temporada porque conhecia bem a situação e era uma questão de bom senso, disse, mais coisa menos coisa, aquilo que tinha dito no início da temporada 2017/2018. Temporada que terminou com um longo período de seca - 4 anos com apenas a conquista de uma Supertaça -, o mais prolongado do longo consulado - 42 anos - de JNPC como presidente do FCP.
Pela sua grandeza, história, por ser o clube de mais e maiores sucessos do Século XXI, o FCP está sempre obrigado a lutar por títulos. Mas uma coisa é vir de uma era vitoriosa, ter um plantel de grande qualidade e ter uma boa situação financeira, outra é não ser esse o contexto. A situação financeira era muito complicada, o plantel tinha claras limitações - na época anterior o FCP ficou em 3° lugar a 18 pontos do 1° -, ficou bem pior com saídas de vários jogadores titulares e os substitutos... Portanto, FCP candidato, sim, obviamente, mas não favorito, FCP partia em 3° lugar na grelha de partida. Não foi o que aconteceu, até fomos considerados favoritos a vencer a Liga Europa e as consequências estão aí. E começaram logo quando o Bodo/Glimt foi considerado uma equipazinha qualquer que o FCP tinha de ganhar e até, no espírito de alguns, de forma fácil - pois, os noruegueses estão nas meias-finais da Liga Europa.
Ser realista, ter consciência das dificuldades, baixar as expectativas, não significa que não se jogue sempre para vencer, não se ganhe.
Não é novidade, mas importa ter sempre presente e ir repetindo.
Coitados daqueles que não são capazes de conviver com a exigência e pressão de um grande clube. O FCP é um clube de topo, habituado a ganhar, por isso de grande exigência e pressão máxima. Se não estás preparado vai ao gabinete do presidente e pede para sair. Se não fazes isso e continuas, não podes amuar, tremer aos primeiros assobios ou a uma ou outra boca, para além disso tens de dar o litro, ou até mais... Podes não ser um craque, ter várias limitações, mas se não és capaz de compensar com carácter, atitude, raça, verdadeiro espírito do Dragão, faz o mesmo, vai ao gabinete do presidente e pede para sair. Mas se te julgas acima do FCP, estás muito enganado. Nem os grandes craques do passado, aqueles que deixaram marcas profundas e têm o seu nome gravado na história do FCP e com estátua no Museu, se sentiram assim e os poucos que acharam o sapato do FCP demasiado pequeno para o seu pé, alguns se o arrependimento matasse...