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terça-feira, 4 de agosto de 2009






As duas primeiras fotos são relativas à festa de homenagem aos campeões da época 1967/1968, em todas as modalidades. O último título antes da longa travessia do deserto -19 anos - foi em 1958/1959 e dessa época não podia ter memórias - quem tiver e quiser partilhar, faça favor...

Já da temporada que as caricaturas fazem referência, 1977/1978, tenho muitas e inesquecíveis, recordações.
Depois da ter conquistado a Taça de Portugal do ano anterior, frente ao Braga, em jogo disputado no Estádio das Antas - golo de F.Gomes -, o F.C.Porto orientado por J.Maria Pedroto, partia com grandes e legítimas ambições para essa época. Depois de ter iniciado bem o campeonato - já não me lembro com quem, mas goleamos... -, logo na segunda-jornada derrota no Estoril por 2-0 e a minha primeira recordação, desagradável, como devem calcular. Andava na tropa nos Comandos - eram só benfiquistas, desde o Comandante, Jaime Neves, até aos mais básicos soldados - e convenci alguns amigos a irem comigo ao Estoril ver o jogo dizendo-lhes que aquele Porto não ia dar hipóteses e ia ser o fim do jejum. Levei um grande baile, com eles a dizerem-me, de forma "simpática":- este ano é que vai o quê?
Os tempos foram passando, iamos ganhando, as coisa estavam equilibradas e no último jogo da primeira-volta fomos jogar a Braga. A equipa bracarense muito bem orientada por um argentino, Imbelloni, estava a fazer um magnífico campeonato e era um adversário terrível. Eu lá estava e aquilo é que foi sofrer: estivemos a perder até 10 minutos do fim, mas nunca desistimos... Com alma e raça, demos a volta o que levou Pedroto eufórico a dizer: - este Porto tem estofo de Campeão! Os tempos foram passando, a guerra das palavras entre técnicos e dirigentes dos dois principais candidatos ao título não parava, até porque o "Zé do Boné" e o na altura, responsável pelo futebol do F.C.Porto, Pinto da Costa, eram uns "guerreiros", não tinham medo... Pedroto tem a declaração que marcou a temporada:- o Benfica não tem estofo de Campeão, ganha à rasca e com a ajuda dos árbitros.
Foi o bom e o bonito, com a máquina de propaganda vermelha - já existia, mas não era tão facciosa, sectária e fundamentalista como agora -, a atirar-se a Pedroto com tudo e a transformar o campeonato num barril de pólvora. Estavamos perto do fim e iamos jogar a Alvalade: lá fui, vestido à tropa, ver o jogo e fiquei na pista de ciclismo junto a vários camaradas militares como eu e sob as vistas atentas de um tenente, lagarto, mas que entre Porto e Benfica, torcia por nós - naquela altura os quartéis recebiam convites e quem quisesse ir ao futebol, desde que não estivesse de serviço, podia ir. Como nesse fim-de-semana a minha companhia estava de alerta e não dava para ir a casa...0-1, 1-1 - penalti que Fonseca defendeu, mas o árbitro mandou repetir e golo -, 1-2, 2-2 e 2-3.
Não me contive e boina no ar...resultado: problemas e um sério aviso... Valeu o tal tenente não ser vermelho, caso contrário...
E veio o F.C.Porto-Benfica, o jogo do título: muita confusão antes do jogo por causa da nomeação do árbitro, Manuel Vicente, de Vila Real, que, diziam os benfiquistas, era compadre de Pedroto. Habituados que estavam a ter os juízes que queriam, os vermelhos fizeram um grande escarcéu, para lançar a confusão e criar pressão, sobre uma equipa que tinha sobre os ombros a responsabilidade de acabar com um jejum que já durava há 19 anos.
Conseguiram e a equipa do F.C.Porto, que tinha um ponto de vantagem e se ganhasse, ficava com 3 a duas jornadas do fim, nunca foi capaz de jogar ao seu melhor nível. Para ajudar à festa, um auto-golo de Simões - defesa-central do F.C.Porto -, colocou o Benfica em vantagem, vantagem essa, que podia ter sido ampliada, se Humberto Coelho não quisesse ser o herói e tivesse deixado Nené, que estava melhor colocado, fazer o golo. A bola bateu na barra, não entrou e passados alguns minutos, na sequência de um livre o F.C.Porto empatou por Ademir. Foi o delírio: muitos portistas que já não acreditavam, choravam de alegria; garrafas de champanhe foram abertas e bebidas, mesmo com o líquido a uma temperatura pouco aconselhável; pessoas que não se conheciam abraçavam-se, enquanto as macas subiam as bancadas para retirarem aqueles que com o coração mais fraco, não resistiam à emoção...Mas, meus amigos, o sofrimento e a emoção não terminaram: em Coimbra penúltimo jogo, o F.C.Porto entrou bem dominou, encostou a Académica atrás, mas não marcou e depois, na segunda-parte foi sofrer a bom sofrer, para manter o 0-0.
30ª jornada e última jornada com Porto e Benfica empatados nos pontos, mas com o F.C.Porto em vantagem na goal-average: como tinham empatado os dois jogos entre si, o clube azul e branco tinha vantagem na diferença entre marcados e sofridos.
F.C.Porto nas Antas frente ao Braga e Benfica frente ao Riopele na Pousada de Saramagos, próximo de Famalicão. Vitória portista por 4-0, e vitória do Benfica por 1-4.

Porto Campeão ao fim de 19 anos de jejum. Imaginem a festa!

PS- Agradeço ao Armando Pinto as fotos que emolduram o post.

Clicar nas imagens para ver e ler.

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