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quarta-feira, 19 de outubro de 2011


Fica difícil saber por onde começar, na noite triste, na noite em que pior que o mau resultado e uma grande desilusão, fica uma exibição muito fraca, uma exibição que nos deixa preocupados para o futuro.
Vi coisas esta noite que já não via há muito tempo. Equipa desorganizada, mal posicionada, sem conjunto, nem ritmo, sem alegria, sem alma, sem crença, sem estôfo. Hoje fomos a antítese daquilo que é nossa imagem de marca. Estamos, lamentavelmente, a regredir. Porquê? É isso que vou tentar explicar, com a maior objectividade possível.

Primeiro, falhou o discurso. A Champions, reconheço-o com toda a naturalidade, não tem nada a ver com a Liga Europa, mas quando estamos a falar desse maior grau de dificuldade, estamos a pensar no Barcelona, no R.Madrid, no Bayern, no Manchester, não estamos, meu caro Vítor Pereira, a pensar no Apoel, equipa jeitosinha, mas nada de mais, não é, longe disso, uma equipa do nível do F.C.Porto. Foi hoje, é verdade e o resultado é justo, porque hoje não houve Porto no Dragão. Quando se aborda o campeão de Chipre, em casa, como se estivesse a abordar um papão do futebol europeu, está a passar-se a mensagem errada: treinador calculista, receoso, tímido, torna a equipa fraca, pouco ambiciosa.

Depois e em segundo lugar, a estratégia. Se a equipa que entrou em campo, não merece críticas, já a forma como ela funcionou, merece muitas. Não tivemos defesa, não tivemos meio-campo, não tivemos ataque, não tivemos posse e se tivemos maior tempo com a bola nos pés, foi cá atrás, nas trocas entre os defesas, foi uma posse no nosso meio-campo.
Mas se a defesa, intranquila, nunca deu mostras de grande segurança, tem a seu favor, um meio-campo muito abaixo das suas capacidades. Ora, costuma dizer-se que os jogos são bons, maus ou assim-assim, conforme o rendimento do meio-campo e hoje, tirando um Fernando, benzinho, o F.C.Porto não teve sector intermédio. Jogando muito atrás, muito junto da defesa, com Guarín e Moutinho a virem receber bolas dos pés de Rolando e Otamendi, o espaço entre linhas era enorme, o campo estava mal preenchido e quando a bola chegava à frente, os avançados pareciam ilhas no meio de um oceano de jogadores cipriotas que ganhavam as primeiras e segundas bolas. A juntar a isso, Guarín e Moutinho, erraram passes em demasia, não filtraram os contra golpes, não pressionaram, não criaram, jogaram muito pouco e muito tempo. E aqui parto já para outra crítica de que tinha dado o lamiré no post de antevisão. Não pode haver intocáveis. Moutinho que considero um grande jogador, não está bem e se não está bem, só tem de sair e esteve muito tempo em campo. Idem para Guarín, mas percebo melhor o caso do colombiano que na parte final, com o Apoel contente com o empate e a defender perto da área, podia fazer uso do seu excelente pontapé.

Sem bolas jogáveis, sem apoios, sempre cercados, os pouco inspirados Hulk, James e Kléber, não podiam fazer muito mais e só criaram algum perigo, num ou outro fogacho do Incrível. Muito pouco...
Nem aproveitamos o brinde do guarda-redes que nos colocou em vantagem, quando o jogo tinha dito pouco e nada tinhamos feito para ficar a ganhar.
Foi assim, com o Porto muito mal, que uma equipa normal, pareceu muito melhor do que de facto é.

Notas finais:
Não gostei de ver muita conversa com o banco, muita conversa entre os jogadores, dentro do campo, muita cabeça quente, pouco discernimento e pouca inteligência. Dá ideia que ninguém sabe o que fazer... O árbitro era fraco, irritava, mas tinhamos de ter percebido isso logo e evitado 8 cartões, alguns dos quais, por clara precipitação.

Nada está perdido, mas para atingirmos o objectivo, oitavos-de-final, temos de ganhar em Chipre. E para ganharmos temos de melhorar e para melhorarmos tem de haver coragem de colocar em campo os que estão melhores e não os que têm mais nome - estou a pensar em Mangala, Defour, Walter (no campeonato) e até Belluschi. O medo tem de dar lugar à ousadia. A vontade tem de ser muita e de todos. O discurso não pode tratar o Apoel como um papão e a equipa tem de voltar ao espírito que a caracterizou não vai há muito tempo. Sou um portista de fé, mas não cego e hoje vim muito preocupado.

PS- Aceito que critiquem o treinador, mas e fica o aviso: quem vier para aqui fazer apologia e tecer loas a treinadores de outros clubes, clubes rivais do F.C.Porto, a partir de agora, vai direitinho para o caixote do lixo.

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