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domingo, 1 de novembro de 2015


A nomeação de Bruno Paixão para o União-F.C.Porto foi recebida com um clamor de revolta pelo universo portista. Provocação, gozo, falta de respeito, o Pereira que o Benfica defende com unhas e dentes, perdeu completamente a vergonha, etc. e tal, foram palavras que se espalharam por esta nova realidade das redes sociais. Oficialmente ninguém do melhor clube português disse nada, apenas Lopetegui na antevisão fez uma referência ao árbitro e para dizer que confiava no profissionalismo dele. E no mais, chiu, não façam barulho... Esta posição do F.C.Porto, digo eu, deve ter a ver com a defesa da indústria do futebol. Não vejo outra razão. Já o Sporting através do seu presidente, não esteve com meias medidas, não gostou da nomeação de Jorge Ferreira para o jogo do seu clube frente ao Estoril e reclamou. Porto calado, Sporting a falar, tudo normal como se tem visto nos últimos tempos. Curiosamente ou talvez não, ouvi ontem alguns comentadores dizerem que não há problemas, os árbitros não se deixam condicionar, pressionar ou perturbar por aquele tipo de declarações. O que me levou a inventar o diálogo que se segue:
- O golo do Sporting foi de penalty, correcto?
- Correctíssimo!
- E o jogador que sofreu a falta não estava em fora-de-jogo?
- Estava, mas não importa, antes tinha havido uma mão na área de um jogador do Estoril, era penalty, o árbitro não assinalou e depois... Tudo normal, portanto. Nada de analisar à luz do que foi dito por Bruno de Carvalho.
- Ah, OK, emendou a mão, limpou-se! É sempre assim que analisam, ou é conforme dá jeito?
- Sempre assim, porque pergunta?
- Por nada, lembrei-me agora de um jogo entre Porto e Benfica, houve na 1ª parte um penalty sobre Lucho González que o árbitro não assinalou e depois assinalou um sobre Lisandro que não era. Nessa altura ninguém quis saber do não assinalado, foi uma gritaria por causa do assinalado, tanta que o Lisandro até viria a ser castigado com 1 jogo, por simulação, uma medida inédita.
- Sim, é verdade, mas isso era antigamente, os critérios agora são outros...
- Mas quando mudaram, foi apenas esta época?
- Não, nas duas últimas.
- Ai sim? Mas os árbitros deixavam-se condicionar, pressionar ou perturbar pelas declarações do treinador do F.C.Porto na época passada?
- Não, claro que não. Temos de ser coerentes...
- Certo, mas sonhei que o discurso era outro, não diziam que Lopetegui queria tirar benefícios das críticas aos árbitros?
- Não, não, nem pensar! Nós somos muito equilibrados, muito isentos, tratamos todos os clubes, dirigentes, treinadores, jogadores e adeptos, por igual, o que dissemos na temporada passada, dizemos nesta.
- Sem dúvida, eu é que ando baralhado. Já agora, o que acham das declarações de Luís Filipe Vieira, apelando à intervenção do presidente da Liga, para defender a indústria do futebol contra a gritaria leonina?
- É complicado, é preciso ter alguma calma, Vieira tem razão, mas Bruno também, estas picardias às vezes até são salutares, significa que o futebol está vivo, não vem daí mal ao mundo.
- Portanto, Vieira tem toda  legitimidade para falar, o comportamento dele nessa matéria sempre foi exemplar, sempre defendeu a chamada indústria do futebol, nunca fez, entre outras coisas que não vale a pena recordar, apelos aos adeptos para boicotarem as idas aos estádios, não fala agora porque lhe descobriram a careca, como dizia o meu avô?
- Não insista, é como dissemos antes, as coisas mudaram nos dois últimos anos...
- E Bruno de Carvalho, não está constantemente a provocar e a incendiar, a ir muito mais longe que Pinto da Costa alguma vez foi?
- Outra vez? Ó amigo, não nos comprometa e habitue-se.
- OK, correcto, estou esclarecido. Mas mais uma nota: acham bem que o Benfica tenha jogado com o Arouca e o Tondela em Aveiro e o F.C.Porto tivesse de ir jogar a Arouca e muito provavelmente tenha de ir jogar a Tondela? Acham que a verdade desportiva fica garantida, a indústria do futebol com isto não perde credibilidade?
- Arouca e Tondela não cometeram nenhuma ilegalidade.
- Compreendo, como vos compreendo, a ética, igualdade, moral... riem-se? Estamos em Portugal, o país das cortesias? Ah, sendo assim, depois de Jorge Jesus não admira que o homem do ano seja Bruno de Carvalho... ou o convertido, agora um verdadeiro anjinho, quiçá, santo, Luís Filipe Vieira. Não, não referi Pinto da Costa. A razão? Se o líder do F.C.Porto, nunca foi o homem do ano, mesmo quando ganhou tudo em Portugal e na Europa, ia ser agora que o F.C.Porto tem ganho tão pouco?

Nota final:
Um clube organizado e altamente profissionalizado como é o F.C.Porto e porque tem possibilidades, prepara as viagens da sua equipa principal com todo o cuidado, de maneira que ela tenha todas as condições necessárias para poder dar rendimento máximo - às vezes não dá, mas isso é outra história... Foi o que aconteceu na sexta-feira. Por razões que são conhecidas, a equipa não pôde aterrar no aeroporto do Funchal, teve de ir aterrar a Porto Santo. A partir daí, compete a dirigentes, técnicos e médico - há alterações naquilo que estava programado para refeições, descanso, etc. -, em diálogo com as autoridades locais, desportivas, mas não só, analisar e ponderar muito bem todos os cenários, se estavam reunidas as melhores condições para esperar e tentar jogar no dia e hora marcados. Não deviam estar e a opção foi adiar o jogo, mesmo que isso complique a vida do F.C.Porto no futuro. Sim, porque o jogo não ficou resolvido, foi adiado, temos de voltar à Madeira. Compreendo que os adeptos que se deslocaram à Pérola do Atlântico para ver o jogo, com o adiamento, tenham ficado tristes, frustrados e muito zangados, eu também estaria, mas quem teve de decidir deve tê-lo feito para defender os superiores interesses do F.C.Porto.

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