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segunda-feira, 12 de junho de 2017


Já é oficial, André Silva deixa o F.C.Porto e vai para os italianos do Milan, num negócio de 38 milhões de euros. Para mim é um excelente negócio.

O modelo de gestão desportiva do futebol do F.C.Porto - um clube grande, mas da segunda cidade de um país pobre e centralista -, modelo que o catapultou para o topo do futebol europeu e lhe permitiu conseguir feitos extraordinário, o maior dos quais vencer a Champions League, já no Século 21 e nos actuais moldes em que a prova rainha da UEFA é disputada - como todos sabemos, a prova agora não tem nada a ver com a antiga Taça dos Campeões Europeus. Um clube português vencê-la, foi o maior feito colectivo do desporto português, muito mais difícil e muito mais meritório que o também grandioso feito conseguido pela selecção no último europeu de França -, assenta(va) muito, por um lado, comprar bem e barato, formar, valorizar, transferir com mais valias. Com as vendas, uma parte é(era) destinada a equilibrar orçamentos, sempre deficitários, a outra destinada a novos investimentos, de forma que fosse possível ter sempre plantéis e equipas com qualidade, competitivas, capazes de lutar por títulos, sempre com o título português como grande prioridade. Nos últimos anos o modelo foi-se desvirtuando e em particular no ano que chegou ao F.C.Porto, Julen Lopetegui, cometeram-me erros graves, mudou-se o paradigma, deu-se demasiado poder a um treinador - depois foi praticamente abandonado à sua sorte, deixado sozinho a lutar contra aquilo que ele designava por manto protector que cobria o Benfica/clube do regime, mas isso é outra história que já foi muito badalada e comentada. Com isso abandonou-se o modelo, perdeu-se critério, aumentou-se brutalmente a massa salarial e não houve sucesso desportivo. Apesar das vendas realizadas no final da primeira época do actual seleccionador espanhol, mais de 100 milhões de euros, nada mudou nas épocas seguintes, ao insucesso desportivo - nunca no longo consulado de Pinto da Costa, o F.C.Porto esteve 4 anos em vencer o título. Pior, ao contrários do que aconteceu quando estivemos 3 anos sem ganhar a prova mais importante do futebol português, nestas 4 épocas nem uma tacita veio para o Dragão -, juntou-se uma crise financeira, estamos sob a intervenção da UEFA. Agora temos de resolver o problema, sair desta situação e para sair é obrigatório vender. Já vendemos André Silva ao Milan, por 38 milhões de euros - verba muito significativa para um jovem da formação e com apenas ano e meio no plantel profissional, equipa A - e com essa venda foi dado um passo em frente, o primeiro significativo no caminho que temos de trilhar no curto prazo. Um passo que, é o meu desejo, venha a permitir ao F.C.Porto entrar nos eixos, recuperar a essência do modelo que tantos e tão bons resultados lhe deu num passado não muito longínquo.

Claro que quando saem bons jogadores, temos pena, se são da formação, ainda mais. Mas isto sempre aconteceu e sempre soubemos colmatar as saídas de maneira que possamos colocar ao dispor de Sérgio Conceição um plantel com qualidade, capaz de lutar pelos títulos que se exigem sempre a um clube com a grandeza do F.C.Porto.

André Silva vai para um grande clube do futebol mundial, vai ter como treinador Vincenzo Montella, alguém que enquanto jogador foi um excelente avançado. Espero que possa aprender, crescer, melhorar aquilo em que tem mais dificuldades, em particular a recepção, fundamental num avançado e num futebol onde vai ter muitos poucos espaços.
- Felicidades, André!

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