F.C.Porto 1 - A.S.Roma 1. Um, é óbvio que três centrais não dá, dois, o ataque continua de pólvora seca
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
No regresso à Liga Europa e na 1ª mão do play-off de acesso aos oitavos-de-final, o FCP tinha pela frente uma boa Roma, uma das boas equipas italianas e treinada por um treinador de grande experiência e com um currículo de respeito. E era também um adversário que nos últimos confrontos com os Dragões não tem muito boas recordações. Mas como o passado não joga, era preciso um Porto ao mais alto nível para conseguir um resultado positivo e que permitisse ao conjunto de Martín Anselmi encarar a 2ª mão com possibilidades de avançar na prova. O resultado permite acreditar, mas...
De início com Diogo Costa, João Mário, Tiago Djaló, Nehuén, Otávio e Francisco Moura, Alan Varela e Eustaquio, Gonçalo Borges, Samu e Rodrigo Mora, o FCP jogo começou repartido, aos 10 minutos mau passe de Rodrigo Mora valeu uma ameaça da Roma que continuou nos minutos seguintes. Respondeu o FCP, podia ter aproveitado, não aproveitou porque o jovem Mora, em boa posição, dominou mal, perdeu tempo, teve de passar quando se tem abordado bem o lance podia fazer bem melhor.
A equipa de Ranieri com processos simples, trocava a bola, metia no ponta-de-lança, este segurava, apesar de pressionado, tocava para quem vinha de trás que criava perigo. Samu devia fazer o mesmo, mas raramente fazia.
Dificuldades do FCP em fazer fluir o jogo, não conseguia sair para o ataque, como recurso metia na frente, quase sempre para um italiano, ou atrasava para Diogo Costa. Muito espaço entre a defesa e o ataque, muito por ter apenas Eustaquio e Varela no meio-campo, dificuldades em pegar no jogo, circular bem. Roma melhor.
Dragões quando conseguiam ir para o ataque e com espaço, decidiam mal, sem critério, erravam passes simples. Samu trapalhão, uma sombra, era incapaz de criar uma oportunidade.
Atrás, uma equipa sobre brasas, cada vez que a bola era metida na frente os três defesas centrais tremiam.
Só nos últimos 5 minutos da 1ª parte a equipa de Martín Anselmi deu ar da sua graça, mas sem criar perigo.
No último minuto, portistas a reclamar uma falta sobre Alan Varela, árbitro não marcou, incapacidade de tirar a bola da zona de perigo, Çelik nas costas de Otávio que foi surpreendido e não fechou e Diogo Costa que saiu para encurtar o ângulo, mas não foi capaz de evitar o golo, colocou a equipa da capital italiana na frente do marcador.
O intervalo chegou com a Roma em vantagem, sem surpresa, perante um conjunto azul e branco pouco ligado, sem dinâmica, sem ideias, com um ou outro fogacho, mas capacidade para marcar. Foram 45 minutos muito parecidos com os 45 na 1ª parte frente ao Sporting.
Na 2ª parte o FCP entrou com o mesmo onze e logo no reinício podia ter empatado, Francisco Moura falhou na cara de Svilar. Mas não há ataque que resista a médios que demoram uma eternidade a pensar e executar.
O jogo pedia mais um médio, mas o treinador do FCP tardava em mexer. E a equipa não construía nada, continuava a jogar muito pouco. Quando chegava já perto da área os cruzamentos ou eram para onde não estava ninguém ou para fora. A Roma cada vez que estava junto da área dos azuis e brancos era um Deus nos acuda. Tantas asneiras por minuto, tiro do sério o mais calmo dos adeptos.
Finalmente, aos 63 minutos, saíram Rodrigo Mora e Alan Varela, entraram Pepê e Fábio Vieira.
Ao minuto 65 Diogo Costa vezes dois. Primeiro fez um milagre evitando o golo da Roma, em mais uma má abordagem da defesa a um canto, na resposta, num pontapé longo para Pepê. O brasileiro embrulhou-se, mas a bola sobrou para um remate para o empate de Francisco Moura.
Aos 72 Roma com dez, segundo amarelo para Cristante. Passado dois minutos, saiu Otávio, entrou Namaso.
Em vantagem numérica, os portistas passaram a dominar, atacar melhor, Gonçalo Borges esteve perto de desfazer a igualdade.
Só dava Porto, os Dragões ganhavam cantos, mas o empate a um persistia.
Samu, sem encontrar o sítio certo, podia ter feito bem melhor num passe de cabeça de Francisco Moura.
Anselmi esgotou as substituições, meteu Zaidu e Gul, tirou Moura e Samu.
Era preciso preciso esgotar os últimos cartuxos, mas na frente as decisões não eram as melhores, faltava qualidade e contundência, Namaso queria enfeitar o remate, saía para a bancada. Mais atrás eram passes e mais passes errados. Continuavam os cruzamentos apenas a despachar para a área.
O jogo terminou com um empate a um.
Resumindo, até ao minuto 65, altura em que Diogo Costa foi decisivo, muito pouco Porto. Depois do golo de Moura e da expulsão de Cristante, mais Porto, mas falta quem crie, quem faça a diferença, principalmente no ataque.
A eliminatória está em aberto, mas é preciso que Martín Anselmi perceba que com este sistema, não vai ser fácil. O FCP precisa de melhorar num sector fundamental como é o meio-campo e melhorar passa por ter, no mínimo, três médios. Como estão as coisas e frente a boas equipas, com o sector intermédio assim, os médios adversários têm tempo para tudo, pedir um lanche e uma bebida, tal o à vontade com que se movimentam.
Nota final:
O problema não é jogar em 3x4x3, 3x5x2, 4x4x2, 4x3x3, ou outro sistema qualquer. Os jogadores não são pinos, movimentam-se. O problema é como se movimentam, as dinâmicas e essas não existem. Neste momento os três centrais não fazem a equipa defender melhor e como um dos centrais não sai a jogar, cria desequilíbrios, ajuda os dois médios, o ataque sofre muito. Mesmo que este Samu esteja muito longe daquele que tanto começou por prometer.
PS - Disse na altura própria, quando o mercado de Inverno estava em aberto, posso dizer agora, até porque é cada vez mais óbvio. O FCP tinha de ter reforçado ataque. Com este ataque de pólvora seca, que nem faz cócegas, fica muito difícil ganhar jogos cá dentro, pior nas provas europeias. Hoje isso foi novamente notório.