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terça-feira, 28 de maio de 2013


Acabada a brincadeira, terminado o merecido gozo - hoje gozamos, amanhã somos gozados, o futebol é isto e o resto é conversa -, falemos de coisas sérias.

Porque tem toda a credibilidade, não pela bazófia, mas pela obra feita e perto de 30 anos a ganhar, mais do que nos atreveríamos a sonhar; porque, como se viu ainda agora nas eleições que tiveram lugar no sábado passado, é um Líder incontestável e incontestado; no F.C.Porto presidido por Pinto da Costa manda quem pode e obedece quem deve. Assim, tem o clube todo direito e toda a legitimidade para contratar, um dia, Jorge Jesus. Não será por isso que deixarei de ser portista, sócio e até o lugar anual - só deixarei se esse dinheiro me fizer falta para o essencial. Mas, para mim, isso significaria, mais que engolir um sapo ou um elefante, seria engolir um Jardim Zoológico. As razões são as que se seguem.

Cultura do eu versus cultura do nós.
Isto é, Jorge Jesus é muito eu, o F.C.Porto é muito nós. No Dragão o mérito é dividido por todos, o demérito também. Jorge Jesus, não, raramente o vemos a fazer mea-culpa, nunca tem responsabilidades de nada, há sempre razões que não têm a ver com ele quando algo corre mal. Por outro lado, quando tudo corre bem está sempre a puxar dos galões e muitas vezes chega ao cúmulo da vaidade para reivindicar méritos. Um exemplo: o golo de Lima no Benfica - Sporting. A jogada é muito bonita, é um golo que levanta um estádio, mas é fruto da inspiração individual de um jogador, Gaitan e não como disse Jesus, aquilo é trabalhado. Não, as jogadas de inspiração individual não se ensaiam, nem se treinam, são coisas de momento. Ninguém imagina o Artur Jorge vir dizer que o golo de calcanhar de Madjer, na final de Viena, foi obra do treino...

 Jesus é conflituoso.
Já assistimos e por diversas vezes, Jesus a entrar em campo e envolver-se com jogadores, treinadores e até árbitros, no final do jogo. Enquanto treinador do Benfica isso nunca lhe trouxe qualquer consequência grave, mas no F.C.Porto que ao contrário do clube do regime, não conta com o silêncio comprometido e branqueador de uma comunicação social de cócoras, caíria o Carmo e a Trindade.

Jesus cansa os jogadores.
As reacções de Cardozo na final da Taça de Portugal a que se junta a reacção de Enzo Pérez em Amesterdão, são sintomas que Jesus cria anti-corpos nos jogadores, cansa-os de tal maneira que depois acontecem reacções, a quente, é verdade, mas que são sintomáticas de um mau estar. Um treinador que passa os 90 minutos a gesticular e a gritar para dentro do campo, já não faz sentido. Tudo é tratado no treino, durante o jogo o treinador tem de corrigir, mas esporadicamente, não passar 90 a gritar para dentro do campo. Só perturba, enerva, deixa os jogadores sem a tranquilidade para tomar as melhores opções. No Benfica, todos acham piada a essa forma de estar, no F.C.Porto seria criticado. Jankauskas teve uma frase que define bem Jesus: precisa de 2 horas para dizer o que José Mourinho diz em 20 minutos.

Jesus é arrogante e prepotente, para além de fanfarrão
São por demais as atitudes de arrogância, prepotência do actual treinador do Benfica. Desde o quem não gostava de 5-0, quando o F.C.Porto foi goleado pelo Arsenal e na antevisão de um jogo do Benfica. Os quatro dedos apontados e a gozar com Manuel Machado quando o resultado era de 4 para o Benfica e 0 para o Nacional. O limpinho, limpinho, quando tudo tinha sido sujinho, sujinho. Quando as coisas lhe estão a correr bem ninguém o segura. Acho que estas atitudes demonstram uma certa forma de estar, o carácter fanfarrão e truculento de JJ.

Discurso muito pobre.
Não consegue construir uma frase sem dar umas valentes calinadas. Agora acham-lhe piada, até lhe chamam doutor do povo, diz as coisas certas, com as palavras erradas, etc., se estivesse no F.C.Porto, ui que gozo! e não seria só por parte dos adeptos do Benfica... 

Não tem fair-play.
Os exemplos de pedir a Artur e Ola John para se atirarem para o chão e queimar tempo, são sintomáticos e nunca mereceram da parte daqueles que falam muito do fair-play qualquer reacção. Ao contrário e isso é sintomático do que seria no F.C.Porto, do que aconteceu há anos com Paulinho Santos, fortemente criticado quando saiu de maca e fez sinal para o banco que estava tudo bem. Também nunca foi capaz de dar os parabéns ao F.C.Porto e ao seu treinador pelos títulos conquistados, desde que treina o clube do regime.

Cultura de exigência limitada.
Como disse aqui, apelidar a época de brilhante, quando ainda não tinham ganho nada, é um conceito completamente antagónico à cultura do F.C.Porto e teria produzido uma reacção de repúdio nos portistas. No F.C.Porto as épocas só são brilhantes quando se ganham títulos e não pequenos títulos. Uma Supertaça, Taça de Portugal ou Taça da Liga, sem uma prova internacional ou sem o campeonato, nunca seria uma época boa, muito menos brilhante. Uma época igual à do Benfica seria um problema complicadíssimo de gerir, mesmo num clube de sucesso e que é hegemónico no futebol português - aguenta mais facilmente um ano sem ganhar. 

Modelo, sistema, qualidade de jogo, gestão física e mental.
O modelo de jogo das equipas de Jesus, é atractivo, naquele futebol de ataque em turbilhão, mas contra equipas limitadas nas suas ambições, com carências e sem meios para discutir os jogos. Nas competições europeias, esta época, na Champions, falhou, na Liga Europa teve boas prestações, mas também teve alguma sorte e continua sem títulos. O sistema varia entre o 4x2x3x1 e o 4x4x2. Curioso que o sistema que Jesus diz que é mais fácil de anular, o 4x3x3, sistema do F.C.Porto, tem quase sempre dado água pela barba a Jesus. Mais, o treinador do Benfica sofre do complexo Fecepê, entra com medo, altera tudo. Sintomático esta época, quer na Luz quer no Dragão, Vítor Pereira ganhou a Jesus antes, durante e após os jogos. Saiu deles sempre por cima. Também não é despiciendo concluir que sendo Jesus o mestre da táctica, perdeu no Dragão a 2 minutos do fim, depois de um lançamento de linha lateral no ataque, porque  a equipa estava completamente desorganizada e foi apanhada em contra-pé na sequência de um contra-ataque.que deu a vitória ao F.C.Porto. Idem na final da Liga Europa. Também no tempo de descontos e após um canto, falharam totalmente as marcações. É verdade que o Benfica teve vários jogos com vitória e nota artística, mas para além de ser frente a equipas das ditas pequenas, muitas vezes e porque dava jeito, as exibições foram extrapoladas, nunca tiveram em conta factores que permitiram o brilho encarnado. O Benfica foi a equipa que mais vezes jogou contra adversários em inferioridade numérica. A gestão física e mental da época, mais uma vez, não foi a melhor. Não cedeu em Março e em Abril, mas cedeu em Maio e com um grande estrondo. Jesus foi campeão no primeiro ano de Benfica e na primeira metade da época esteve de facto muito forte, mas só ganhou o campeonato na última jornada, em sofrimento e sabe Deus como. Não, não falo do caso túnel que colocou o melhor jogador do F.C.Porto, Hulk, fora do campeonato e impediu o F.C.Porto de lutar até ao fim pelo título, mas falo do túnel de Braga que deixou a equipa da cidade dos arcebispos sem o sem jogador chave, Vandinho e Mossóro ter depois partido a perna. Esta época foi o que se viu. Frente a um F.C.Porto com o pior plantel dos últimos 10 anos, com um ponta-de-lança com 23% de incapacidade no banco - enquanto o Benfica se deu ao luxo de nem contar com A.Kardec... -, com jovens como Kelvin, Atsu, Abdoulaye, Sebá e até Tozé a serem chamados à liça, Jesus depois de desperdiçar uma vantagem de 4 pontos, falhou novamente.

Valorização de activos.
Jesus valoriza activos, é verdade, mas como quase todos os treinadores o fazem. Depois, umas valorizações são mais rentabilizadas e têm mais impacto que outras e isso não depende de Jesus, depende do empresário que trata dos negócios. Jorge Mendes, como se vê agora nas vendas de J.Moutinho e James, também transformou o mal-amado Vítor Pereira num grande valorizador de activos. E há mais prontos a partir e por bons preços, assim queiram os responsáveis do Tri-campeão.

Notas finais:
Não digo que Jesus não tem virtudes, tem com certeza, mas não tantas como se apregoa por aí. Como já disse e repito, quem está no Benfica é muito mais valorizado, badalado e exaltado que quem está no F.C.Porto, desde jogadores até aos treinadores, passando pelos dirigentes.
Há quem diga que Jorge Jesus no F.C.Porto com a estrutura do F.C.Porto seria diferente naquilo que tem de pior e que apontei no post. Tenho dúvidas. Ele sempre foi assim, não acredito que vá mudar agora.

Portanto, pesando os pós e contras, JJ no F.C.Porto? Não, por favor, senhor Presidente. Eu sei que o senhor gosta de mostrar e provar que quem não ganha nos outros, ganha no F.C.Porto. OK, mas isso já está mais que provado, não precisa de mais nenhum exemplo.

Meu Bernardezinho, meu pequeno princípe que tanto me fazes lembrar o Rui Barros... Será possível ver-te de Dragão ao peito?

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