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domingo, 15 de dezembro de 2013


Sem mais tempo para ter tempo, o F.C.Porto precisava de dar um safanão nos problemas que o têm afectado, soltar um grito de revolta, mostrar que o Dragão tem qualidade, que não há mal que sempre dure e ganhar. Não foi um jogo brilhante por parte do F.C.Porto, pior na primeira-parte que na segunda, mas a vitória é justissíma e houve coisas interessantes que agora precisam de ser trabalhadas e consolidadas. Falarei disso mais à frente...

Entrando a ganhar aos 5 minutos, ainda o jogo não tinha mostrado tendências e por isso, conseguido o mais difícil, frente a uma equipa de contra-ataque - não é por acaso que a equipa de Nuno Espírito Santo tem muito melhores resultadosn fora que em casa, onde registou hoje a sexta derrota consecutiva para a Liga -, o F.C.Porto voltou a pecados velhos, voltou aquele futebolzinho que não aquece nem arrefece. Ritmo lento, pouca intensidade, pouca dinâmica, não aproveitou o factor golo para se motivar e ir com tudo à procura do segundo. O Rio Ave a perder e mesmo sem desmontar a estratégia que trazia para o jogo - defender com muitos e procurar surpreender no contra-golpe -, conseguiu o empate e não se pode dizer que o resultado era injusto. O F.C.Porto não tinha feito nada para chegar à vantagem, os vilacondenses nada tinham feito para conseguir marcar. Com a igualdade a equipa portista perturbou-se, nunca conseguiu jogar a bom nível e se teve mais posse, mais jogadas de ataque, mais cantos e uma bola no poste, também permitiu uma boa oportunidade à equipa de Vila de Conde que Helton resolveu.
Resumindo, empate justo, Porto longe do que se exigia a uma equipa que tinha de dar um safanão na crise.

Na segunda-parte houve mais Porto. Correndo mais, pressionando mais e mais à frente; beneficiando de um excelente Carlos Eduardo que aparecia ora na direita ora na esquerda; e com Fernando a recuperar bolas em zonas mais avançadas e fazer o lugar dele e o de Lucho; o F.C.Porto, após uma magnífica jogada e cruzamento perfeito de Varela que Jackson concluiu, adiantou-se no marcador. Vantagem justa e que podia ter sido dilatada logo a seguir: arrancada de Carlos Eduardo, sempre ele, pela direita, centro ao segundo poste onde apareceu Licá a rematar em esforço, obrigando a uma excelente defesa de Ederson. A partir desse lance o conjunto de Paulo Fonseca começou baixar o ritmo, a complicar em algumas jogadas e se o Rio Ave não criou perigo, enquanto a vantagem mínima se manteve e atendendo às abébias que a defesa portista costuma dar, os adeptos portistas estiveram em sobressalto. Sentindo o perigo e vendo que era um risco manter aquela toada, o treinador do tri-campeão mexeu e mexeu bem: primeiro Kelvin para o lugar de Licá e depois, Herrera para o de Lucho. O mexicano mexeu-se muito mais que o capitão, Kelvin pode não ter o espírito de sacrifício nem a disciplina táctica de Licá, mas é mais jogador que o ex-estorilista. As substituições resultaram, o F.C.Porto voltou a ser mais rápido e mais objectivo, marcou o 3-1 por Danilo, acabou o jogo em bom plano e a justificar a diferença de golos no marcador.
 
O jogo de hoje mostrou algumas coisas interessantes, permite algumas conclusões e duas ou três dúvidas: está visto que o triângulo do meio-campo tem de deixar de ser duplo-pivot; está visto que Carlos Eduardo tem mais e melhores características que Lucho para jogar como médio mais avançado; está visto que Licá não é o jogador que precisamos para extremo. A partir daí, é preciso dar alguns retoques: quem como parceiro dos dois anteriormente citados? Lucho, quando voltar ao rendimento normal, ele que se descaracterizou na posição 10 e precisa de voltar a conhecer a posição 8? Herrera, bem, mais à frente, mas que mais atrás às vezes comete erros que penalizam a equipa? Defour, talvez o mais equilibrado na função atacar/defender? Josué, que no meio tem cumprido sempre? Arrumado o meio-campo, quem a juntar a Varela e Jackson na frente? Kelvin? Chamem-no ao calhau, dêem-lhe confiança, responsabilizem-no e a partir daí, porque não? Portanto, depois do que vimos hoje, já há uma boa base, apenas é preciso encontrar quem para duas posições onde ainda há dúvidas e depois apostar nessa equipa, sistematizar, automatizar. Seguramente, vamos
melhorar. Também temos de melhorar na dinâmica e na intensidade, na forma como pressionamos e na velocidade com que saímos para o ataque ou contra-ataque - Carlos Eduardo mostrou como se faz; na concentração, para definitivamente deixarmos de cometer erros grosseiros e que sistematicamente nos têm penalizado - hoje mais uma vez falhamos no golo adversário. Primeiro naquela clareira que permitiu a Edimar entrar por ali à vontade; depois com Maicon a colocar o jogador do Rio Ave em posição legal e a pedir fora-de-jogo. Se conseguirmos melhorar nestes itens, ficaremos mais fortes, a confiança regressa, acredito que ficaremos mais equilibrados, deixaremos de fazer coisas bonitas para logo a seguir fazer asneiras que tiram o mais pacato dos adeptos, do sério, ganharemos mais facilmente, voltaremos a ser Porto. Perdemos muito tempo atrás do óbvio, mas ainda vamos a tempo.

PS - Ghilas devia ter entrado quando fizemos 3-1. Não entrou, só entrou em cima do minuto 90. Continuo a não perceber.

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