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quarta-feira, 23 de abril de 2014


E o processo da escolha do treinador para 2013/2014 não foi à Porto. Se quando da saída de Villas-Boas e a cerca de 8 dias de se iniciar a pré-época-época, a escolha tinha de ser apressada e Vítor Pereira estava ali à mão, já a forma como forma como se chegou a Paulo Fonseca é estranha, para não dizer outra coisa. Porque não quero criar cenários que podem não corresponder à realidade, vou falar da questão, deixando algumas dúvidas e fazendo uma abordagem assente na convicção que se não foi assim... não andará muito longe da realidade. Vamos a isso. Fica a nítida sensação que Vítor Pereira depois da eliminação frente ao Málaga e nas condições em que aconteceu e do empate no Marítimo, jogo em que o F.C.Porto deixou de depender só de si para conquistar o título, ficou com o destino traçado, não ia continuar. Nessa altura, tenho para mim que Leonardo Jardim, livre, embora não fosse a única hipótese, estava bem colocado para ser o treinador do F.C.Porto - Leonardo Jardim, recorde-se, era um treinador que o Presidente apreciava, até se dizia que quando foi para Braga em tirocínio para o F.C.Porto. Porque não veio Leonardo Jardim ou outro? Porque ainda estavamos na luta pelo título e assumir a ruptura podia ter consequências? Mas, entre outras, uma das razões para que Vítor Pereira não aceitou continuar, não foi porque sentiu que houve recuos, mudanças de planos, porque só foi convidado a renovar porque falharam outras possibilidades e porque conquistou o título? E a favor dessa tese, estava o facto de Leonardo Jardim já ter assinado pelo Sporting? Depois, quando Vítor Pereira não aceitou e outras hipóteses se esfumaram, a opção recaiu em Paulo Fonseca - um, acredito que houve mais alguns, dos que aceitou esperar, sem compromissos. Resumindo, atendendo às dificuldades das duas épocas anteriores, foi um processo que não foi conduzido com o rigor que se justificava, foi tudo encarado como, para quem é bacalhau basta, há sempre um Kelvin que resolve os problemas.

Escolhido Paulo Fonseca, por quem tinha legitimidade para o fazer, alguém com um histórico de muitos mais acertos que erros de escolha, mesmo que o processo não tivesse sido conduzido como devia, era preciso apoiar, mesmo que se fossemos nós a escolher, a opção fosse outra. Foi o que eu e muitos portistas fizemos, elogiando ou criticando conforme as circunstâncias, mas procurando ser objectivos e construtivos. Lamentavelmente, Paulo Fonseca não correspondeu. Dito isto, não vou repetir aquilo que fui dizendo durante o consulado de Paulo Fonseca, mas o jovem treinador nunca foi capaz de perceber no clube que estava, um clube onde se pode sempre perder, mas tem de se ter a certeza que se fez sempre tudo para ganhar. Paulo Fonseca nunca foi um treinador ousado, um líder forte, tirando uma ou outra excepção, nunca a equipa foi consistente, as exibições demasiadas vezes abaixo dos mínimos exigíveis. Pior, revelou enormes fragilidades e quando teve de lidar com a pressão não revelou a fibra do seu antecessor - Vitor Pereira também sofreu horrores, também foi muito contestado, criticado, mas nunca atirou a toalha, nunca se encolheu, nunca pediu escusa, nunca colocou o lugar à disposição.

Outra questão que paira e é muito questionada, é: porque não tomou Pinto da Costa a decisão de aproveitar a disponibilidade de Paulo Fonseca para sair, para alterar o comando técnico do F.C.Porto, por exemplo, logo após a derrota em Coimbra? Para mim, por várias razões:
Primeira, porque e ainda bem, o clube é dirigido de dentro para fora, se às primeiras críticas e contestações, o F.C.Porto mudasse de treinador, seria um penoso regresso ao passado, passado de duras penas, com treinadores a não resitirem às primeiras derrotas, ano após ano.
Segunda, porque sempre que houve chicotadas, nunca atingimos os objectivos, nunca conquistamos o título quando mudamos de treinador.
Terceira, porque nos dois anos anteriores tinha acontecido o mesmo, mantivemos o contestado Vítor Pereira e ele foi bi-campeão. 
Quarta, as coisas só descambaram em duas jornadas seguidas, de 4 pontos de atraso passamos para 9.
Embora todas estas razões façam sentido, também podemos ver sobre outro prisma, agora desfavorável ao Presidente:
Nos dois anos anteriores, no primeiro, ficamos a 5 pontos no início da segunda-volta, havia muito campeonato. No segundo, só ficamos não depender de nós já muito perto do fim, mudar naquela altura não adiantaria nada. Nunca desbaratamos uma vantagem de 5 pontos, as prestações na provas europeias não foram famosas, mas não tão fracas como este ano, em particular na Champions. Vítor Pereira nunca mostrou as fragilidades psicológicas que Paulo Fonseca revelou. E Pinto da Costa manteve o treinador, mesmo quando era público que ele só queria sair.

Nota final:
Para que não me acusem de estar a fazer prognósticos depois dos jogos, fica aqui o que disse quando já era sabido que Paulo Fonseca seria o treinador do F.C.Porto.

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