quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Por uma questão de curiosidade fui verificar os resultados do BATE Borisov na Champions. Não ia à espera de encontrar nada de relevante, é uma equipa de Pote 4, no caso da parte baixa do ranking da UEFA. Mas encontrei coisas interessantes. Por exemplo, sofreram frente ao F.C.Porto a maior goleada na prova rainha da UEFA, sendo que até ontem era o Barcelona quem lhes tinha infligido a derrota mais pesada, 5-0. Para além disso e desde a primeira participação, que não foi há tanto tempo assim, 2008/2009, os bielorrussos empataram duas vezes com a Juventus, uma com o Milan, outra com o Zenit, ganharam 3-1 ao Bayern na época 2102/2013, com o Real Madrid perderam em Madrid 2-0 e 1-0 na Bielorrússia. Vale o que vale, mas não estamos a falar de uma equipa de Andorra, Ilhas Faroé, Malta ou... Albânia.
Meus amigos, o resultado e a exibição de ontem devem ser festejados e valorizados, são exibições destas e estes resultados, que colocam o mundo do futebol a falar do F.C.Porto, consolidam prestígio, valorizam jogadores, criam entusiasmo, motivam, mobilizam, fazem os portistas irem ao estádio. Não podem é levar-nos a pensar que vai ser sempre assim, que já está tudo feito, nos próximos jogos levamos um letreiro com o resultado de 6-0 e por baixo, noite de gala e todos se curvam ao nosso poderio, estendem a passadeira para nós ganharmos e golearmos. Não é por aí que devemos ir, não é por aí que vão os profissionais do F.C.Porto, treinador e jogadores, disso tenho a certeza. Agora este resultado e esta exibição, dão ânimo, melhoram a moral e auto-estima das tropas, dão-lhe confiança. E como é dos livros, uma equipa com a moral e a confiança em alta, fica mais próxima de ganhar. Mais, não podemos criticar quando ganhamos com dificuldades ou não ganhamos, zurzindo em tudo e em todos e depois quando ganhamos por uma goleada histórica, andarmos a arranjar pretextos para desvalorizar o mérito do resultado e da exibição. Se há quem só fique convencido se golearmos grandes equipas, como se essa fosse a regra e não a excepção, quem só valorize vitórias retumbantes frente a adversários de um nível superior, não sou eu. Tenho noção absoluta da realidade do F.C.Porto, principalmente em termos europeus, sei até onde posso elevar a fasquia. Quem já teve o seu Wrexham, Artmedia e Apoel, só tem de valorizar a goleada de ontem, sem euforias prematuras, fazer uma grande festa, nem mandar soltar o fogo. Porque se temos qualidade, talento, genialidade e variedade, não jogamos sozinhos e o tempo de uns de botas e outros de tamancos, já lá vai. Obviamente.
Adrián, até começou hesitante, à procura do seu espaço, mas quando as coisas começaram a engrenar ele engrenou com a equipa, marcou um golo num toque definidor de qualidade, durou o jogo todo, acabou em crescendo. Aliás, tal como tinha acontecido no jogo anterior em que jogou - Moreirense. Não é razão para festejos, como antes também eram pricipitadas as críticas ao ex-Atletico de Madrid. Ainda é muito cedo para juízos definitivos, num sentido ou no outro. Não podemos olhar para um jogador pelo preço. Digo isto agora sobre o espanhol, como disse sobre Danilo. Quem faz o preço e quem paga, não são os jogadores.
Também gostei de Aboubakar. Forte e duro no corpo a corpo, valente, rápido, sem grandes rodriguinhos na hora de finalizar e sem ser tosco, o camaronês é um avançado que vai dar muita água pela barba às defesas. Aliás, depois de ver a forma como o F.C.Porto acabou o jogo de ontem - Tello, Quaresma, Adrián e Aboubakar -, cada vez mais me convenço que em Guimarães, Aboubakar devia ter entrado após o golo do Vitória. Mas acho que Lopetegui também já percebeu isso...
Duas notas finais:
Quando no Mundial do México em 1986, Diego Armando Maradona fintou vários ingleses e marcou um golo extraordinário, o Mundo aplaudiu o telento e o génio do astro argentino e ponto final. Quando Brahimi pega na bola no meio-campo vai por ali abaixo e marca um grande golo, só o talento e o génio do argelino devia ser realçado. Quando muito podia acrescentar-se a desmarcação de Adrián que levou um defesa consigo ou a linha de passe na largura que Jackson deu e bem, ambos ajudando a criar o espaço para o remate fatal. Falar em facilidades, em mau posicionamento, num lance que a Europa do futebol aplaudiu, é azia não disfarçada.
Gostava muito dos Marretas e em particular dos dois velhotes, Statler e Waldorf que estavam de camarote sempre a zurzir e a mandar bocas. Mas os Marretas tiveram o seu tempo, qualquer imitação torna-se patética, própria de quem não tem noção do ridículo. Não vale a pena perder tempo. Deixemos os Marretas divertirem-se à vontade. Deixemos o Statler dizer mata e o Waldorf dizer esfola. Deixemos os Marretas dizerem que é branco quando quase todos vêem preto... vamos todos bater palmas aos Marretas, Statler e Waldorf.