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segunda-feira, 6 de outubro de 2014


Não olho para o F.C.Porto de Julen Lopetegui e só vejo defeitos. Não, também vejo virtudes e muitas.
Temos problemas e pode não haver a evolução que esperaríamos, mas não há regressão. O que houve nos últimos jogos foram coisas que não tinham acontecido anteriormente: erros grosseiros que resultaram em golos e já pressionamos melhor. Foi assim em Alvalade, em Lviv e no jogo de ontem.
Lopetegui gosta de posse, muita posse. OK, já José Maria Pedroto dizia: só há uma bola, enquanto ela estiver connosco não há problemas. Mas não pode haver escravatura da posse. Explico. Se por um lado temos de ter paciência, não deixar de jogar com cabeça, circular rápido, procurar desmontar a s teias defensivas, em vez de tentar no passe longo chegar ao golo - isso só em desespero -, por outro, por exemplo, frente a equipas que não saem muito, estão com todos atrás da linha da bola, vêm apenas pelo pontinho e só jogam no erro, nos momentos em que o adversário se desorganiza, dá espaços, é apanhado em contrapé, não pode haver hesitações, tendência para jogar para trás, começar tudo de novo desde o início. Não, nesses momentos temos de sair rápido, de preferências com apoios, vários jogadores a aparecerem para receber e a darem linhas de passe para finalização. Mesmo as equipas que melhor usam a posse, não deixam de ter capacidade de aceleração, sair no contra-ataque sempre que surgem essas possibilidades. No F.C.Porto ainda se hesita muito.

Também não podemos e isso tem acontecido, ver os médios que iniciam a construção de costas para a baliza contrária e mesmo sem pressão nas costas, com terreno livre, muitas vezes jogarem para os centrais, laterais ou guarda-redes. É outro indício de excesso de segurança e de posse, uma sistematização que está a ser contraproducente. Se esses médios têm pressão, tocam, se não têm e como não têm olhos na nuca, compete a quem está de frente falar, dizer, estás só, sai a jogar. A posse para trás e para os lados, nem desgaste provoca, basta à equipa que nos defronta ficar à espera e na expectativa de apanhar um mau passe, um mau domínio, uma desconcentração para criar perigo. Depois lá vem o nervoso miudinho, a intranquilidade, o erro multiplica-se, raramente se tomam as melhores decisões, as vitórias tornam-se complicadas e às vezes dão empates. Também não temos conseguido pressionar bem, alto e com vários jogadores e assim há menos possibilidades de erros que podem resultar em golos. Desgaste de jogos de três em três dias?

Outra questão tem a ver com a melhor definição no último terço do campo. Utilizo Danilo e Brahimi como dois bons exemplos. O lateral brasileiro está exuberante. Forte a arrancar, rompe por fora, interioriza, desequilibra, aparece no sítio certo para receber... mas na hora H ou cruza mal, ou passa quando podia rematar, remata quando podia passar, a melhor solução raramente acontece. Danilo tem feito muitas vezes e bem o mais difícil, mas tem falhado nos pormenores que fazem a diferença. Já Brahimi que é grandíssimo, mas não é intocável, não pode sistematicamente ir para dentro, forçar o remate quando tem à frente uma muralha de pernas, isto, se uma, duas, três, quatro vezes, Alex Sandro faz sprints e de muitos metros, para aparecer nas suas costas, dar uma linha de passe para que depois aconteça o cruzamento de morte. Como ontem se viu, indo por dentro, a bola bateu muito no "meco". Se Brahimi variar, se criar no adversário a dúvida sobre a jogada que vai fazer, fica mais vezes com a vida facilitada, quando interiorizar, já não encontra tantas pernas, já tem mais espaço para poder fazer golo ou assistir.

Os problemas, mais que ter a ver com os jogadores que jogam - óbvio que Marcano ontem e num jogo que tinha mais a construir que destruir, abrir que fechar, teve mais dificuldades, mas foi apenas a excepção à equipa consensual -, está nas dinâmicas, na organização, na boa ocupação dos espaços e nas desconcentrações que têm sido fatais. Também se nota que as ideias ainda não estão totalmente trabalhadas e solidificadas, as coisas ainda não saem tão bem como desejamos, ainda estão a emperrar aqui e ali. E por isso esta equipa ainda está numa fase que num dia bom pode conseguir grandes coisas, resultados e exibições; mas num dia menos bom pode ser como ontem, haver intranquilidade, nervosismo, opções erradas, falta de confiança e dificuldades para vencer.

Mas neste Porto há talento, criatividade e génio, que explorado no momento certo, com conta, peso e medida, pode dar muitas dores de cabeça aos adversários, por mais pintados que sejam. Há também uma ideia de jogo, com posse, segurança, largura, acredito que pressão organizada e já se vêem jogadas de envolvência tanto por uma lateral como pela outra, bons movimentos colectivos. Um treinador que lidera, tem mexido quase sempre bem e com as alterações a equipa melhora.
Portanto e concluindo: quando o trabalho está a ser bem feito, há unidade, atitude e qualidade, as coisas boas podem demorar mais um bocado, mas vão aparecer.

Nota final sobre a arbitragem de Pedro Proença:
Con perdón de las damas, cito Diego Armando Maradona:"Que la chupen y sigan chupando". Ou como diz um amigo meu: "Vão chupar na quinta pata de um cavalo".

PS 1 - Um Dragão cai, mas logo se levanta; quebra, mas não torce; sofre, mas não faz cara feia. E como Nélson Puga é um verdadeiro Dragão...
Acho que todos os portistas me acompanham num grande abraço ao médico do F.C.Porto.

PS 2 - F.C.Porto - Moreirense. O F.C.Porto não fez uma exibição brilhante, só chegou à vantagem aos 70 minutos, mas depois marcou mais dois golos, venceu por 3-0, se o jogo demorasse mais 10 minutos tinha marcado mais. Dou de barato as dificuldades que o mesmo Moreirense criou ao clube do regime que ficou a perder cedo, só deu a volta já na parte final da partida e venceu por 3-1. Ontem frente ao Arouca, as mesmas dificuldades, a equipa de Aveiro teve várias oportunidades, o Benfica só no último quarto de hora marcou os golos que lhe deram o triunfo.
Agora descubram as diferenças
 

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