segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
É uma derrota, apenas uma derrota; é futebol, apenas futebol; ganhar e perder tudo é desporto. Pois, quem me dera ver as coisas dessa maneira, mas não consigo.
Depois do que tem sido este campeonato; depois da nomeação provocatória de João Capela - sim, não é por ele ter feito uma boa arbitragem que mudo de opinião; depois do que aconteceu na última quarta-feira; e das declarações de Lopetegui na antevisão do jogo, "Temos de fazer mais do que os outros para ganhar", a que se junta outra declaração feita antes, "Vamos estar mais fortes na segunda-volta"; era preciso transcendência, era um daqueles jogos em que se tem de "comer a relva", deixar a pele em campo. E não foi isso que aconteceu. O efeito e o suporte anímico de um resultado conseguido em condições muito adversas e que tanta satisfação deu aos verdadeiros portistas, esfumou-se em apenas 4 dias. Todos pensávamos que Braga marcava o início de uma nova era, o ser Porto, com tudo o que isso significa, estava de volta, mas não está. Foi uma derrota que é muito mais que uma derrota, foi uma derrota que deixa marcas, uma grande desilusão, um verdadeiro murro no estômago.
O F.C.Porto não pode encarar e jogar assim um jogo decisivo. Tem de entrar com tudo, mostrar uma vontade e um espírito guerreiro que durante os primeiros 60 minutos nunca estiveram presentes. Não podemos ser competitivos em partes dos jogos, temos de ser competitivos sempre e em todos os jogos. Não pode haver gente que faz cara feia quando não joga e depois, quando joga, não dá uma para a caixa. Não pode haver gente que entra triste e sai triste do campo, como se fazer um jogo fosse um frete e não um prazer, para mais bem pago. Não podemos estar revoltados e depois não transmitir no campo esse sentimento de revolta. Não foi apenas a derrota significar quase o fim da esperança no título, é a sensação que esta equipa não é capaz de nos dar os estímulos necessários para que nunca nos faltem as forças e a vontade de combater tanta nojeira de que o nosso clube é vítima. Se as tropas no campo de batalha dão parte de fraco, mesmo quando tudo indicava que estavam fortíssimas, fica complicado manter a chama acesa, perde-se o ânimo, confiança, crença, vontade de lutar. Como podemos acreditar, se quando pensávamos que já não havia hipóteses de retrocesso, ele aí está, com as consequências trágicas no principal objectivo da época e quando Maio ainda está tão longe? Claro que não atiramos a toalha, era o que faltava, profissionais baixarem os braços, não serem capazes de honrar o Manto Sagrado; claro que os verdadeiros Dragões não desistem e vão continuar a apoiar e marcar presença - quarta-feira, se Deus quiser, lá estarei -, mas vai ser preciso recuperar de uma derrota marcante, da sensação que demos vários passos atrás, vai ser preciso começar quase do início. O poeta diz que tudo vale a pena se a alma não é pequena. Nos últimos tempos, alma grande só têm tido os mesmos de sempre...
Nota final:
Já vi o F.C.Porto perder 1-0 na Madeira, com o Marítimo, ser eliminado da Taça de Portugal, mas a equipa a ser enaltecida, elogiada e aplaudida. Época 1994/1995, meias-finais, Bobby Robson treinador dos Dragões. Foi um massacre, um domínio total, vontade, determinação, do primeiro ao último minuto, aí sim, foi pura falta de sorte. Nesse jogo fizemos tudo para ganhar. Ontem, para além de falta de sorte, num ou outro lance, houve outras e já apontadas coisas que estiveram na origem da derrota.