sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
Apesar de não ter gostado nada de algumas posições e decisões quando ainda era treinador do F.C.Porto - achei de péssimo gosto dizer que o seu tempo no F.C.Porto estava acabar na noite em que o F.C.Porto se sagrou campeão em pleno estágio, colocando um balde de água fria no entusiasmo de muitos portistas que o estimavam e idolatravam; idem, não festejar com a equipa a conquista da Champions, com justificações sem sentido, quando a única justificação era a saída para o Chelsea - ou depois de ter saído - como foi o caso do seu silêncio absurdo e incompreensível na altura dos Apitos, aqui; ou a comparação de muito mau gosto da cidade do Porto à cidade italiana de Palermo -, para mim José Mourinho continua a ser um dos melhores, quiçá o melhor treinador do mundo - vencer a Taça UEFA ou a Champions League ao serviço do F.C.Porto e mesmo daquele Inter, não é o mesmo que vencer ao serviço de Real Madrid, Barcelona ou Bayern de Munique. Mas como se viu agora no Chelsea, um dos melhores ou o mesmo o melhor, falha rotundamente se, como parece ser o caso, os jogadores não querem nada. E quando digo não querem nada, não quero dizer que estavam apostados em tramar o treinador português. Não, quero dizer que a relação entre comandante - um comandante exigente que ao fim de algum tempo, pela liderança que exerce, cansa - e comandados se deteriorou de tal forma que já nem podem olhar uns para os outros, a mensagem não passa, os jogadores estão esgotados mentalmente, ficam incapazes de reagir. Quando as coisas chegam a este ponto compete a quem dirige, depois de analisar e ponderar todos os cenários, tomar decisões. Como não se pode despedir um plantel ou parte substancial dele, quem paga o pato é sempre o treinador. Visto de fora, parece ser exactamente o que se passou no ainda campeão inglês. Porque trago este assunto Mourinho à colação? Porque há quem diga que é o que se está a passar actualmente no F.C.Porto. Recuso-me a acreditar e digo-o com toda a convicção. Por uma razão: Pinto da Costa pode merecer reparos e críticas, mas se fosse esse o cenário, não tenho dúvidas, Julen Lopetegui já não era treinador do F.C.Porto. Ah e tal, depois de Paulo Fonseca, o Presidente não quer assumir novo erro na contratação de um treinador. Esta teoria não faz sentido. Se os jogadores não estiverem com o treinador, o cenário for igual ao do Chelsea, é certo e sabido que não vamos ter sucesso, os argumentos para responsabilizar Pinto da Costa só ficam adiados. Lembro que o F.C.Porto já passou por uma situação semelhante, salvaguardando as devidas proporções - um é um grande treinador, o outro é um adjunto, sargentão de balneário -, com Octávio Machado e aí o Líder dos Dragões não hesitou, mesmo que a sua aposta fosse muito criticada na altura e despedir Octávio viesse dar razão aos críticos.
Octávio era limitado como treinador, mas começou a perder o balneário quando foi incapaz de perceber que um líder não pode ter só um pau na mão, como dizia José Maria Pedroto, tem de ter também a cenoura. Estágios após os jogos e muito poucas folgas; treinos de manhã e de tarde, com o da tarde a ser coisa pouca, apenas com o objectivo de controlar os jogadores; junto com as limitações para ser técnico principal; foram minando a relação, não havia empatia, os resultados começaram a ser maus, a saída do Palmelão tornou-se inevitável - sei que há outras teorias que envolvem Jorge Mendes... mas foi quando não percebeu que para além do profissional, há o homem que muitas vezes tem família e um profissional com problemas familiares não tem a disponibilidade que devia, que Octávio traçou o seu destino.
PS - Pedro Marques Lopes, não ligues, vozes de burro não chegam ao Céu.