terça-feira, 20 de setembro de 2016
Sou um portista resistente, já passei por pior e não desisti, não vou desistir agora. Mas porque sei o que foi preciso caminhar e derrubar, para aqui chegar - não são três épocas negativas que apagam a excelência que o F.C.Porto atingiu a nível interno e externo -, custa-me ver este Porto que perdeu alma e identidade, um Porto em grandes dificuldades financeiras e desportivas, que vive de fogachos, num carrossel de mais baixos que altos, com os dirigentes distantes, calados e desfasados da realidade, treinadores e jogadores com um discurso feito de slogans repetidos, muito apregoados, mas porque sem qualquer consequência prática, já mais que gastos.
Falamos dos árbitros, de mística e raça, de comunicação ou falta dela, da qualidade que têm ou não treinador e jogadores e não saímos disto.
Estamos apenas na quinta jornada, não devia haver razão para alarme, mas atendendo ao passado recente é natural e legítimo que o universo azul e branco esteja preocupado, se interrogue se não está a ver outra vez o mesmo filme.
Sobre os árbitros, fica difícil falar deles quando se joga tão pouco e não se consegue ganhar aos Tondelas desta vida, mas porque na altura devida não demos um murro na mesa, permitimos faltas constantes de respeito? Porque não gritamos contra os critérios desiguais na amostragem de cartões, na mão ou braço intencional ou involuntário, lances para penalti vistos de maneira diferente? Porque não denunciamos alguns bostas que analisam o trabalho dos árbitros como analisavam os jogos, com Duarte Gomes a ser último exemplo? É natural que este bostinha que via mão na testa; marcou três penaltis em 12 minutos, confundindo nuca e barriga com mão, facto que ainda perdura no livro dos recordes, ache agora voluntário o atraso do jogador do S.C.Braga e que esteve na origem do segundo golo do clube do regime. Tenho a certeza que se fosse ao contrário o critério de análise não seria o mesmo. Sim, atendendo ao passado do cavalheiro, tenho todo o direito a ter essa certeza.
Porque não saímos em defesa de Julen Lopetegui quando ele foi constantemente atacado por falar de arbitragens, como se isso fosse uma originalidade, num país onde se perdem horas a falar dos árbitros e se fazem capas ao sabor das conveniências, mas sempre contra o F.C.Porto, sobre erros dos árbitros?
Fala-se atitude, crença, raça, até transcendência ou falta dela, recorda-se o passado onde jogadores como João Pinto, Jorge Costa, António André ou Paulinho Santos, por exemplo, tinham isso tudo, mas nessa altura havia também uma rectaguarda atenta, determinada, mobilizada, que estava lá, aparecia sempre a dar a cara como respaldo desses jogadores, esses sim, dos que podiam dizer: SOMOS PORTO!
Fala-se de comunicação ou falta dela, ataca-se forte e feio os vendilhões do templo, como aconteceu em Marco de Canaveses, aqueles que encontram sempre algo de positivo nas exibições dos nossos rivais, mas são muito rápidos a adjectivar de miseráveis as exibições do F.C.Porto, num critério editorial vergonhoso e feito por jornalistas entre aspas, mas depois, consequências práticas? Nenhumas. Entram à vontade em nossa casa, em vez de lhe atirarmos com o microfone para o lixo, permitimos que façam perguntas ao nosso treinador, que responde?! Onde está a coerência disto?
Falamos da qualidade que têm ou não treinadores e jogadores, há em ambos os casos, razões para isso, mas o discurso repete-se, já cansa. Na actual conjuntura todos parecem piores do que são. Os problemas do F.C.Porto vão muito para além disso. Não tendo Guardiolas nem Messis e isso faz toda a diferença, temos gente para fazer mais e melhor. Porque não fazemos? Não estará tudo ligado? Este F.C.Porto tem alguma a coisa a ver com o outro que nos mobilizava, entusiasmava, galvanizava?
Como saímos daqui? Nós adeptos temos responsabilidades, mas quem se devia explicar era o líder do clube e da SAD. Mas podemos esperar sentados...
Nota final:
O artigo de Carlos Tê é muito interessante e colocas questões pertinentes, mas também leva à mesma pergunta: como quebramos o ciclo vicioso, como saímos daqui?