sábado, 10 de dezembro de 2016
Há quem diga que após uma vitória, não se deve entrar em euforias, como também nas derrotas não se deve ficar deprimido. É tudo muito lindo, muito filosófico, mas pouco pragmático. Ou então, não se sente o clube, com aquela paixão que só o futebol nos pode dar.
A vitória contra o Braga, foi a catarse de toda a nação portista! A vitória contra o Leicester, com muitos golos e, ainda por cima, alguns de belo efeito que foram premiados pela UEFA, foi o “orgasmo” de uma bela relação entre adeptos e equipa!
Por isso porque é que não podemos saltar, berrar, abraçar o nosso vizinho de bancada, em suma, ficar eufórico, quando o clube que amamos nos dá aquela alegria que estamos sempre desejosos de a ter? Porque não podemos ficar eufóricos quando vemos entrar a bola na baliza num pontapé de primeira sem que a redondinha caia no chão? Porque não podemos ficar eufóricos, quando para nosso supra contentamento, revisitamos Madjer em golos de calcanhar?
Agora o que nos aperta a alma e aflige o coração, é saber se a equipa, jovem que é, continuará nesta senda de caminhar um passo á frente do azar, das arbitragens (as nacionais, meus caros, as nacionais!) e do seu próprio estigma, que é a falta de maturidade de muitos jovens.
Nestes 500 minutos, mais coisa menos coisa, 99% do universo portista, praguejou, apontou o dedo, quis ver pela porta da rua, o treinador Nuno Espírito Santo. Eu, como adepto irracional que sou, também fui um deles. Foi a nossa depressão! Ficamos todos deprimidos, e notou-se bem na nossa cara essa depressão, que tirando quem já cá anda há muitos anos, já queríamos um novo treinador, uma nova SAD, quiçá, o regresso de Suk e Marega, como salvadores da pátria! Outros que não são irracionais, mas pura e simplesmente do contra, continuam nessa cruzada.
Como não há maior ingratidão que o futebol, onde se passa de bestial a besta em 90 minutos, não deixamos o Nuno ter tempo de ter tido tempo! Não quisemos saber se a nossa linha da frente é composta por gente que ainda ano passado jogava na equipa B! Não queremos saber que o Rúben Neves ainda não tem 20 anos feitos! Não queremos saber que o Rui Pedro é… júnior! Não queremos saber, que exceptuando o Casillas, Maxi e Marcano, é tudo imberbe!
Contudo, Nuno, foi tenaz, com desenhos ou sem desenhos, levou a dele avante. A árvore que parecia mirrar, cresceu, floriu e agora está a dar os seus frutos. Esperemos que sejam de boa qualidade. Eu sei que são!
Pegando no tema dos últimos dias: a incredulidade da BBC perante o jornalixo português d’A Bola - e a este pasquim poderíamos juntar a quase totalidade do jornalismo nacional -, mais não aponta aquilo que se torna evidente. O estrebuchar do morto! Uma frase que lá para baixo até gostam muito de dizer!
Quando das revoltas coloniais que deram a independência a 90% do território africano, só Salazar, no seu provincianismo, obscuro e maléfico orgulho, desdenhou a possibilidade de uma transição pacífica. Preferiu a luta armada e as independências das ex-colónias. Foi o que se viu! Uma fuga, desesperada para salvar a vida e alguns bens de quem lá viveu uma vida! A minha avó materna, só durou 3 meses aqui, no Continente!
Durante esse tempo, o Mundo inteiro condenou abertamente a política portuguesa, que fez o ditador proferir a triste e célebre frase do orgulhosamente sós!
O centralismo é igual! Caminha orgulhosamente só, como único nesta Europa ocidental, com as suas vaidades, manias e tiques. Caminha despudoradamente só, pensando que só ele é que existe, só ele é que manda, só ele é que sabe! Não se apercebe que o interior português vegeta numa solidão de pessoas, empregos e riqueza! Não se apercebe que a litoralização do país, condena-o á pobreza, á dependência de quem tem a riqueza bem distribuída por igual.
Não se apercebe das constantes chamadas de atenção dos parceiros europeus, que condenam veementemente esta política vampira de sugar tudo a todos!
A estupefacção da BBC, é o culminar da vergonha das gentes sem vergonha, e que para maior vergonha, 90% dessa gente nem alfacinha é! Porque uma coisa é ser-se transmontano a viver no Porto, e eu conheço bastantes, que o são e não renegam as suas raízes, bem pelo contrário, até se orgulham delas. Outra coisa é ser-se migrante em Lisboa. O complexo de inferioridade é enorme, fazendo deles mais lisboetas que o alfacinha de gema!
E quem afirma que o país é pequeno para ser regionalizado, é porque nunca foi do Porto a Bragança, de Monção a Tavira. De Vilar Formoso a Aveiro! Tanta diferença cultural, gastronómica, climática, linguística até, tanta riqueza multiétnica de um só povo, passe o paradoxo!
Maldita a hora em que mandamos a carninha toda para a capital e ficamos com as tripas!
O Portugal das regiões, impõem-se!
O F.C. Porto é o seu baluarte!
PS - Apenas para dizer que faço minhas as palavras do Óliver: temos de ganhar todos os jogos até ao Natal. A onda de entusiasmo tem de continuar a crescer...