Primeiro e porque é verdade, é preciso dizer que David Carmo teve várias oportunidades, mas nunca mostrou capacidade para se impor na equipa do FCP, ser o jogador prometeu no S.C.Braga.
Depois é preciso assumir, sem problemas, nem andar atrás de fantasmas, muito menos em teorias da conspiração que se tivessem origem em outras latitudes nos levariam a dizer que saem das cartilhas, sejam elas de janelas, varandas ou marquises, as contratações de David Carmo e Gabriel Veron correram mal. E como não somos o Manchester City, nem o PSG - ainda existem outros, mas estes dois servem - e como a situação do FCP é a que é, muito complicada, não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar 30 milhões em dois jogadores, pior ainda. Agora é esperar que possa haver retorno, se não for total, seja o que for, pelo menos sirva de exemplo - mas para isso é preciso planificar com tempo e a contratação de David Carmo não foi e devia ter sido. Era sabido que Mbemba ia sair, Marcano não contava muito - agora conta e até tem feito muita falta -, Pepe estava próximo dos 40, não devíamos ter deixado a contratação de um central que precisávamos muito para tarde, com tudo o que isso significou no preço a pagar.
Sobre as razões do afastamento não vale especular, mas é preciso dizer alguma coisa. A começar primeira época de Sérgio Conceição no FCP. Falar do primeiro título e do que isso significou num FCP que passava a maior seca no longo consulado de JNPC, sem esquecer que evitou um penta do Benfica, quando, apesar de ter um excelente plantel - melhor do que actual -, reforçado com os regressos de Ricardo Pereira, Aboubakar e Marega - embora o que passou fosse apenas a entrada de Vaná -, partisse para esse campeonato no 3° lugar da grelha de partida. Sobre o estilo de liderança do treinador, não é o primeiro caso, há vários, Danilo também já tinha passado por algo semelhante. Do poder que tem, numa estrutura que já foi um caso de estudo, em que se dizia, no FCP qualquer treinador sujeita-se a ser campeão, agora o treinador é campeão apesar da estrutura. Da forma como é apoiado, endeusado e tolerado mesmo quando as coisas correm mal e muito mal - exemplo os 0-5 no Dragão frente ao Liverpool ou dos 0-4 frente ao Brugge - Não me recordo na minha longa caminhada a acompanhar o FCP, ver um treinador mais cantado que o presidente, com o conhecido, Ó Conceição faz do Porto campeão. Dos finca pé contra a saída de alguns jogadores, Herrera e Marega, por exemplo, que podiam render umas dezenas de milhões e saíram depois a custo zero. E apesar de haver mais para dizer, chega.
Mas mais que tudo isso importa não desviar a atenção do essencial e está na origem da época muito irregular do FCP: os Dragões jogam quase sempre muito pouco. A equipa de Sérgio Conceição nesta altura da época já devia ser uma equipa com processos e automatismos bem consolidados, compacta, organizada, equilibrada, capaz de dominar todas as variantes do jogo, forte nos lances de bola parada, marcar superioridade, ganhar naturalmente, não digo sempre, mas principalmente contra equipas que não têm tanta qualidade colectiva e individual, plantéis mais fracos e menos numerosos.
Esse é o problema que é preciso resolver, sem bodes expiatórios, com todos, desde quem dirige até quem joga, passando por quem treina. O resto vem por arrasto.
Para terminar importa também referir que este é um plantel desequilibrado - disse-o no final do mercado de Verão, estou à vontade para o repetir agora -, muita gente para a frente, 11 avançados, pouca atrás, particularmente no centro da defesa onde Pepe e Marcano somam juntos 76 anos de idade. E se quem passa o cheque é o presidente, o treinador tem de ser também responsabilizado. Aliás, Jorge Nuno Pinto da Costa quando apresentava as contratações, teve sempre o cuidado de dizer que tinham o aval do treinador.