F.C.Porto 4 - Sporting C.P. 3. Épico. No FCP pode mudar tudo, mas o espírito, raça e crença mantém-se inalterável.
sábado, 3 de agosto de 2024
No primeiro jogo oficial da época, a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira e frente ao campeão nacional, o FCP ainda sem poder contar com todo o seu potencial - por exemplo, Wendell, Francisco Conceição, Pepê e Evanilson, potenciais titulares, estão com a preparação atrasada -, venceu e ganhou muito mais que uma Supertaça...
Iniciando com Diogo Costa, João Mário, Zé Pedro, Otávio e Martim Fernandes, Grujic, Alan Varela e Nico González, Gonçalo Borges, Namaso e Galeno, o conjunto de Vítor Bruno
entrou ao ataque, pressionando alto e bem, Damaso com a baliza aberta atirou por cima, desperdiçando uma excelente oportunidade.
Só que na primeira vez que foi à frente o Sporting ganhou um canto e como já tinha dito e redito, durante os jogos da pré-época, defesa do FCP - e também Alan Varela - nos lances de bola parada e cruzamentos é um desastre, golo. Sporting na frente sem ter feito nada para o merecer.
Como se fosse pouco, logo de seguida, perda de bola a meio-campo, Zé Pedro completamente batido por Gyokeres, passe para trás, defesa mais uma vez sem as devidas compensações e o 2-0 surgiu. Assim, com uma defesa de papel e sem qualquer tipo de ajuda dos médios, fica difícil competir.
Na reacção portista, Galeno derrubado na área, nada foi assinalado.
Respondeu o Sporting, mais um erro de palmatória, desta vez de Otávio, mais uma vez a defesa aos arames, o conjunto de Rúben Amorim só não aumentou a vantagem porque falhou clamorosamente -Zé Pedro e Otávio em vez de ficarem calados depois da final da Taça, de se gabarem que tinham travado este e aquele, se preocupassem em aproveitar este para mostrar serviço, que com eles o FCP pode estar tranquilo...
Com uma defesa - mais os médios, Alan Varela em particular -, a cometer erros inadmissíveis numa equipa do regional, muito pior numa com as responsabilidades do FCP, o Sporting aproveitava, cada vez que chegava à frente ameaçava ou marcava. E marcou o terceiro, pode dizer-se, sem surpresa.
A defesa dos lisboetas não quis ficar atrás da dos portuenses, falhou muito, Galeno aproveitou e reduziu.
Com o FCP obrigado a arriscar, o Sporting ficou confortável.
Nem de frente para a bola e num lance na profundidade, a defesa é capaz de matar logo a jogada.
Com o FCP a tentar, mas tudo de uma forma atabalhoada e sem criar grande perigo, o jogo chegou ao intervalo com o Sporting na frente por dois golos de vantagem. Não porque estivesse a fazer um grande jogo, mas porque o conjunto de azul e brancos ofereceu três golos.
Depois do pesadelo que foram os primeiros 45 minutos, era difícil fazer pior nos segundos.
O treinador do FCP manteve o mesmo onze e Alan Varela continuava desastrado, perdeu uma bola a meio do meio-campo portista, o perigo rondou a baliza de Diogo Costa.
A ganhar por uma diferença de dois golos, o Sporting continuou a aproveitar a desorganização e as crateras defensivas do FCP, em especial pelas laterais, esteve mais próximo do quarto que os Dragões do segundo.
Era muito previsível e inconsequente o futebol portista.
Mas a beleza do futebol apareceu em todo o seu esplendor. Aos 63 minutos saíram João Mário e Grujic, entraram Eustaquio e Iván Jaime, no mesmo minuto, golo de Nico González e resultado na diferença mínima. Com o empate a surgir logo após, cruzamento de Eustaquio e golo de Galeno.
Com o jogo empatado e em aberto, embora Dragões mentalmente por cima, fruto da recuperação de três golos, tudo podia acontecer.
Ao minuto 76 saiu Nico, entrou Vasco Sousa.
Num canto e na ressaca, sem ninguém do FCP a cobrir, o perigo rondou a baliza de Diogo Costa.
O jogo acalmou, Vítor Bruno tirou Gonçalo Borges e meteu Fran Navarro ao minuto 82.
Nos últimos minutos, FCP após vários cantos, Fran Navarro falhou um golo claro, marcou logo de seguida, VAR anulou, bem, por fora-de-jogo. FCP mais perto da vitória. Mas com jogadores azuis e brancos apostados em complicar e perder bolas fáceis em zonas perigosas.
O jogo chegou ao fim com o jogo empatado, vai jogar-se o prolongamento.
É um resultado que acaba por ser justo, apesar do FCP no lance já referido de Fran Navarro pudesse ter garantido a vitória já quase no final dos 90 minutos.
No prolongamento o Sporting entrou melhor, Dragões algo trapalhões e sem critério no último terço.
Novamente o futebol fez das suas. Do nada, Iván Jaime rematou de fora da área, a bola desviou num jogador leonino, cambalhota consumada. Épico. Extraordinário, não me lembro de nada igual nesta já muito longa caminhada a acompanhar o FCP.
David Carmo substituiu Namaso aos 105.
A perder o Sporting, naturalmente, reagiu, mas até à mudança de campo nada se alterou.
Na segunda-parte do prolongamento, a reacção dos campeões continuou. Se pelo meio as coisas melhoraram, também por culpa de Varela, as laterais continuavam a dar algum espaço e era por aí que aparecia o perigo.
O FCP defendia com muitos, mas quando tinha a bola, em vez de procurar jogar, errava, complicava, muito também por culpa de um grande desgaste físico.
O jogo chegou ao fim com uma vitória do FCP, depois de uma cambalhota épica, só possível porque no Dragão pode mudar tudo, mas o espírito, a alma, raça e crença mantém-se inalterável. Porque ela emana daqueles que são a sua razão de ser e a sua essência, os seus sócios, adeptos e simpatizantes.
Se quem ganha é sempre o FCP, esta vitória, a 24 na Supertaça, é um grande estímulo para todo o portismo, em particular, se me é permitido, para o presidente AVB e treinador Vítor Bruno.
PS - A vitória não pode evitar uma reflexão, apagar várias coisas que estiveram mal e que precisavam de ser melhoradas - como disse anteriormente, principalmente na zona defensiva e nas compensações e ajudas dos médios.