domingo, 20 de janeiro de 2008
Vamos lá abrir o capítulo Ricardo Quaresma.
Sinteticamente poderia caracterizar o trabalho do nº7 no jogo de ontem da seguinte forma: entrou, brincou, irritou, marcou, despiu a camisola e viu o amarelo.
Pormenorizando diria: um jogador pega na bola, tenta fintar toda a gente, perde a bola, vira as costas ao lance...não acontece nada.
A seguir o mesmo jogador faz exactamente a mesma coisa... há uma ligeira reacção.
À terceira vez, numa jogada de golo iminente, com colegas em óptima posição, o dito cujo, perde-se em fintas e mais fintas até perder a bola, virando mais uma vez as costas ao lance... aí há uma forte reacção do público.
Injusta? Não me parece! Não se trata de jogar mal, de errar passes, das coisas não estarem a sair bem, trata-se de desconcentração, de displicência, de encarar um jogo oficial sem atitude correcta a um jogador de alto nível, trata-se ao fim e ao cabo, de profissionalismo. E aos melhores exige-se o máximo!
Claro que adeptos que assobiam mais que aplaudem, não é bom sinal, alguma coisa está errada; procurem-se as razões com calma, ponderação, de cabeça fria e não com reacções a quente e de prima dona.
Das declarações de R.Quaresma retive o seguinte: «enquanto não me proibirem de fazer o meu jogo...» e «todos sabem que gostaria de voltar ao estrangeiro. Mas, tenho contrato com o F.C.Porto e quero cumpri-lo. Estou feliz, mas quando me sentir a mais vou-me embora»
- Meu caro Quaresma, acredito que és uma pessoa inteligente e que tens perto de ti quem te queira bem. Assim, espero que ao reflectires sobre o jogo chegues à conclusão, tu e os que te rodeiam, que aquilo ontem foi muito mau e não deve voltar a repetir-se. Se não pensas assim, se os que te estão próximos não te chamam a atenção e se limitam a dar-te palmadinhas nas costas, dizendo-te que és o maior, corres o risco de vires a sofrer grandes desilusões. Em Itália, Inglaterra ou Espanha, países onde acredito queiras jogar, o futebol é levado muito a sério. O grau de exigência é maior que em Portugal. A C.Social desses países não é condescendente para quem vem de fora como a portuguesa. Portanto, se não tiveres sempre uma grande atitude, se não levares a sério todos os jogos, vais ter grandes problemas e corres o risco de te voltar a acontecer o que te aconteceu em Barcelona.
Mas, há uma coisa que eu reconheço que tens razão: é quando dizes «enquanto não me proibirem de jogar assim...» É essa a questão, tocaste no ponto, falta-te um A. Ferguson, ou alguém parecido com o escocês, para te corrigir, para te tirar os vícios, para fazer de ti um jogador da dimensão de um C.Ronaldo, a quem, em talento, não deves nada.
Ainda vais a tempo, assim queiras entender e perceber os sinais. Com tiques de prima dona e de vedeta, não vais a lado nenhum.
Termino citando Norman Vincent: « O mal de todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica.»