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terça-feira, 20 de outubro de 2009


Frente ao adversário teoricamente mais fraco do grupo, o praticamente desconhecido Apoel - apesar de ter vários jogadores portugueses... -, mas que já empatou em Madrid, frente ao Atlético e em Nicósia, mesmo perdendo por 0-1, fez a vida negra ao Chelsea, o F.C.Porto, que é favorito, porque é melhor equipa, tem melhores jogadores e joga em casa, pode em caso de vitória, dar um passo importante rumo aos oitavos-de-final. Mesmo sem Belluschi - sempre que jogou, o F.C.Porto ganhou ou empatou(*) e quando não jogou, perdeu! -, um Porto sério, concentrado, respeitando a equipa cipriota e jogando o seu normal, com mais ou menos dificuldades, conquistará os três pontos e colocará um pé na fase seguinte da C.League.
Ouvi, que estarão 30.000 nas bancadas do Dragão. Acho pouco para um jogo de Liga dos Campeões, mesmo tendo em conta o adversário não ser uma equipa de top na europa do futebol. Os portistas, parece-me, estão a aburguesar-se, a ficar muito esquisitos, a dar pouco valor a tantos sucessos...sinais dos tempos, mas mais vale poucos e bons, que muitos e fracos - pipoqueiros e assobiadores.

(*) - Correcção oportuna do Mr. Blue

O árbitro é o alemão Félix Brych, auxiliado pelos seus compatriotas Thorsten Shiffner e Mark Borsch

Convocados do F.C.Porto

Guarda-redes: Helton e Nuno; Defesas: Bruno Alves, Fucile, Rolando, Álvaro Pereira, Sapunaru e Maicon; Médios: Fernando, Raul Meireles, Mariano, Dias, Alex e Guarín; Avançados: Falcao, Hulk, Rodríguez e Farías.

Equipa provável: Helton, Fucile, Rolando, B.Alves e Álvaro Pereira, Fernando, Meireles e Mariano, Hulk, Falcao e Rodríguez.

Antevisão de Jesualdo:
«O APOEL é uma equipa experiente, com futebolistas de vários países, a maioria na faixa etária dos 30 anos e 14 deles com 25 jogos feitos na UEFA»

«Tem um quadro de jogadores motivado apenas pela Champions League»

«Depois de passar a eliminatória de qualificação, está focado nesta fase de grupos, porque é a primeira vez que está cá e sabemos o que isso significa. Por outro lado, jogou com Atlético Madrid e Chelsea e só sofreu um golo. Sabemos que nos vai criar problemas.»

«Há cinco ou seis dias, o Chipre jogou em Itália, perdeu 3-2 com a selecção italiana, com cinco jogadores do APOEL utilizados e um deles marcou um golo»

«O APOEL é uma equipa mais conhecida por nós do que pela imprensa, por isso, sabemos que é um adversário difícil e que nos vai obrigar a jogar nos limites, para ganhar o jogo»

Toma!, Guerra e isto é para não usar as expressões de Maradona...

Miguel Sousa Tavares: pesadelo azul.

"LEIO sempre com atenção o que Fernando Guerra aqui escreve – e ele escreve bem e pensa bem. Mas, terça-feira passada, creio que ele derrapou e cometeu o erro clássico que, a meu ver, sempre cometem os que, de fora, escrevem sobre Pinto da Costa: ficarem-se pelas aparências, pelos sinais exteriores de qualquer coisa mais funda e que não querem ou não alcançam entender. Eu, que julgo ser insuspeito de alinhar junto dos «que o seguem até de olhos fechados», como escreveu Fernando Guerra, fico sempre admirado por constatar que, após mais de vinte anos de liderança destacada no futebol português, o «fenómeno Pinto da Costa» (porque se trata mesmo de um fenómeno), continue a não ser decifrado por analistas, adversários e rivais.

Confesso que não segui com atenção as tais declarações que o presidente do FC Porto terá feito algures e que levaram Fernando Guerra a classificá-las como «resquício da pequenez que sempre caracterizou a sua política de conflitualidade, avessa à serenidade, à sensatez e à clareza» e decerto motivadas por um «pesadelo vermelho» que esta época estará a perseguir o líder azul. Que eu tenha visto, apenas registei umas declarações, no tom de ironia de que tanto gosta, agradecendo ao Benfica a contratação de Falcao. Se é a isso a que se referia Fernando Guerra, não me parece que justifique tamanho alarido. Basta recordar que o presidente do Benfica, esse sim, gastou os últimos três anos a visitar casas do Benfica pelo país inteiro e em todas elas tinha sempre um discurso de escárnio e ódio contra o FC Porto– com o qual visava desviar as atenções dos sucessivos falhanços desportivos da sua gestão (é, aliás, sintomático que esta época, em que o Benfica desatou enfim a vencer e a jogar futebol, Luis Filipe Vieira se tenha remetido a um silêncio inabitual).

Fernando Guerra diz que «Pinto da Costa não autorizou que o FC Porto crescesse quanto podia, transformando-o de um grande clube de implantação regional num outro de dimensão verdadeiramente nacional». Extraordinária afirmação esta! Que todos os factos, todos os números e toda a realidade desmentem, ano após ano! É verdade que Pinto da Costa sempre viveu amarrado a um discurso de cariz regional e regionalista, que lhe serviu no início para aglutinar todas as gentes portistas e fazer do FC Porto o grande clube do norte do país, símbolo perfeito do desafio do resto do país à hegemonia de Lisboa – no futebol, como no resto. Mas, ou porque tenha mudado de visão quando percebeu a dimensão imensa que o clube foi adquirindo, ou porque a criatura escapou ao criador, o facto é que isso hoje está longe de ser verdade e chamar ao FC Porto um clube regional sem dimensão nacional não cabe na cabeça de ninguém. O FC Porto é, neste momento, tetracampeão de futebol, depois de ter sido pentacampeão há pouco tempo. Conquista regularmente títulos nacionais em todas as modalidades profissionais (um ano houve em que chegou a acumular o título nacional nas cinco modalidades profissionais); foi, nos últimos três anos, o clube com mais assistências no estádio e tem hoje adeptos e seguidores de norte a sul, ilhas e emigração. Se isto não é um clube de dimensão nacional, o que será tal coisa?

Mas, nos últimos vinte anos, o FC Porto fez mais, bem mais do que isso: transformou-se no único clube português de dimensão internacional, duas vezes campeão europeu e campeão do mundo, segundo clube com mais presenças na Champions, fundador do G-14, onde sediavam os maiores da Europa, conhecido no mundo inteiro e com os seus principais jogadores cobiçados todos os anos pelos potentados europeus. Atendendo à dimensão crítica do nosso futebol, o que o FC Porto conseguiu é um verdadeiro «case study»: não conheço nenhuma empresa portuguesa que tenha adquirido uma dimensão além-fronteiras comparavel à do FC Porto. Que outra empresa portuguesa já foi considerada a melhor da Europa ou a melhor do mundo no seu ramo de negócio? Que outra levou o nome de Portugal aos confins do planeta, como o FC Porto o fez e faz?

Não ver isto, insistir em que tudo foi conseguido pela «pequenez» ou «conflitualidade» (ou por batota, como diz o disco rachado dos rivais vencidos) ou é cegueira em adiantado estado ou é má-fé. Não querer perceber que um êxito continuado só acontece a quem é melhor no planeamento, na organização, no profissionalismo e na motivação, a quem tem como filosofia de vida um grau de exigência e de competitividade acima dos demais, é uma caracteristica bem portuguesa. O sucesso que se destaca é sempre muito mal visto pelo comum dos portugueses e a reacção habitual não é a de tentar perceber as razões do sucesso e imitá-las, mas sim tentar destruí-lo, insinuando razões obscuras para o triunfo. Desde Alfarrobeira que essa é a nossa história. E a razão do nosso atraso sem remédio.

Muito na linha dos adversários portistas, Fernando Guerra acha que tudo foi obra de um homem só e profetiza tranquilamente que tudo se há-de desmoronar, no dia em que Pinto da Costa passar à reforma. Pois, quem viver, verá. Mas se espera, como escreveu, que o resultado das últimas autárquicas (ou das anteriores) na cidade do Porto já é um prenúncio seguro do fim iminente de Pinto da Costa e da hegemonia nacional dos portistas no futebol, o melhor é esperar sentado, porque de novo não percebeu. Não deixa, aliás, de ser eloquente que, enquanto que os cidadãos do Porto distinguem bem o voto muncipal do voto clubistico, sejam os analistas a proceder entusiasticamente a essa confusão. Segundo eles, se Rui Rio, inimigo confesso do FC Porto, ganha as eleições no Porto, é porque o clube está a perder adeptos na sua própria cidade. Do mesmo modo que quando os sportinguistas Jorge Sampaio e Pedro Santana Lopes ganharam a Câmara de Lisboa, isso só podia significar que o Benfica estava a perder adeptos na capital…É certo que eles não hostilizaram o Benfica, como Rui Rio, numa atitude de arrogância gratuita e ridícula, resolveu fazer com o FC Porto. E se também é certo que Rui Rio tem vencido as eleições apesar da sua hostilidade declarada ao maior clube e maior símbolo da cidade, também o F.C.Porto tem vivido muito bem com essa hostilidade: tem ganho títulos nacionais e internacionais e a única consequência é que agora não os festeja frente aos Paços do Concelho, conforme era tradição.

Enfim, para acabar e em abono da verdade histórica, é preciso dizer que não é verdade que o clube (isto é, Pinto da Costa), ao vencer a Liga dos Campeões, «em lugar de festejar com a exuberância justificada… tenha optado por destapar desavenças internas com o objectivo de desvalorizar o trabalho do treinador, José Mourinho, o qual, no regresso da Alemanha, abandonou o aeroporto pela porta do lado, por forma a evitar encontros indesejáveis com a facção mais descontrolada da obediente claque». Não é verdade, simplesmente. Eu estava lá e vi- no estádio, no avião, no aeroporto. Não havia ninguém, do presidente ao mais simples adepto, que quisesse desvalorizar o trabalho de Mourinho e que não quisesse a sua continuação: foi ele que, legitimamente aliás, quis voar outros voos. E foi ele quem optou por não festejar exuberantemente o título europeu – nem no estádio, nem no avião, nem depois, no Dragão. Conforme é mais do que sabido, Mourinho teve um problema de natureza pessoal com parte da claque portista e foi por isso que escolheu sair por uma porta lateral e desaparecer dos festejos. Não discuto se tinha ou não razão para proceder assim: limito-te a corrigir a versão de Fernando Guerra porque ela não é verdadeira e não serve de exemplo à sua tese.

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