domingo, 10 de outubro de 2010
O jornalismo, que ganhou direito à regra no futebol português, não é o do sistema americano, aparelhado de competências e de controlos de abuso de poder, mas o jornalismo bacoco das repúblicas das bananas da velha e usada América do Sul, onde ainda alguns poderes são despóticos, as devirgências subversivas, as corrupções incentivadas, as inteligências assassinadas, os criticismos anulados, as personalidades dizimadas, as rebeldias intoleradas.
O jornalismo do futebol português é cego à conta da paixão que cada jornalista jura ter pelo seu clube, como se fosse uma Pátria inventada no prazer de um domínio senhorial.
Esses poderes são perigosos, porque da imaginação secular da sucessão dos jornalistas nasceu, de facto, um país futeboleiro de faz de conta, mas demasiado real, porque muitos o levam a sério, achando, mesmo, que esses poderes existem de pleno direito, não apenas testemunhado, mas até admirado e convivido por doutores pacóvios, juízes promíscuos, religiosos de pouca fé e uma turba de vassalos disponíveis a tudo, ambicionando cargos de proximidade à corte.
Daí que jornalista que apareça noutro registo e noutro contexto cultural possa ser, realmente, visto como um género de virgem entre as feras, tenra e apetitosa, digna da maior comiseração pela sua pobre brandura de costumes.
É o que por aí se diz de António Simões - Jornalista sério, equilibrado, equidistante, nada dado a recados e a fretes - tal como antes se dizia de Vítor Santos - deve dar voltas no túmulo, ao ver no que A Bola se transformou - e, até, de Carlos Miranda - Um grande senhor! As gentes do futebol, que apenas entendem aquilo que vêem, olham para estas espécies estranhas de jornalistas e acham que são e eram um género de cristãos lançados às feras, nos novos tempos romanos.
Curiosamente, são, todos de A Bola. E daí se parte para a dedução natural de que a isso, ou seja, a essa ausência de imoralidade, de cumplicidade e, sobretudo, ao suposto sobejo de ingenuidade que os distinguiria, se deve a queda brutal do Pasquim da Queimada.
O conceito é, deveras, curioso. No fundo, é do mesmo tipo daqueles que faz lavar a honra de alguns mandantes autárquicos quando o povo diz que «fulano roubou como os outros, mas, ao menos, fez obra»
Dirão os conscientes pragmáticos que a questão está em entender que este nosso estado de direito se perde alegremente nos prazeres impudicos das nossas escuras vielas desportivas e que, assim sendo, ou seja, não se podendo mudar a natureza do país e da sua justiça, a escolha para director de A Bola não se deverá pautar pela competência da gestão, muito menos pela solidez de carácter, mas pela experiência de sucesso nos bastidores dos bairros canalhas da sociedade lusitana.
Ai de nós, se têm razão."
Meus caros amigos, este post é quase uma cópia do artigo, de ontem, do director de A Bola e que tem o título: «Presidencialismo à portuguesa». Apenas troquei o Presidencialismo, por «Jornalismo à portuguesa» e ficou assim, engraçado. Obviamente, há jornalistas que não enfiam esta carapuça, mas no caso do jornal com sede na Travessa da Queimada, há muitos a quem este artigo encaixa como uma luva: Freteiro Delgado, Reco-Reco Guerra, João Bonzinho, F.Urbano, N.Paralvas, Casanova e mais uns quantos...
PS 1- Uma parte de mais um e-mail do J.M.Conceição: "Ó Vila, sabias que quem escreve os artigos dos fedorentos, na Bola e no Record, são as Produções Fictícias?"
PS 2- FC Porto conquista Troféu António Pratas
DRAGÕES DERROTAM (68-59) OVARENSE NA FINAL