domingo, 19 de março de 2017
Se antes do empate do Benfica na Mata Real, já era importante ganhar, depois do empate que o clube do regime cedeu frente ao Paços, a importância aumentou. A décima vitória consecutiva dava a liderança por direito próprio e dava também a possibilidade ao F.C.Porto de chegar à Luz com menos pressão, passava para o outro lado a obrigação de ganhar. Ora, esta equipa de Rui Vitória, frente a adversários com alguma qualidade, obrigada a correr riscos, expõe-se, tem dificuldades, dá-se mal, quando se dá bem, é quase tudo graças à sorte.
Portanto, o F.C.Porto não podia falhar, mas falhou, veremos as sequelas e as consequências deste empate comprometedor no jogo do dia dos enganos. E porque empatou o F.C.Porto? Empatou por culpas próprias, lá chegaremos, mas também porque aquilo que se assistiu esta noite num Dragão quase esgotado - 49.417 espectadores -, não é futebol, é a antítese do que é o futebol. Que uma equipa mais fraca não jogue o jogo pelo jogo, tenha cautelas defensivas, procure defender com muitos, jogar no erro, explorar o contra-ataque, nada contra, faz parte. Mas que uma equipa tenha e desde o minuto inicial, como estratégia e como táctica, atirar-se sistematicamente para o chão, interromper constantemente o jogo, para com isso enervar, perturbar, cortar o ritmo do mais forte, é criminoso, só não é veementemente condenado por todos, porque, obviamente, este empate deixa a maioria do país e dos prostitutos ao seu serviço, todos contentinhos da silva. O árbitro deu os descontos necessários, mas nem que desse mais tempo, nunca penalizaria o miserável comportamento da equipa de José Couceiro - este, sempre pronto a arvorar-se em moralista, preocupado com as condições para um futebol português melhor, devia ter um pingo de pudor, depois do vergonhoso comportamento da sua equipa no jogo desta noite. Talvez o abono de família aumente, mas o crédito de Couceiro, esse não fica pelas ruas da amargura pelas razões apontadas, mas que devia, devia. Eu tinha vergonha de ser treinador de uma equipa que utiliza estes argumentos para criar problemas ao adversário.
Mas se sobre o comportamento do Vitória F.C. estamos conversados, também há culpas do F.C.Porto pelo empate no jogo desta noite. Faltou à equipa de Nuno Espírito Santo, naturalmente, frescura, consequência do jogo frente à Juventus - jogar mais de 45 minutos com menos um, não mata, mas mói e de que maneira.
Faltou eficácia, não foram muitas, mas foram quatro ou cinco oportunidades claras que os azuis e brancos falharam, umas por falta de uma pontinha de sorte - duas bolas nos ferros -, outras porque faltou capacidade e melhor abordagem dos lances, na altura de meter a bola lá dentro.
Faltou fluidez, circular bem e depressa, dinâmica e, acima de tudo, faltou meio-campo. Ora, é dos livros, que o meio-campo é um sector nevrálgico, um meio-campo equilibrado, rápido a pensar, executar e a servir os avançados, é fundamental no rendimento de uma equipa. E jogar com apenas dois médios, contra muitos do Vitória e para mais com Danilo muito desgastado, Óliver nem tanto, mas abaixo do seu valor, foi um dos grandes problemas que os Dragões enfrentaram, problema que nunca foram capazes de resolver.
Compreendo a entrada de Corona, precisa de jogar para ganhar ritmo - fez um grande golo -, mas porque não em 4x3x3, como no Bessa - enquanto o mexicano esteve em campo e nesse sistema, o F.C.Porto fez contra o Boavista uma das suas melhores exibições da época? Porque regressou o F.C.Porto a um 4x2x4? Hoje, com os laterais bloqueados ficou um espaço por preencher no meio, o jogo interior nunca existiu, já que Danilo e Óliver muito próximos um do outro e muito recuados, raramente apareciam junto à área sadina para criar, a assistir, rematar, os dois avançados que jogaram pelo meio, apenas uma ou outra vez recebiam a bola em boas condições. E nem com as substituições fomos capazes de resolver. Jota entrou para fazer as funções de Corona; Otávio que substituiu Layún, em vez de simplificar, complicou; Depoitre só entrou a 2 minutos do fim para o lugar de André Silva. Assim, sem frescura fisíca - Brahimi e Soares também acusaram o esforço do jogo de Turim -, sem discernimento, apenas com o coração, apesar do forte e constante apoio do público, o F.C.Porto não fez o golo que lhe daria a vitória que seria mais justa. Na noite de hoje venceu o anti-futebol.
Nota final:
Agora há a pausa para as selecções, o campeonato regressa com o clássico frente ao Benfica. É preciso reflectir sobre o que correu mal - para mim, é claro, em 4x2x4, não dá! -, limpar as cabeças, sarar as azias, acreditar que apesar desta decepção e da desilusão que nos consome neste momento, estamos na mesma situação que estávamos antes desta jornada. Ganhar hoje não faria do F.C.Porto campeão, não ganhar não acaba com a possibilidade de em Maio a festa ser na Avenida dos Aliados.