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segunda-feira, 24 de abril de 2017


Apetecia-me falar de mais uma roubalheira, dois penalties para o tecto, uma constante desta época. Dizer que, de facto, como se viu ontem na arbitragem de Rui Costa - árbitro do Porto, note-se e sublinhe-se -, desde que dois supostos adeptos do F.C.Porto foram à Maia e mandaram umas bocas a Artur Soares Dias, os árbitros ficaram cheiinhos de medo, coagidos, condicionados, não é verdade, ratos de esgoto?
Do treinador e da equipa, incapazes de responder afirmativamente quando a coisa apertou, a pressão aumentou e era preciso transcendência, superação, mas em cinco jogos importantíssimos, quatro empates e apenas uma vitória.
De Nuno Espírito Santo, só agora, quando está instalada a sensação que tudo está perdido, tenha saído a terreiro a clamar contra as poucas vergonhas, esquecendo que é líder e um líder de verdade é sempre o primeiro a defender as suas tropas, vítimas de sistemáticos atropelos. Fazer um número de alto e pesado na Luz, esquecendo a agressão a Alex Telles, a vingança vil, mesquinha e provocatória do Palhaço Bambi, deu para ficar bem na fotografia, mas não serviu os interesses do F.C.Porto. Idem após o jogo de Braga, mesmo que o vermelho a Brahimi significasse a perda do seu melhor jogador numa altura decisiva do campeonato. Não podemos ter despertado para uma luta sem tréguas contra um polvo que estende os tentáculos por todos os lados e ter um treinador calculista, macio, encolhido, preocupado com a sua imagem externa. Quem se senta no banco dos Dragões, ter de ser um Dragão, vestir a camisola, dar o corpo ao manifesto, obrigar a escumalha a dizer mal dele. Resumindo, ser fiel ao lema: "Quando os nossos inimigos dizem bem de nós ou estamos doentes ou estamos a servir mal o F.C.Porto." Nunca um treinador sistematicamente apelidado de bom moço, pela corja anti-portista, teve sucesso no banco portista.
Chega de dizer que estamos vivos, quando mais que palavras queremos factos concretos. Andamos a levar demasiados murros no estômago, sofrer demasiadas desilusões, dar muito e receber tão pouco, para que depois de mais uma noite negra, tenhamos pachorra para discursos que se repetem, mas sem correspondência na prática. E se há treinador que nos últimos anos tem tido tolerância máxima e máximo apoio, é Nuno Espírito Santo.

Apetecia-me falar das primeiras-partes falhadas nos dois últimos jogos, queria perceber o porquê de quando se tem Corona joga-se com André Silva pela direita, quando não se tem o mexicano passa-se André Silva para o meio, tira-se Tiquinho Soares do seu habitat natural, onde rende mais.
Mas também queria falar de tudo o que de mau aconteceu antes, durante e no final do Sporting - Benfica. Da trágica morte de um adepto, atropelado, dizem que várias vezes, por um carro conduzido por adeptos e membros de uma claque benfiquista e fora-da-lei. Da falta de respeito dos adeptos do clube do regime durante o minuto de silêncio, mas que o panfleto da queimada praticamente ignorou, quando ainda há pouco tempo foi tão lesto a condenar adeptos do F.C.Porto em situações análogas. Das pressões ao intervalo e que tiveram como consequência um árbitro diferente na segunda-parte do derby e para dizer, parafraseando Rui Gomes da Silva, vulgo Chouriço: não foi por isso que o Boavista desceu de divisão?

Apetecia--me muito falar das declarações dos presidentes de Sporting e Benfica, sempre muito didácticas, construtivas, dois notáveis contributos para a melhoria e pacificação do futebol português. Bruno de Carvalho está castigado, mas não poupa nas palavras - alô, Meirim, onde páras tu? Só lês o Dragões Diário? -, já Vieira o midas de pacotilha, que deve centenas de milhões, o santinho do pau oco, porque a vida que corre bem, dispara forte e feio contra o outro lado da Segunda Circular, apelidando BdC de populista, Vale e Azevedo reinventado. É, mudam-se os tempos, mudam-se os comportamentos. Ainda não passaram muitos anos em que víamos Vieira sair do Dragão a meio do jogo para não se confrontar com a ira das claques fora-da-lei, como aconteceu quando levou cinco. Nessa altura o presidente do Benfica tinha problemas de saúde e os médicos não o aconselhavam a ir aos estádios. Porque no que toca a trauliteirismo, demagogia, mau gosto, como se verificou no pós Sporting -Benfica, continua tudo na mesma, exactamente com os mesmos defeitos que aponta ao líder sportinguista. Ninguém segura a criatura e Vieira até se dá ao luxo de confrontar a comunicação social e esta nem tuge nem muge.
E também me apetecia falar de quando BdC chegou a presidente do Sporting. Sim, porque tenho memória, lembro-me bem que apontou a artilharia ao F.C.Porto e ao seu líder. Nessa altura foi o delírio, na estrumeira da queimada, por exemplo, então nem se fala, o freteiro com calo no cu como o macaco, Delgado, esse teve vários orgasmos triplos. Agora as coisas mudaram, BdC dispara contra o Benfica e Vieira, aí é vê-los a fazer as mais arriscadas piruetas, clamar que não pode ser, é preciso ter tento na língua, isto está a ir longe demais.

Apetecia-me falar daqueles que agora gritam aos sete ventos que é uma vergonha o estado a que chegou o futebol português, mas ao mesmo tempo dão guarida e pagam bem a provocadores, pirómanos e incendiários como Rui Gomes da Silva, o popular Chouriço.
Daqueles que nunca levantaram a voz nem escreveram uma letra contra uma miserável einsultuosa cartilha.
Daqueles que coloboraram num dos piores ataques contra o futebol, como aconteceu em Setembro de 2010, quando iam apenas decorridas 4 jornadas, mas que agora, sem pudor e sem vergonha na cara, se o F.C.Porto, cheio de razão, queixa-se dos árbitros, eles a aí estão, lestos a criticar. São os mesmos desavergonhados que quando os árbitros erram a favor do F.C.Porto estão comprados, regressamos aos tempos do apito dourado, mas se sistematicamente prejudicam os Dragões, é futebol, são seres humanos, como tal, sujeitos a errar.
Daqueles que quando o Benfica ganha está sempre tudo bem, ninguém se atreva a tocar nem com um luva de pelica no mérito do clube do regime, mas quando ganha o F.C.Porto, mesmo em épocas extraordinárias a que corresponderam títulos europeus, lá estão sempre as reticências, o sim, mas...
Daqueles que têm o dever estrito de ser isentos e equilibrados, ter ética e deontologia, mas pisam tudo em nome de uma causa, um benfiquismo doentio e fanatizado. Os que colocam em destaque de capa, mais um profissional da provocação e do insulto, a dizer: o titulo do F.C.Porto é um tributo dos árbitros.

E apetecia-me perguntar porque nunca ninguém ao mais alto nível do Estado diz nada sobre tudo isto, sobre esta comunicação social castrada, capturada pelo Benfica? Porque ficam calados e nada dizem sobre programas de televisão que são autênticos atentados ao desporto, um foco de criação e alimentação de ódios entre adeptos, sempre com os encartilhados em destaque e agora, com a tragédia consumada, vêm com apelos claramente fora de tempo?
E não, não vou falar sobre o Feirense, todas as equipas devem, sempre, deixar tudo no campo, nem que depois do apito do árbitro, caiam prostrados no relvado, como aconteceu ontem no Dragão. Mas quando leio alguns papa-hóstias colocar em causa o profissionalismo de equipas que perdem bem no Dragão, esquecendo os belenenses desta vida, tenho muita pena de não me cruzar com eles na rua e poder dizer-lhes de uma a um cento.

É, meus amigos, há muita coisa para dizer, mas não tenho vontade de dizer nada.

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