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quarta-feira, 9 de maio de 2018


Jorge Nuno Pinto da Costa.
Sabem todos que no "meu Porto", em primeiro lugar, para o bem e para o mal, responde o líder do clube e SAD, Jorge Nuno Pinto da Costa. É assim agora que ganhamos, foi assim quando perdemos, é assim que deve ser sempre, na minha opinião. Elogiar e responsabilizar o presidente pelos sucessos, desresponsabilizá-lo e arranjar bodes expiatórios nas alturas em que os objectivos não são atingidos, é um exercício de desonestidade intelectual que me recuso a seguir. Portanto, em primeiro lugar, parabéns ao presidente por mais um título e que título! Mas se é verdade que a escolha de Sérgio Conceição, como está à vista e contra factos não há argumentos, foi uma escolha correcta e esse é mérito deve ser creditado ao líder do clube e SAD - não vou usar o passado recente como contraponto... -, também não deixarei de dizer, porque para mim é uma verdade incontestável, desde que Jorge Nuno Pinto da Costa é presidente nunca a influência de um treinador foi tão notória e contribuiu tanto para a conquista de um título como esta época com Sérgio Conceição na cadeira de sonho. Aliás, esse reconhecimento foi expressado/cantado de uma maneira extraordinária. Tanto que na minha já longa caminhada a acompanhar o F.C.Porto, posso dizer que se já vi treinadores a serem muito exaltados e o seu trabalho de excelência também muito enaltecido - Pedroto, Artur Jorge, Mourinho ou André Villas-Boas, por exemplo - nunca vi nada igual ao que vi domingo no Estádio do Dragão. Se tenho claro que é impossível um treinador ter um apoio unânime, tenho também a certeza que nunca um treinador foi tão consensual, teve do seu lado a esmagadora maioria do portismo, como Sérgio Conceição.

Sérgio Conceição.
Quatro épocas sem ganhar nada, quatro treinadores contratados que saíram sem cumprir o contrato - acabando, definitivamente, com a teoria que no F.C.Porto qualquer treinador arrisca-se a ser campeão -, fair-play financeiro violado, clube sob alçada da UEFA, grave crise financeira, por essa razão apenas um jogador contratado - Vanã e apenas porque se pensou que Iker Casillas ia sair. Portanto, perspectivas muito pouco animadores, F.C.Porto muito mal colocado na bolsa de apostas, condenado a priori ao terceiro lugar, mas muito cuidado com o Braga... Foi neste cenário que Sérgio Conceição começou a trabalhar, foi este o ponto de partida, convém não esquecer.
Recuperando jogadores que estavam emprestados, Aboubakar, Ricardo, Reyes, Marega ou Sérgio Oliveira, o treinador, mais os seus colaboradores, na minha análise, teve como prioridade: entrar na cabeça dos seus pupilos, dar-lhes confiança, incutir-lhes a mística e o verdadeiro espírito do Dragão - paixão, emoção, coração, praticar o lema, até podemos perder sempre, não podemos é sair do campo com a sensação que não fizemos tudo para ganhar - e a partir daí formar um grupo forte, unido, coeso, determinado, com atitude e carácter, enfoque no colectivismo como base que potencia o talento. Os resultados estão à vista.
Sérgio cometeu erros? Claro que cometeu, não há treinadores perfeitos. Mas o balanço é notável.
E nem se pode dizer que Sérgio Conceição seja um treinador com estrelinha. Não, porque se na Champions não havia nada a fazer, na Taça da Liga e na de Portugal, independentemente do mérito do adversário, das culpas próprias que existem sempre quando não se ganha e dos erros alheios, foi nos pormenores da bola que bate nos ferros e entra, versus a bola que bate e não entra que esteve a diferença, impediu o F.C.Porto de lutar e quiçá conquistar - seria favorito nas finais -, mais dois títulos.

Equipa/grupo.
Como disse, o colectivo que potencia e faz brilhar o talento, foi a base deste título tão desejado, ambicionado e merecido. Assim, até para evitar alguma injustiça, na pessoa do grande homem, profissional ímpar e jogador acima da média, o capitão Hector Miguel Herrera; por tudo aquilo que teve de passar sem nunca vacilar até se afirmar; pelo respeito com que sempre, mesmo nos momentos mais difíceis, se referiu ao F.C.Porto, e do seu orgulho em envergar o manto sagrado; um grande abraço e muitos parabéns a todo o plantel, deste portista e acho que finalmente posso dizê-lo, da esmagadora maioria dos frequentadores deste tasco.

Adeptos.
Já disse, mas vou repetir até à exaustão: os adeptos do F.C.Porto mobilizaram-se e apoiaram como nunca. Pegaram na equipa ao colo na 1ª jornada, resistiram estoicamente a algumas tormentas, pelo meio, Liverpool como o maior exemplo, elevaram bem alto o nome do F.C.Porto e sob o entusiasmo e a alegria contagiante de um imenso Mar Azul, pousaram-na no palanque para receber a taça de campeão.
Se dentro das possibilidades de cada um, todos enquanto adeptos presentes e empenhados, temos uma pequenina gota no sucesso, pela minha parte orgulho-me de ter escrito em 17 de Maio de 2017 um post com o título: Porto, olha-me nos olhos e presta atenção que vou falar contigo. Está lá muito do que esperava e veio a acontecer esta época. Como sou intelectualmente sério, tenho de agradecer ao freteiro com calo no cu como o macaco, Delgado, a inspiração.
- Sim, freteiro, se vais estar entre os maiores dos perdedores, também tens um bocadinho
de vencedor. E sendo assim... Obrigado, Zé Manel!

Estrutura, staff, o que quiserem...
Se nas palavras do Mister, todos foram importantes, até os homens que tratam a relva, na impossibilidade de estar a nomear todos, envolvo num longo abraço de parabéns dois grandes profissionais que são simultaneamente dois enormes Dragões: Dr. Nélson Puga e Eng. Luís Gonçalves.

A comunicação do F.C.Porto, particularmente Francisco J. Marques.
Posso não ter gostado de algumas tiradas precipitadas e dispensáveis, de algum endeusamento que era evitável, mas num país como Portugal, um país maioritariamente benfiquista, onde quem toca no clube do regime, leva, tem todas as armas apontadas, vê a sua vida esmiuçada até à medula, ter a coragem de enfrentar tudo isso com as consequências que estão à vista na campanha em que até a sua vida privada vale como arma de arremesso, vai muito para além das responsabilidades profissionais e por isso merece ser louvado e enaltecido.

Nota final:
Por tudo que representou internamente, quer desportivamente - quatro anos sem ganhar num clube ganhador, o mais ganhador dos últimos 30 anos e com títulos que remetem para o sonho é muito tempo - e financeiramente - a entrada directa na fase de grupos da Champions é uma ajuda muito importante para a recuperação financeira -, quer externamente - na luta contra um estado lampiânico de contornos mafiosos e um polvo com tentáculos espalhados mesmo onde nunca esperaríamos, na justiça, pilar fundamental num estado democrático, por exemplo -, concordo que este título é um dos mais importantes da história do F.C. Porto. Mas não é a panaceia, uma espécie de varinha mágica que de repente resolve todos os problemas. Estamos agora bem melhor, mas ainda temos de continuar a batalhar muito. Sem arrogância, nem autismo, evitando cometer os mesmos erros, todos juntos como aconteceu esta época, podemos estar encarar o futuro do F.C.Porto, como clube ganhador, com alguma tranquilidade. Temos a nosso favor a juventude de agora, cada vez mais portista, cada vez mais apaixonada pelo Dragão. Também por eles temos responsabilidades acrescidas, não podemos facilitar.

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