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sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Na sequência do post anterior e porque o Duarte colocou a questão de menos público no Dragão nos jogos do F.C.Porto frente ao PSG e Sporting, em contraponto com mais público no jogo da selecção; e porque nesta altura em que estamos a discutir o Relatório e Contas, com prejuízos elevados, menos público no estádio, significa menos receita, é uma boa ocasião para falar do assunto. Como o tema é sério e merece ser abordado com profundidade e não de forma ligeira, estabelecendo apenas uma comparação que é, para mim, ilegítima, importa recuar no tempo e dizer o seguinte:
- Quando há anos atrás os responsáveis do F.C.Porto chegaram à conclusão que o saudoso Estádio das Antas tinha atingido o prazo limite de validade e resolveram avançar para um estádio novo, pensaram num estádio para 40 mil espectadores. E porquê? Porque o Estádio das Antas estava encadeirado e com torniquetes, era fácil ver a média de espectadores nos anos anteriores e essa verificação resultou que, salvo uma ou outra excepção, 40 mil lugares chegavam e sobravam. Mais tarde, com Portugal a ganhar a organização do Euro 2004 e isso obrigar a ter alguns estádios com lotações iguais ou superiores a 50 mil lugares, em concordância com as instâncias do Governo e da FPF, o F.C.Porto avançou para um com a lotação mínima acima da exigida pela UEFA. 
Nasceu o Dragão, com cerca de 52 mil lugares. Dito isto, se formos analisar bem, salvo raras excepções, jogos frente ao Benfica, festas de título, jogos importantes na Champions ou Liga Europa, raramente o número de espectadores ultrapassa os 40 mil - curiosamente, um F.C.Porto-Limianos, teve 41.118. Citei este exemplo para o que vou dizer mais à frente... A pergunta que se coloca, é porquê, sendo o F.C.Porto dominador e tão ganhador, não há mais gente no Dragão? Podemos dizer que falta uma campanha de promoção dos jogos mais agressiva, com jogadores e técnicos envolvidos, na comunicação social e no Porto Canal, ao menos aí; que e ao contrário de outros, a comunicação social quando jogadores ou técnicos do F.C.Porto fazem apelos aos adeptos, isso não é aproveitado para grandes parangonas; mas não façam comparações com o que aconteceu no jogo da selecção. A selecção joga uma vez por ano no Dragão; houve o efeito Cristiano Ronaldo - tive vários amigos que até não ligam ao futebol, não queriam ir e foram, praticamente obrigados, pelos filhos de 8, 9 e 10 anos que queriam ver ao vivo o CR7; os preços, eram baratos - a FPF, como não paga salários dos jogadores, pode dar-se a esses luxos... - e com o desconto de 50% em cartão, ainda mais baratos ficaram. Ora, o F.C.Porto, no campeonato e na Champions, não pode baixar os preços a um ponto em que os Dragon Seat se tornem inócuos, não compense comprá-los e, como bem sabemos, essa verba no início da época, é muito importante... Podíamos baixar os lugares anuais? Não sei, talvez, mas com os encargos a serem cada vez maiores - há dias referi o aumento dos impostos que não vão passar ao lado dos clubes -, se baixarmos as receitas, ainda teremos mais problemas, ainda seremos menos competitivos, principalmente a nível internacional. Queremos isso? Depois, o F.C.Porto não tem apoio do Continente, porque, como é óbvio, se o Supermercado do Eng.Belmiro patrocinasse o F.C.Porto, tinha de patrocinar, também, o Benfica  e o Sporting...
Mas e embora menos divulgadas, também temos iniciativas para chamar público: em em todos os jogos no Dragão, com excepção da Champions, patrocinadores que também oferecem bilhetes, não têm é a visibilidade das promoções do Continente; nos jogos das Taças de Portugal e Liga, os bilhetes são a preços simbólicos, daí o exemplo que dei dos 41.118 num Porto - Limianos sem qualquer interesse competitivo; também sei que o clube vai junto de estabelecimentos de ensino, promover os jogos e oferecer convites; e, acredito, há outras iniciativas que desconheço ou que agora não me vêm à cabeça. Dito isto, como se explica, então, que o Dragão não tenha mais gente? Para mim, além das razões citadas acima, há mais, aponto algumas: se no passado e eu sou testemunha, muitos caminhavam para as Antas, mesmo quando não ganhavamos nada e as exibições eram uma miséria, agora, muitos desses são demasiado exigentes e para além de títulos, querem sempre Ópera; outros, acomodaram-se e como os horários dos jogos são pouco atractivos, preferem ficar em casa a ver na televisão - no passado não havia a panóplia de transmissões que há agora. No dia do Porto/Sporting, deu o Milan-Inter e a seguir o Barça-Real; a crise. O dinheiro é contado ao cêntimo e muitos, mesmo com o lugar anual, não vão para não gastar em transportes; e ainda, outras alternativas, desde internet, jogos de computador, aos passeios no Shopping... Assim, apontadas algumas razões e como conclusão: os tempos estão muito difíceis e como dizia num dos posts anteriores, vai ser preciso muita criatividade, muita imaginação, muita competência - para ajustar o necessário e acertar o mais possível...-, de quem dirige, tolerância e muita paixão, principalmente, dos adeptos que podem. Digamos não ao comodismo, ajudemos. É altura de não ficarmos à espera do que o clube pode fazer por nós, mas do que nós podemos fazer pelo clube, nem que seja o mínimo, ir ao estádio. Dizem as estatísticas que no Dragão há um núcleo duro de 20 a 25 mil adeptos que são uns ferrinhos, estão lá sempre. Aumentar este número é um desafio que temos de vencer. Pensemos que foi ousando, pensando grande, que chegamos até aqui... partindo de uma situação, talvez, mais difícil da que atravessamos agora. Confiemos que temos gente que saberá dar os passos certos e escolher o melhor caminho para que o F.C.Porto consolide o presente, mas mais importante, tenha um futuro, não um futuro qualquer, um futuro que honre o passado recente e menos recente. Confiemos que vamos arranjar soluções para que no mercado de Inverno, em Janeiro, nenhum dos nossos principais activos tenha de ser transferido.

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