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segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

 

Acreditei e acreditei mesmo e escrevi sobre isso, que, porque é um presidente histórico, carismático, com um currículo sem paralelo e com uma obra notável, logo, um presidente difícil - se quiserem, impossível - de substituir, que o último grande serviço que Jorge Nuno Pinto da Costa prestaria ao FCP, seria criar as condições para que a passagem de testemunho fosse pacífica, natural, sem divisões nem cisões que em 1º lugar prejudicam o FCP e os superiores interesses do FCP estão acima de tudo e de todos. Mas já faz tempo que perdi as ilusões. Apesar de por várias vezes ter dito que não estava agarrado ao lugar, que se Rui Moreira, António Oliveira ou André Vilas-Boas, por exemplo, porque bons portistas - AVB até foi apelidado como alguém tão portista como JNPC, numa entrevista que o actual presidente deu a Fátima Campos Ferreira - e com as capacidades necessárias, se candidatassem, ficaria tranquilo e não se recandidataria, não iria a jogo. Só que, infelizmente, foram apenas palavras, teoria, na prática JNPC não quer sair e aceita muito mal que alguém se atreva a candidatar-se contra ele.


Mas mais e pior, se Jorge Nuno Pinto da Costa não estivesse fechado na sua concha de Deus todo poderoso, em cima do pedestal e embalado pelos cânticos de PC allez, Viva o Rei, Longa Vida ao Rei, tinha percebido os sinais, tinha arrepiado caminho, mudado de estratégia, portado como verdadeiro estadista. Teria apostado em que o próximo acto decorra com toda a tranquilidade - somos todos do FCP -, dizia algo como isto: vou-me recandidatar, se o André ou qualquer outro sócio do FCP que cumpra os preceitos estatutários, também quer ir a jogo, está à vontade, não é nenhuma afronta, falta de respeito, memória, ingratidão, é apenas algo natural, um sinal de vitalidade próprio da grandeza do FCP.
Não foi esse o caminho e agora vemos um clube em convulsão, desunido, dividido, quando era preciso tranquilidade e unidade.

Por isso volto a repetir: um clube com a grandeza do FCP tem de encarar qualquer candidatura às eleições como um sinal de vitalidade própria dessa grandeza. Não foi e nem é preciso repetir a forma como foi encarada a candidatura de AVB, muito diferente das candidaturas de José Fernando Rio e Nuno Lobo. A razão é simples: com toda a simpatia pelos dois candidatos que foram a jogo nas eleições de 2020, a candidatura do treinador da fantástica época 2010/2011 - um dos primeiros sinais de incómodo, foi reduzir essa brilhante época, a que mais e maiores alegrias me deu, apenas ao excelente plantel que o FCP tinha, como se o treinador não tivesse nada a ver com esse estrondoso sucesso -, tem um potencial para fazer mossa que as anteriores não tinham.
Os sinais de incómodo continuaram e o epicentro, foi a convocatória para uma Assembleia Geral Extraordinária de revisão estatutária a poucos meses das eleições, com alguns pontos polémicos e que tiveram o condão de fazer tocar as campainhas junto do portismo. Os sócios mobilizaram-se, milhares marcaram presença e sabemos todos o que aconteceu... Nessa noite foi escrita uma página negra na história do FCP. Comportamentos impróprios antes, durante e no final da AG, sem consequências, sem um pedido de desculpas, sem que os responsáveis do FCP assumissem de forma clara e inequívoca as culpas por tudo o que de mau aconteceu. Na altura disse que nada seria como dantes. E não está a ser. Os cânticos de Pinto da Costa allez, que antes eram encarados com normalidade e não provocavam reacções de hostilidade, agora provocam, são apenas um exemplo. E em vez de se procurar a origem dessa mudança, não, dispara-se contra AVB, o herege, o mau da fita, o culpado de tudo que está a acontecer, apenas porque na sua qualidade de associado se mostrou disponível para ser candidato contra Jorge Nuno Pinto da Costa. Como é possível tamanha ousadia, falta de respeito, memória, ingratidão, dizem os que acham que o bom portista é apenas aquele que exalta JNPC. Quem tem respeito, memória, gratidão, reconhece a extraordinária obra, mas acha que está na hora de mudar, ou quem não aceita que dirigentes já muito bem remunerados recebam prémios de gestão e que prémios - na ordem das centenas de milhar de euros -, mesmo quando o FCP - Futebol, SAD estava sob a alçada da UEFA por violação do fair-play financeiro, consideram que esse comportamento é uma linha vermelha que foi ultrapassada, é mau portista, ou coisa pior...

Portanto importa dizer isto: quando o FC Porto perde dói muito. Dói mesmo. A comida não tem o mesmo sabor, custa a adormecer, nos dias seguintes a má disposição é notória. É uma sensação estranha, mas que os verdadeiros portistas conhecem e sentem. Se não sentem, ou pior, até não se importam que o FCP perca porque dá jeito ao candidato que se apoia, isso não é portismo. Como se pode querer hipotecar aspirações desportivas e financeiras para benefício eleitoral? A política de terra queimada, o quando pior melhor para o nosso candidato, não é ser Porto.
O FCP perdurará e quanto melhor correrem as coisas no momento, a curto prazo, mais fácil será o futuro, seja qual for o candidato que vença as eleições.
Até Abril há muitos jogos para jogar e ganhar, ninguém está dispensado, todos têm  de puxar para o mesmo lado porque o FC Porto precisa de todos. Que haja bom senso e este apontar o dedo e culpas termine definitivamente.
Pela minha parte é isso que tentarei fazer. Depois, seja qual for o veredicto dos sócios nas urnas, o meu portismo e a minha maneira de ser e estar pelo FCP manter-se-à intacta, não mudará em função do vencedor das eleições. 
Se aqueles que agora querem derrotas do FCP porque dá jeito, para mim não são portistas, pensarei exactamente o mesmo daqueles que depois do acto eleitoral e se o seu candidato não ganhar tiverem atitudes e comportamentos semelhantes.

Três notas finais:
A 1ª é uma frase de um amigo e que subscrevo: ser ingrato não é querer a saída de JNPC numa altura que já não faz bem ao clube, ser ingrato é não reconhecer a obra que ele fez.

A 2ª, tudo o que escrevo é de minha inteira e exclusiva responsabilidade. Não sou líder de facção, o único grupo de que faço parte somos apenas 10, todos sócios do FCP e com muitos anos de portismo, todos queremos o melhor para o FCP, alguns comeram o pão que o diabo amassou, mas nunca vacilaram no seu portismo. Também passou muito por gente desta resiliência, por esta capacidade de estar presente e nunca vacilar, a possibilidade de manter a grandeza do FCP intacta e mais tarde ser possível juntar títulos a essa grandeza, em particular no futebol.

A 3ª, podem discordar, podem criticar até com contundência este post, mas não vou aceitar quem não fizer com respeito devido.

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